DAPE: entenda como abordar e quais os principais desafios!

DAPE: entenda como abordar e quais os principais desafios!

Links rápidos:

A dermatite alérgica a picadas de ectoparasitas (DAPE) é uma das desordens cutâneas mais comuns na clínica de pequenos animais. Confira todos os detalhes sobre esse assunto. 

A DAPE, dermatite alérgica a picadas de ectoparasitas, acomete uma parcela considerável de gatos e cães. Um dos principais sinais clínicos apresentado pelo paciente é o prurido intenso, causando grande desconforto, que é resultado de uma reação de hipersensibilidade individual.  

O controle efetivo contra a infestação de ectoparasitas é de grande importância para a prevenção da DAPE, incluindo o controle ambiental, que pode ser consideravelmente desafiador, uma vez que está diretamente relacionado à conscientização dos tutores. Entenda melhor! 

O que é DAPE?

A dermatite alérgica a picadas de ectoparasitas, DAPE, é caracterizada por uma reação de hipersensibilidade a proteínas presentes na saliva de ectoparasitas, principalmente pulgas e carrapatos. 

Quando esses ectoparasitas picam os animais para obter nutrientes para a reprodução, depositam por meio da saliva substâncias alergênicas como polipeptídeos, aminoácidos, haptenos, enzimas proteolíticas e anticoagulantes que estimulam o sistema imunológico do pet a produzir uma resposta, que é realizada através de reações de hipersensibilidade. 

A pulga é o principal ectoparasita desencadeador da DAPE, sendo a Ctenocephalides spp. encontrada na grande maioria dos casos. Já o carrapato de maior importância clínica é o Rhipicephalus sanguineus. Tahir et.al. (2020) relataram, inclusive, a ocorrência de uma reação de hipersensibilidade à picada do mosquito Aedes aegypti em um cão da raça Beagle. 

Sinais clínicos da DAPE 

O prurido intenso é característico da dermatite alérgica a picada de ectoparasitas. Além disso, o comportamento do animal também pode sofrer alterações, pois ele tentará se livrar da coceira se esfregando em superfícies, móveis e até mesmo no chão, além de apresentar lambedura excessiva em regiões específicas do corpo.  

Nem sempre é possível evidenciar a exposição a ectoparasitas através da visualização de pulgas ou carrapatos na pele e pelagem do cão ou gato, ou ainda por meio da detecção de “sujeira de pulgas”.  

Outros sinais desta desordem dermatológica são alopecia e crostas na pele do animal. Como a barreira cutânea fica comprometida, infecções secundárias também podem aparecer. 

Na DAPE, o prurido lombossacral dorsal com dermatite miliar é mais comumente observado, o que não exclui o prurido generalizado e a ocorrência de lesões dermatológicas em outras áreas do corpo do animal.  

Os gatos, por exemplo, podem apresentar placas ou úlceras eosinofílicas, alopecia autoinduzida bilateralmente simétrica, alopecia abdominal ventral (HOBI et.al., 2011).  

DAPE em felinos
Figura 1: Presuntiva hipersensibilidade à picada de mosquito em um gato. FONTE: Pali-Schöll et.al., 2019.

 

Dape em cão
Figura 2: DAPE em um cão, com clássico acometimento da região lombossacra dorsal. FONTE: Pali-Schöll et.al., 2019. 

É importante lembrar que o prurido intenso também é a principal manifestação clínica de dermatopatias alérgicas. No diagnóstico diferencial da dermatite alérgica, a DAPE deve ser a primeira possível causa a ser investigada. 

Além disso, em pacientes que são diagnosticados com atopia e/ou hipersensibilidade alimentar, a DAPE pode agravar as manifestações clínicas. Portanto, em todos os casos, deve ser instituída terapia preventiva para ectoparasitas. 

Principais desafios na prevenção e no controle da DAPE 

A prevenção e controle da DAPE estão diretamente relacionados ao manejo do animal e do ambiente em que ele vive, com intuito de eliminar a presença dos ectoparasitas. Para isso, é necessário que os médicos-veterinários tenham conhecimento sobre o ciclo desses parasitas, o que lhes permitirá adotar e instruir medidas preventivas eficazes contra a ixodiose e puliciose em cada caso. 

Conhecimento dos tutores

A conscientização dos tutores sobre os hábitos de repasto de pulgas e carrapatos, assim como seu ciclo de vida, é um dos desafios no controle da DAPE. Nem sempre será possível notar tais ectoparasitas pelo corpo de seu pet.  

Os carrapatos, por exemplo, podem entrar em contato com o corpo do animal apenas para se alimentar. No caso de pulgas, o tutor pode simplesmente não conseguir visualizar a presença delas no meio dos pelos do animal, por não ficarem fixadas em um determinado lugar. 

Além disso, é importante ressaltar que é preciso uma única picada para desencadear a reação de hipersensibilidade. Portanto, a DAPE pode sim estar presente, mesmo que o tutor não tenha notado a presença de pulgas e carrapatos em seu animal. 

Controle ambiental

Outro fator que torna um desafio a prevenção e o tratamento da DAPE é a dificuldade no controle das pulgas e carrapatos no ambiente. As pulgas que estão na superfície corpórea do animal representam apenas 1-5% da população, sendo o restante representado por ovos, larvas e pupas que estão no ambiente no qual o animal passa a maior parte do tempo.  

O ciclo da pulga geralmente ocorre no solo, entre 3-4 semanas, mas também pode acontecer em tempo menor ou maior, dependendo das condições ambientais. Além disso, as pupas caracterizam uma fase resistente, podem sobreviver no ambiente por até 6 meses e não sofrem ação dos produtos utilizados para o controle ambiental desses ectoparasitas. 

Ciclo de pulgas 

Já os carrapatos, além de resistentes, podem subir no animal apenas para se alimentar, e continuam seu ciclo no ambiente, geralmente em lugares altos, dificultando a ação de controle através do uso de produtos carrapaticidas ambientais.  

Ciclo do carrapato  

Diante de todos esses fatores, outros pets que estejam no mesmo ambiente que o animal com DAPE também devem receber a terapia preventiva contra puliciose/ixodidiose. 

ciclo do carrapato

Tratamento para DAPE

A infestação de pulgas e carrapatos pode ser controlada no paciente por meio de substâncias químicas presentes em diversos produtos disponíveis atualmente no mercado e que apresentam alta eficácia, sejam de uso tópicos (spot-on, coleira) ou orais. Geralmente, é necessário fazer o tratamento por pelo menos 3 meses consecutivos, com o objetivo de ajudar na interrupção do ciclo dos ectoparasitas. 

Dessa forma, pode ser necessário a reaplicação mensal ou o uso de produtos que tenham eficácia comprovada por tempo maior, de acordo a indicação do fabricante. 

Outra medida importante é adotar medidas de controle ambiental, como usar produtos pulicidas e carrapaticidas em áreas onde o pet passa a maior parte do tempo, inclusive em sua cama ou casinha, carpetes/tapetes. Também é importante sempre higienizar roupinhas e brinquedos. 

A terapia farmacológica pode ser adotada para alívio do prurido e controle da reação alérgica enquanto o protocolo para controle de ectoparasitas está sendo implementado. Caso o paciente apresente infecções bacterianas secundárias, a antibioticoterapia tópica e/ou sistêmica também pode ser implementada. 

O papel da prevenção para a saúde e bem-estar do pet

A manutenção contínua da prevenção de ectoparasitas através de um plano personalizado, prescrito por um médico-veterinário, levando em consideração as características individuais de cada pet, é considerada um importante item do manejo de cães e gatos.  

Esse cuidado objetiva assegurar a qualidade de vida e longevidade de nossos pacientes, uma vez que ectoparasitas como pulgas, carrapatos e mosquitos, não apenas causam desconforto físico aos animais e afecções dermatológicas como a DAPE, mas também podem transmitir uma série de doenças graves que afetam essas espécies.  

Dentre as enfermidades preocupantes, destacam-se, entre outras doenças: 

A nutrição como aliada no tratamento da DAPE

Além dos tratamentos citados acima, cuidar da alimentação também é fundamental para ajudar animais com DAPE. Esses pets apresentam comprometimento das funções da barreira cutânea. Com a integridade da pele prejudicada, há aumento de permeabilidade e estes pacientes podem desenvolver infecções secundárias.  

Neste contexto entra a nutrição como coadjuvante no tratamento das afecções cutâneas. Cerca de 30% da demanda proteica diária de gatos e cães é direcionada para suportar a rápida renovação celular da pele. Além disso, é comprovado que nestes quadros há diminuição da produção de ceramidas, um dos principais constituintes da barreira cutânea.  

Logo, a nutrição adequada e formulada com aporte extra de nutrientes que agem na pele pode auxiliar na recuperação e bem-estar dos pacientes acometidos com DAPE. 

A Royal Canin® oferece alimentos completos e balanceados, com nutrientes de alta qualidade, especialmente formulados para cada especificidade dos pets.  

Um grande aliado para ajudar no tratamento da DAPE é o alimento Skin Care Adult Small Dog da Royal Canin®, exclusivamente desenvolvida para o manejo nutricional de cães com pele sensível, auxiliando na neutralização de radicais livres por meio de seu complexo sinérgico de antioxidantes. 

Já o alimento Royal Canin® Hypoallergenic Feline S/O é recomendado para apoiar a saúde da pele e pelagem dos gatos adultos, incluindo fontes selecionadas de proteínas e carboidratos para reduzir a sensibilidade alimentar dos felinos.  

Utilize nossa ferramenta Calculadora para Prescrições e conheça aqui todos os nossos produtos.   

Referência bibliográficas

ANDERSON, S. Flea Allergy Dermatitis: What Your Clients Need to Know. Today´s Veterinary Nurse, 2018. Acesso em: 03 janeiro 2024. 

CARLOTTI, D.N.; JACOBS, D.E. Therapy, control and prevention of flea allergy dermatites in dogs and cats. Veterinary Dermatology, v.11, i.2, 2001. Acesso em: 03 janeiro 2024. 

DIESEL, A. Cutaneous hypersensitivity dermatoses in the feline patient: A review of allergic skin disease in cats. Vet. Sci., v.4, i.2, 2017. Acesso em: 03 janeiro 2024.  

HOBI, S. et.al. Clinical characteristics and causes of pruritus in cats: A multicentre study on feline hypersensitivity-associated dermatoses. Vet. Dermatol., v.22, p.406–413, 2011. 

PALI-SCHÖLL, I. et.al. EAACI position paper: Comparing insect hypersensibility induced by bite, sting, inhalation or ingestion in human and animals. Allergy, v.74, i.5, p.874-887, 2019. 

TAHIR, D.; MEYER, L.N.; LEKOUCH,N.; VARLOUD, M. Aedes (Stegomyia) aegypti mosquito bite hypersensitivity in a dog: a case report. BMC Veterinary Research, v.16, 2020. Acesso em: 03 janeiro 2024.