Vacinas para filhotes de cães e gatos: como definir o protocolo ideal

Links rápidos:
- A importância da vacinação de filhotes
- Principais vacinas para filhotes de cães
- Principais vacinas para filhotes de gatos
- Qual a idade ideal para o início do protocolo vacinal de cães e gatos?
- A importância da vacinação dos pets para a saúde única
- Além da vacinação: demais pontos de alerta para manter a saúde do pet sempre em dia
A vacinação de filhotes é fundamental para a prevenção de enfermidades graves. Conheça mais sobre as vacinas disponíveis e saiba como instituir um protocolo individualizado!
Diversas doenças infectocontagiosas que acometem severamente cães e gatos podem ser prevenidas através das vacinas para estes animais.
Inclusive, a imunização tem um papel bastante importante para a saúde pública, já que pode atuar positivamente para o controle de diversas zoonoses.
Este artigo tem como objetivo esclarecer quais são as principais vacinas para filhotes e como devem ser utilizadas.
A importância da vacinação de filhotes
A vacinação de filhotes de cães e gatos é extremamente importante para garantir a saúde e o bem-estar desses animais, principalmente porque estão numa fase de vida na qual são mais suscetíveis às enfermidades.
É através das vacinas desenvolvidas para cada uma dessas espécies que iremos promover o desenvolvimento do sistema imune, evitando que o animal seja acometido por uma série de doenças infectocontagiosas, inclusive zoonoses (doenças transmitidas entre os animais e os seres humanos) como a leptospirose e a raiva.
Para iniciar um protocolo vacinal, é necessário que o médico-veterinário se certifique de que o paciente esteja saudável e em condições de receber a vacina antes de aplicá-la.
Assim, as vacinas para filhotes começarão a ser administradas a partir do período de vida em que a imunidade passiva (promovida pelos anticorpos maternos) começa a diminuir, permitindo que o sistema imunológico do indivíduo comece a trabalhar para gerar uma resposta efetiva através de seus próprios anticorpos.
Esse período é denominado de janela imunológica, e o filhote só é considerado totalmente imune a partir da última dose do esquema vacinal. Sendo assim, é fundamental conscientizar os tutores de que o seu animal não deve ser exposto a ambientes possivelmente infectados ou a outros animais que não sejam vacinados antes de terminar o esquema vacinal; pois estará sujeito a adquirir alguma dessas afecções por não ter anticorpos suficientes para combatê-la.
Principais vacinas para filhotes de cães
As vacinas para filhotes de cães são classificadas como essenciais e complementares (não essenciais).
As essenciais são as que todos os indivíduos devem receber, promovendo a proteção contra enfermidades graves e/ou fatais. São elas:
- V8 ou V10
- Antirrábica
Já as complementares são aquelas cuja necessidade será apontada pelo médico-veterinário, levando em consideração o estilo de vida do animal (se frequenta parques, creches ou hotéis) e a epidemiologia das doenças na cidade em que ele vive. As complementares são as vacinas contra:
- Giárdia
- Tosse dos canis (Traqueobronquite Infecciosa Canina)
- Leishmaniose
V8 ou V10
A V8 e a V10 são duas opções de vacina múltipla para filhotes de cães, que devem ser administradas em 3 doses, com intervalo de 3 a 4 semanas entre elas.
A V8 promove a prevenção contra as principais doenças infectocontagiosas graves que podem acometer os caninos, como as seguintes:
- Cinomose
- Parvovirose
- Hepatite infecciosa canina
- Parainfluenza
- Coronavirose
- Leptospirose (sorovares canicola e icterohaemorrhagiae).
Já a V10 promove a proteção contra todas as doenças citadas anteriormente, além de mais dois sorovares de leptospirose (pomona e grippotyphosa).
A cinomose, causada por um morbilivírus da família Paramyxoviridae, é altamente contagiosa e se caracteriza por ser uma afecção multissistêmica, que pode atingir o sistema nervoso central, podendo deixar várias sequelas ou levar à morte do animal.
A parvovirose, também considerada muito contagiosa e com alto índice de mortalidade, é acarretada por um vírus da família Parvoviridae (CPV2), que acomete principalmente o trato gastrointestinal, assim como o coronavírus entérico canino.
Por sua vez, o adenovírus canino (CAV1) é o causador da hepatite infecciosa canina, enfermidade que afeta o fígado, os olhos (uveíte) e o endotélio (epitélio de revestimento dos vasos sanguíneos e do coração).
O vírus da parainfluenza canina é um dos agentes da tosse dos canis, atingindo o sistema respiratório e resultando em uma traqueobronquite.
A leptospirose, ocasionada pela bactéria Leptospira, é uma zoonose de caráter endêmico no Brasil, principalmente em regiões chuvosas com risco de enchentes. É uma afecção grave que promove lesões renais e hepáticas.
Vale ressaltar que por não haver estudos suficientes que confirmem a importância dos sorovares pomona e grippotyphosa em infecções pelas Leptospira descritas no país, acredita-se que a V8 pode conferir proteção adequada aos cães. Porém, é importante ressaltar que a V10 é a vacina exigida no atestado de saúde para cães que irão viajar para outros países.
Antirrábica
A raiva é uma zoonose de relevância mundial, caracterizada como uma poliencefalite grave de progressão aguda e fatal, cujo agente causador é um vírus da família Rhabdoviridae. Seu único método de prevenção e de controle de possíveis epidemias é a imunização.
A antirrábica é uma vacina para filhotes de dose única.
Giárdia
A Giardia é um protozoário intestinal capaz de desenvolver um quadro de gastroenterite, com vômitos, diarreia, anorexia e perda de peso. Também é uma zoonose, ou seja, pode acometer animais e humanos.
A soroconversão (desenvolvimento de anticorpos específicos) promovida pela vacina para giárdia pode não ser suficiente para impedir que o animal se infecte, mas garante que ele tenha uma giardíase mais branda, com sinais clínicos leves.
A primeira vacinação de filhotes deve ser feita com 2 doses, respeitando um intervalo de 2 a 4 semanas entre elas.
Tosse dos Canis
A tosse dos canis ou traqueobronquite infecciosa canina, também conhecida como “gripe canina”, é uma doença altamente contagiosa que afeta o sistema respiratório dos cães. Pode ser causada principalmente pela infecção pelo vírus da parainfluenza canina (já presente na V8 e V10) e a bactéria Bordetella bronchiseptica, concomitantemente ou não.
São três os tipos de vacinas para prevenção dessa afecção: injetável, intranasal e oral. A injetável é aplicada em 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas, enquanto a intranasal e a oral são vacinas de dose única.
É importante saber que a resposta imunológica depende da apresentação escolhida, sendo que a intranasal proporciona proteção após 3 a 5 dias da aplicação, ao passo que as vacinas injetável e oral, somente após 21 dias.
Leishmaniose Visceral
A leishmaniose visceral canina, causada pela Leishmania infantum, é uma doença zoonótica bastante significativa na América Latina.
A administração da vacina para filhotes é recomendada em áreas onde a doença é endêmica, e o esquema vacinal só pode ser iniciado após a constatação de que o animal não está contaminado, ou seja, com o resultado negativo da sorologia.
Então, é realizada a primovacinação com 3 doses de vacina para prevenção da Leishmaniose, com intervalo de 3 semanas entre elas.
Principais vacinas para filhotes de gatos
O protocolo de vacinação para filhotes de gatos deve incluir uma das vacinas polivalentes, V4 ou V5, e a vacina antirrábica.
Vamos conferir a proteção que cada vacina múltipla confere e como utilizá-la em um esquema vacinal.
V4 ou V5
A V4 e a V5 são as opções de vacina múltipla para filhotes de gatos, que devem ser administradas em 2 doses, com intervalo de 3 a 4 semanas entre elas.
A V4, ou quádrupla felina, é responsável por evitar as principais doenças infectocontagiosas que podem acometer os felinos, como:
- Panleucopenia
- Calicivirose
- Rinotraqueíte
- Clamidiose
Já a V5, ou quíntupla felina, confere a prevenção de todas as afecções citadas anteriormente, adicionando a proteção contra a leucemia viral felina (FeLV). Porém, ela só deve ser administrada em animais que não apresentam antígenos do vírus detectáveis na amostra sanguínea, ou seja, com sorologia negativa para FeLV.
Agora vamos entender um pouco mais sobre cada doença.
A panleucopenia é uma infecção gastrointestinal aguda, altamente contagiosa e com alta taxa de mortalidade, causada pelo parvovírus felino (FPV).
A rinotraqueíte é causada pelo vírus FHV-1 da família Herpesviridae, caracterizando uma enfermidade no trato respiratório superior dos felinos, assim como a calicivirose. Elas podem levar ao desenvolvimento de severas complicações e prejudicar a qualidade de vida dos gatos.
A clamidiose, cujo agente causador é a bactéria Chlamydia psittaci, pode acometer os sistemas respiratório (rinite, bronquite, bronquiolite), oftálmico (conjuntivite), gastrointestinal e reprodutivo do felino.
Por último e não menos importante, a FeLV consiste em um dos retrovírus mais significativos em gatos, altamente patogênico, que pode infectar a medula óssea e o sistema respiratório.
Antirrábica
A vacinação antirrábica para filhotes de gatos é tão importante quanto para os filhotes de cães, ainda mais pelo fato de que animais dessa espécie apresentam instinto caçador e, em muitos casos, não vivem exclusivamente restritos a um ambiente domiciliar.
Para os gatos, essa vacina também é indicada para administração em dose única, bem como é a única forma de prevenção dessa importante zoonose.
Qual a idade ideal para o início do protocolo vacinal de cães e gatos?
Segundo o FIAVAC/COLAVAC Vaccination Guideline, as vacinas para filhotes de cães e gatos, V8 ou V10/V4 ou V5, podem ser iniciadas entre 6 e 8 semanas de vida, dando sequência às doses de reforço, respeitando o intervalo de 3 a 4 semanas, até que o animal complete 16 semanas de idade ou mais.
Por outro lado, a vacinação antirrábica deve ser feita a partir de 12 semanas de idade.
Com relação às vacinas complementares, indica-se iniciar a primovacinação para giárdia a partir de 8 semanas de vida e para leishmaniose a partir de 16 semanas. A idade para o início do protocolo vacinal para tosse dos canis dependerá da apresentação utilizada, sendo de 6 a 8 semanas para a injetável e a intranasal, e a partir de 8 semanas para a apresentação oral.
A importância da vacinação dos pets para a saúde única
A imunização dos pets através de um protocolo individualizado de vacinas para filhotes desempenha um papel crucial na promoção da saúde única, prevenindo doenças potencialmente patogênicas.
Dessa forma, pode-se promover longevidade e qualidade de vida para os nossos pacientes, contribuindo, inclusive, para o controle de importantes zoonoses e promovendo saúde pública.
Além da vacinação: demais pontos de alerta para manter a saúde do pet sempre em dia
Outros aspectos a serem considerados para a manutenção de um pet saudável são:
- manejo nutricional através de uma dieta balanceada que atenda às necessidades específicas de acordo com a idade, o tamanho e a raça;
- um ambiente seguro e com estímulos interativos que diminuam o estresse e incentivem atividades físicas;
- cuidados básicos para a pelagem e a higiene bucal;
- visitas regulares ao médico-veterinário para check-ups e exames de rotina.
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Referências bibliográficas:
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