Tosse dos canis (traqueobronquite infecciosa canina)

Tosse dos canis (traqueobronquite infecciosa canina)

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Entenda como traqueobronquite infecciosa canina afeta a saúde dos pets, veja como fazer o diagnóstico e formas de tratamento

A traqueobronquite infecciosa canina possui distribuição mundial e é considerada a doença contagiosa mais prevalente nos canídeos. A afecção, também conhecida como tosse dos canis, é altamente contagiosa entre os cães domésticos e, geralmente, é transmitida por meio de aerossóis ou fômites, sendo causada por um ou múltiplos agentes infecciosos (BRITO et al, 2019).

Os principais sinais clínicos observados nos animais acometidos pela doença incluem tosse e secreções nasais e oculares. A sintomatologia pode ocorrer de forma leve ou severa, variando conforme a etiologia da doença e outros fatores, como animais imunossuprimidos, manejo nutricional inadequado, superpopulação de animais, entre outros (BRITO et al, 2019). Alguns cães ainda podem ser assintomáticos ou manifestar sinais inespecíficos.

Diante desse cenário – múltiplos agentes infecciosos e ainda casos de animais sem sinais claros – concluir o diagnóstico de traqueobronquite infecciosa ainda é um desafio para o Médico-Veterinário.

Apesar de geralmente não ser uma doença que cause óbito do pet, há risco de o quadro piorar quando não há o tratamento adequado e quando ocorre o agravamento dos sinais clínicos, evoluindo para a broncopneumonia secundária, por exemplo. Além disso, animais filhotes, idosos, não vacinados ou imunossuprimidos podem ser mais propensos ao desenvolvimento da doença na forma severa (BRITO et al, 2019).

Por isso, mesmo não sendo algo simples, buscar o diagnóstico assertivo é fundamental. Isso, aliado ao tratamento de suporte, ajudará a minimizar os sinais clínicos, proporcionando alívio do desconforto sentido pelo animal acometido até sua total recuperação, diminuindo a possibilidade de agravamento do quadro.

Saiba mais sobre a doença, conheça em detalhes as principais formas de prevenção, os caminhos para fazer o diagnóstico e o tratamento da tosse dos canis.

O que é a traqueobronquite infecciosa canina

A afecção é infectocontagiosa, tendo caráter agudo que acomete o trato respiratório dos cães, principalmente as vias aéreas superiores: laringe, traquéia e brônquios.

A doença é considerada multifatorial. Os agentes infecciosos mais comuns na traqueobronquite infecciosa canina são a bactéria Bordetella bronchiseptica e o vírus da Parainfluenza canina (CPIV). Porém, existem outros agentes que também podem estar envolvidos.

A doença pode ser ocasionada pela presença de um único agente infeccioso ou pelo conjunto de mais de um deles. Alguns outros agentes como os coliformes e outras bactérias como Streptococcus sp., Pasteurella sp. e Pseudomonas sp. podem estar envolvidos, geralmente de forma secundária e elevando o potencial de agravamento da doença, podendo até mesmo evoluir para um quadro de pneumonia secundária (FERNANDES e COUTINHO, 2004).

Predisposição racial e fatores predisponentes

A tosse dos canis é considerada sazonal, pois acomete os cães com maior frequência durante o inverno ou quando a temperatura é mais baixa.

A transmissão ocorre por meio do contato direto entre os cães ou por contato indireto, como por meio de fômites ou pelo ar, através de aerossóis ou pela liberação de secreções respiratórias no ambiente. Os animais que vivem em alta densidade populacional, como em canis e abrigos, são mais susceptíveis à afecção.

O período de incubação pode variar entre 3 e 10 dias (SUZUKI et al, 2008), e o cão acometido pode transmitir a doença para outros animais durante, aproximadamente, duas semanas, principalmente em casos de infecção viral, já que geralmente o período de transmissibilidade ocorre dentro desse prazo. Entretanto, nos casos da presença de Bordetella bronchiseptica, a transmissão pode se prolongar por até três meses ou enquanto não houver a eliminação total do agente no organismo do animal (FERNANDES e COUTINHO, 2004).

A doença pode acometer animais vacinados e também os que não receberam a imunização, sendo que a manifestação de sinais clínicos leves ocorre com mais frequência nos animais que foram devidamente imunizados. Já os cães sem vacinação ou que receberam as vacinas com procedência duvidosa tendem a desenvolver a forma mais grave da enfermidade.

Além disso, não há comprovação científica de que a raça, o porte ou a idade do animal estejam relacionados ao desenvolvimento da traqueobronquite infecciosa canina. Entretanto, os animais considerados mais susceptíveis possuem idade superior a duas semanas de vida (FERNANDES e COUTINHO, 2004).

Principais sinais clínicos

Os animais acometidos pela tosse dos canis podem ter sinais clínicos inespecíficos e de intensidade variável, conforme a etiologia da doença e estado geral de saúde, incluindo (BRITO et al, 2019):

  • episódios agudos de tosse seca/improdutiva e contínua, resultante da irritação dos brônquios, bronquíolos e traqueia;
  • secreção mucolítica nasal;
  • secreção ocular;
  • dificuldades respiratórias/dispneia;
  • movimentos de “mímica de vômito” que podem ser facilmente confundidos com engasgos pelo tutor.

As manifestações clínicas geralmente são brandas e autolimitantes, principalmente quando a doença é causada por um único agente. Nesses casos, o período de recuperação do paciente tende a ser mais rápido, podendo variar entre 7 e 14 dias, aproximadamente.

Porém, quando a infecção ocorre por múltiplos agentes, manifestando-se de forma severa, pode ocorrer o agravamento do quadro, principalmente quando o animal não é vacinado. Nesses casos, a recuperação é prolongada e de prazos variáveis, de acordo com cada paciente.

Diagnosticando a tosse dos canis

Por meio da anamnese, o profissional irá levantar informações essenciais sobre o manejo nutricional do animal, ambiente em que vive, hábitos, histórico de locais frequentados, viagens recentes, situações de estresse, convívio com outros animais/contactantes, histórico de vacinas e outros.

Além da anamnese, o diagnóstico deverá ser complementado por meio da avaliação de sinais clínicos observados no paciente, além de exames complementares.

Entre os exames laboratoriais que confirmam o diagnóstico estão: a citologia da secreção nasal por lavagem traqueobrônquica, o isolamento/cultura bacteriana e o PCR. Além disso, radiografias torácicas, hemograma e outros exames também podem ser solicitados para avaliar as condições gerais de saúde do animal e auxiliar no diagnóstico.

A escolha do melhor conjunto de exames a serem solicitados será definida conforme a avaliação individualizada do Médico-Veterinário em cada caso.

Diagnóstico diferencial

Como vimos nesse artigo, a tosse dos canis pode possuir sinais clínicos inespecíficos, dificultando no diagnóstico. Para obter o diagnóstico diferencial, o Médico-Veterinário deve avaliar e considerar que a tosse de canis é extremamente contagiosa, possuindo período de incubação entre 3 e 10 dias.

Outras doenças e problemas com sinais clínicos semelhantes incluem (BRITO et al, 2019; SUZUKI et al, 2008):

  • colapso de traqueia;
  • bronquiectasia;
  • corpo estranho nas vias aéreas;
  • presença de Filaroides osleri (Oslerus osleri): parasita acomete o trato respiratório;
  • bronquite crônica;
  • pneumonia;
  • edema pulmonar;
  • neoplasias pulmonares.

Tratamento da traqueobronquite infecciosa canina

O tratamento depende da forma da doença. Em casos mais leves, por exemplo, pode não haver necessidade de tratamento de suporte. Normalmente, a doença é autolimitante e a cura ocorre entre 4 dias e 3 semanas. Entretanto, o tratamento para tosse dos canis também inclui o isolamento do animal acometido por, pelo menos, 15 dias como profilaxia para evitar o contágio de outros cães, incluindo a separação de comedouro e bebedouro.

Já os casos moderados ou mais graves requerem terapia de suporte para amenizar os sinais clínicos, evitando o agravamento do quadro. Dependendo de cada caso, o Médico-Veterinário pode prescrever o uso de medicamentos como corticosteróides, antibióticos, broncodilatadores, mucolíticos ou antitussígenos, de acordo com a avaliação individualizada de cada paciente (BRITO et al, 2019).

Casos mais graves e geralmente com afecções secundárias podem necessitar de internação para maior suporte, como oxigenioterapia, fluidoterapia intravenosa e administração de outros fármacos, dependendo do quadro geral de saúde do animal.

Importância da adequação dos manejos

Além dos cuidados citados, o manejo nutricional é imprescindível para a manutenção da saúde do pet que está saudável e também dos pets acometidos, evitando o surgimento de outras doenças oportunistas, principalmente nos animais idosos e imunossuprimidos.

O manejo nutricional correto dos filhotes também é essencial, por estarem em fase de crescimento, na qual necessitam de alimentos completos para o suporte do desenvolvimento adequado. Nesses casos, é necessário o fornecimento de alimentos que contenham em suas formulações a quantidade apropriada de nutrientes como proteína, vitaminas e minerais como cálcio e fósforo.

Embora os filhotes adquiram a imunidade materna através da ingestão de colostro, ainda necessitam fortalecer o sistema imunológico para evitar doenças e infecções por diversos agentes infecciosos, inclusive os causadores da tosse de canis (BRITO et al, 2019).

O manejo nutricional adequado não impedirá que o pet contraia a doença clínica, mas poderá torná-lo menos susceptível ao agravamento dos sinais clínicos, uma vez que o organismo fortalecido estará mais bem preparado para combater a doença e ter uma resposta satisfatória ao possível tratamento proposto (BRITO et al, 2019).

Corroborando com o que foi elucidado, a ROYAL CANIN® possui em seu portfólio várias excelentes opções nutricionais, incluindo alimentos úmidos e secos, para os animais com diversas necessidades, considerando a idade, raça, porte e estilo de vida, como:

  • Alimentos para cães saudáveis: filhotes, adultos, maduros.
  • Cães debilitados, como os acometidos pela forma severa da tosse de canis podem ter dor ou desconforto durante a alimentação e apresentar anorexia, necessitando de um suporte nutricional diferenciado. Uma excelente opção nutricional nesses casos é o alimento úmido Recovery, que possui excelente palatabilidade, auxilia na manutenção do equilíbrio hídrico e fornece alta energia para os animais em recuperação.

Para melhor suporte nutricional de seus pacientes, evitando que a quantidade ou o tipo de alimento seja insuficiente ou até podendo causar sobrepeso e obesidade, sugerimos o uso da Calculadora para Prescrições. Conheça a ferramenta e faça a recomendação ideal ao seu paciente.

Prevenção da tosse dos canis e recomendações aos tutores

As principais formas de prevenção da tosse dos canis visam reduzir a propagação dos agentes infecciosos e incluem (BRITO et al, 2019):

  • fazer uma limpeza completa para a desinfecção do ambiente em que vive o animal. Recomenda-se o uso de água e sabão, além de hipoclorito, clorexidina ou amônia quaternária no local;
  • atentar-se para a ventilação adequada para que o ar circule no ambiente;
  • realizar uma limpeza diária de comedouros e bebedouros;
  • evitar o compartilhamento de comedouros e bebedouros com muitos animais;
  • disponibilizar água filtrada ao animal;
  • fazer quarentena de cães recém-chegados;
  • isolar animais doentes ou que estejam em tratamento contra doenças infectocontagiosas;
  • após ter contato com o animal ou realizar a limpeza das instalações em que o pet vive, o ser humano deve higienizar as suas mãos;
  • evitar a superpopulação de animais em um mesmo ambiente;
  • atentar-se à vacinação.

Embora não obrigatória, atualmente existem imunizantes eficazes contra os principais agentes causadores da doença disponíveis para os cães. A vacina contra a tosse dos canis pode ser requerida em locais como creches, hotéis e em viagens. Nestes casos, o Médico-Veterinário irá avaliar as condições gerais de saúde do animal para estudar a possibilidade de vacinação. Lembrando que a vacinação de animais doentes nunca é recomendada, sendo indispensável uma avaliação de saúde prévia.

Atualmente, existem três tipos de vacinas disponíveis: injetável, intranasal e oral. O protocolo vacinal deve ser seguido de acordo com o tipo de vacina recomendado pelo Médico-Veterinário.

A vacina oral é novidade no Brasil e pode ser utilizada em animais a partir de 8 semanas de vida. Trata-se de uma vacina do tipo atenuada, que visa prevenir infecções por Bordetella bronchiseptica, diminuindo de forma significativa o surgimento e a duração dos sinais clínicos da doença, como tosse, espirros, secreção nasal e ocular, entre outros. Como a absorção é via mucosa oral (devendo ser administrada na “bolsa da bochecha”), não há interferência dos anticorpos maternos, possibilitando seu uso a partir da idade citada.

Além disso, estudos mostram que as vacinas intranasais são mais consistentes quando comparadas às injetáveis, protegendo o animal contra a infecção pelos agentes e também contra a doença clínica. Já as vacinas injetáveis possuem maior potencial de prevenção contra a doença clínica, mas não evitam que os cães sejam infectados pelos agentes, tornando-os portadores virais assintomáticos. Com isso, a transmissão dos agentes causadores a outros cães não é impedida (BRITO et al, 2019).

A ROYAL CANIN® preza pela saúde e qualidade de vida dos pets e, como vimos neste artigo, é essencial fornecer uma nutrição e manejos adequados ao animal desde os primeiros dias de vida. Leia mais sobre cuidados com filhotes e saiba como contribuir ainda mais para a saúde de seus pacientes!

Referências bibliográficas

SUZUKI, Erika Yuri et al. Traqueobronquite infecciosa canina: relato de caso. Rev. Cient. Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça, v. 6, n. 11, p. 1–5, 2008. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/WSi5BDMg5jN7WPf_2013-5-29-12-42-17.pdf. Acesso em: 26 jul. 2022.

FERNANDES, Simone Crestoni; COUTINHO, Selene Dall’ Acqua. Traqueobronquite infecciosa canina: revisão. Rev. Inst. Ciênc. Saúde, v. 22, n. 4, p. 279–285, 2004. Disponível em: https://repositorio.unip.br/wp-content/uploads/2020/12/V22_N4_2004_p279-286.pdf. Acesso em: 26 jul. 2022.

BRITO, Cláudio Santos et al. Traqueobronquite infecciosa canina: revisão de literatura. UNILAGO, São José do Rio Preto, v. 1, n. 1, 2019. Disponível em: https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/227. Acesso em: 26 jul. 2022.