Como abordar a DAPE? Veja os desafios da prevenção e as formas de tratamento

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A dermatite alérgica a picadas de ectoparasitas (DAPE) é uma das desordens cutâneas mais comuns nas clínicas de pequenos animais. Confira todos os detalhes sobre esse assunto
A dermatite alérgica a picadas de ectoparasitas, a DAPE, acomete uma parcela considerável de gatos e cães. Ela é caracterizada por uma reação de hipersensibilidade a proteínas presentes na saliva de pulgas e carrapatos.
Quando esses ectoparasitas picam os animais para obter nutrientes para a reprodução, depositam por meio da saliva substâncias alergênicas como polipeptídeos, aminoácidos, haptenos, enzimas proteolíticas e anticoagulantes que estimulam o sistema imunológico do pet a gerar reações de hipersensibilidade.
A pulga é o principal ectoparasita desencadeador da DAPE, sendo a Ctenocephalides spp. encontrada na grande maioria dos casos. Já o carrapato de maior importância clínica é o Rhipicephalus sanguineus.
Quais as principais manifestações clínicas da DAPE?
O prurido intenso é característico desta desordem dermatológica. Além disso, o comportamento do animal também pode sofrer alterações, pois ele tentará se livrar da coceira se esfregando em superfícies, móveis e até mesmo no chão, além de apresentar lambedura excessiva em regiões específicas do corpo. Outros sinais são alopecia e crostas na pele do animal. Como a barreira cutânea fica comprometida, infecções secundárias também podem aparecer.
É importante lembrar que o prurido intenso também é a principal manifestação clínica de dermatopatias alérgicas. No diagnóstico diferencial da dermatite alérgica, a DAPE deve ser a primeira possível causa a ser investigada.
Em pacientes que são diagnosticados com atopia e/ou hipersensibilidade alimentar, a DAPE pode agravar as manifestações clínicas. Portanto, em todos os casos, deve ser tratada.
Desafios na prevenção e no controle da DAPE
Um fator que torna um desafio a prevenção e o tratamento da DAPE é a dificuldade no controle das pulgas e carrapatos no ambiente. Para cada pulga adulta que está presente no animal, há diversos ovos, larvas, pupas e adultos recém-emergidos. Uma pulga fêmea adulta pode colocar até 50 ovos por dia. Muitos ficam na superfície do animal, porém muitos caem e se disseminam pelo ambiente, onde o ciclo continua.
Além disso, as pulgas que estão na superfície corpórea do animal representam apenas 5% da população, ou seja, a maioria dos parasitas se encontra no ambiente no qual o animal passa a maior parte do tempo.
Na maioria dos casos, o ciclo da pulga ocorre entre 3 e 4 semanas, mas também pode acontecer em tempo menor ou maior, dependendo das condições ambientais.
Diante de todos esses fatores, outros pets que estejam no mesmo ambiente que o animal com DAPE também devem ser igualmente tratados.
Ainda faz parte dos desafios no que se refere a essa dermatite o fato de alguns tutores afirmarem que seus animais não têm pulgas e carrapatos. Não é simples notar tais ectoparasitas. Os carrapatos, por exemplo, podem entrar em contato com o corpo do animal apenas para se alimentar. Além disso, no caso de pulgas, o tutor pode simplesmente não conseguir visualizar a presença delas no meio dos pelos do animal.
E é preciso uma única picada para desencadear a reação de hipersensibilidade no pet. Portanto, o animal pode, sim, apresentar DAPE mesmo que o tutor não tenha notado a presença de pulgas e carrapatos nele, e o tutor precisa ter tal consciência.
Como tratar a DAPE
Os ectoparasitas podem ser facilmente eliminados do paciente por meio de substâncias químicas presentes em diversos produtos disponíveis atualmente no mercado e que apresentam alta eficácia, sejam de uso tópicos ou orais. Geralmente, é necessária reaplicação mensal para controle efetivo do quadro, e alguns produtos podem fazer efeito por mais tempo, de acordo com o fabricante.
O tutor é sempre um aliado do Médico-Veterinário. É importante, na consulta, demonstrar a aplicação do produto escolhido para o tratamento para que não ocorram erros quando o tutor for aplicar o item no animal em casa.
Outra medida é higienizar as áreas onde o pet passa a maior parte do tempo, como cama ou casinha, roupinhas, carpetes/tapetes e até mesmo o veículo dos tutores.
A terapia farmacológica pode ser adotada para alívio do prurido e controle da reação alérgica enquanto o protocolo para controle de ectoparasitas está sendo implementado.
Felizmente, em muitos animais apenas o uso de produtos ectoparasiticidas são suficientes, não sendo necessária a administração de outros medicamentos
Se o paciente apresentar infecções bacterianas secundárias, antibioticoterapia também pode ser necessária.
Nutrição como aliada no tratamento da DAPE
Além dos tratamentos citados acima, cuidar da alimentação também é fundamental para ajudar animais com DAPE. Esses pets apresentam comprometimento das funções da barreira cutânea. Com a integridade da pele prejudicada, há aumento de permeabilidade e estes pacientes podem desenvolver infecções secundárias e também predispor à entrada de outros alérgenos ambientais no organismo.
Neste contexto entra a nutrição como coadjuvante no tratamento das afecções cutâneas. Cerca de 30% da demanda proteica diária de gatos e cães é direcionada para suportar a rápida renovação celular da pele. Além disso, é comprovado que nestes quadros há diminuição da produção de ceramidas, um dos principais constituintes da barreira cutânea. A nutrição adequada e formulada com aporte extra de nutrientes que agem na pele pode auxiliar na recuperação e bem-estar dos pacientes acometidos com DAPE.
Para ajudar nesse momento, conheça os alimentos ROYAL CANIN® Skin Care Small Dog Adult, formulados exclusivamente para auxiliar na recuperação da barreira cutânea em pacientes acometidos pela DAPE.
Referências bibliográficas
ANDERSON, S. Flea Allergy Dermatitis: What Your Clients Need to Know. Disponível em: https://todaysveterinarynurse.com/articles/flea-allergy-dermatitis-what-your-clients-need-to-know/. Acesso em 08 Out 2020.
HUNTER, T. Flea Allergy Dermatitis in Dogs. VCA Hospitals. Disponível em: https://vcahospitals.com/know-your-pet/allergy-flea-allergy-dermatitis-in-dogs. Acesso em 08 Out 2020.