Enriquecimento ambiental para cães e gatos: qual a importância?

Enriquecimento ambiental para cães e gatos: qual a importância?

Links rápidos:

A domesticação dificultou a manifestação dos comportamentos naturais de canídeos e felídeos, mas o enriquecimento ambiental pode ser um excelente aliado para redução do estresse nos pets

Em muitos lares o ambiente em que os animais vivem pode não ser adequado e propício para a manifestação de comportamentos que são naturais e instintivos de cada espécie. Em muitas casas os gatos e cães vivem em pequenos espaços, dificultando ou impossibilitando a manutenção dos mesmos comportamentos que eles exerceriam se vivessem livres na natureza (SCHERK; 2021).

Há diferenças significativas entre os ambientes doméstico e selvagem. Gatos selvagens, por exemplo, têm sua alimentação regulada por fatores como disponibilidade do alimento, sucesso da caça e, consequentemente, disponibilidade de presas (BOWEN; 2018).

Por exemplo, o animal doméstico que vive com seu tutor em um pequeno apartamento recebe a refeição que lhe foi atribuída em seu comedouro. Esse animal não irá caçar para se alimentar, a não ser que tenha livre acesso à rua ou quintal, já que nesses locais pode haver a presença de presas. Muitas vezes, essa privação dos instintos e dos comportamentos naturais dos gatos e cães causam tédio, ansiedade e estresse, que podem estar associados ao surgimento de afecções, comprometendo o sistema imune e a saúde do animal.

Há técnicas importantes e eficientes que contribuem para o atendimento das necessidades psicológicas e etológicas dos animais de diversas espécies, minimizando o estresse, a ansiedade e aumentando o bem-estar e a qualidade de vida (SAMPAIO et al; 2019).

Muitas pessoas associam o enriquecimento ambiental apenas a animais selvagens/silvestres e felinos domésticos. Porém, vale ressaltar que a ação também é extremamente relevante para os cães. Além disso, a maioria dos diferentes tipos de enriquecimento ambiental pode ser adaptada tanto para cães quanto para gatos.

Saiba como o enriquecimento ambiental pode ser uma estratégia assertiva para o bem-estar dos seus pacientes!

O que é enriquecimento ambiental para cães e gatos?

O enriquecimento ambiental consiste em um conjunto momentâneo de atividades individuais ou conjuntas que visam estruturar e modificar os ambientes de diversas espécies de animais, incluindo gatos e cães, com o objetivo de estimular os seus comportamentos naturais e as suas habilidades (SAMPAIO et al; 2019). O fato de ser momentâneo significa que o estímulo deve permanecer apenas por um curto período no local onde o animal vive, ficando disponível tempo suficiente para que haja curiosidade e interação com o enriquecimento ambiental que lhe foi fornecido.

Quando realizada de forma correta, torna-se uma excelente estratégia, visto que proporciona situações apropriadas para a manifestação dos comportamentos caninos e felinos de forma natural. Além disso, o enriquecimento ambiental contribui para a prevenção e tratamento de enfermidades que podem surgir em decorrência de fatores emocionais negativos (ELLIS; 2009).

É o caso da ansiedade generalizada que pode estar associada às doenças do trato inferior felino. Neste caso, o enriquecimento ambiental para gatos poderia minimizar o estresse e a ansiedade do indivíduo e, até mesmo, evitar certas complicações e outros problemas de saúde (ELLIS; 2009).

6 vantagens do enriquecimento ambiental para cães e gatos

O enriquecimento ambiental para cães e gatos proporciona uma melhor qualidade de vida aos animais. Entre os principais benefícios, podemos citar:

  1. Prevenção de comportamentos agressivos e ansiedade.
  2. Aumento da confiança e bem-estar.
  3. Favorecimento do gasto energético.
  4. Estímulo aos instintos e comportamentos naturais.
  5. Favorecimento da agilidade do animal.
  6. Diminuição do medo e agressividade.

Enriquecimento ambiental X Ambientação

O tutor, seguindo as orientações do Médico-Veterinário ou especialista em comportamento canino e felino, pode fazer modificações no ambiente em que o animal vive com o objetivo de aumentar o bem-estar e a qualidade de vida do pet. O enriquecimento ambiental é caracterizado por uma ação de curto tempo, o que não ocorre na ambientação.

  • Enriquecimento ambiental: são alterações ambientais momentâneas. Ou seja, os estímulos permanecem disponíveis para interação animal apenas por algumas horas.
  • Ambientação: são alterações ambientais permanentes ou a médio ou longo prazo. Desta forma, a estrutura ou item escolhido torna-se parte do local no qual o animal vive. Por exemplo: prateleiras, brinquedos, arranhadores geralmente permanecem por longos períodos no local onde um gato vive.

Um bom exemplo de ambientação seria o tutor fornecer uma caixa de papelão para o seu gato ou cão arranhar ou morder e deixá-la no local durante dias, semanas ou meses. Essa mesma situação poderia ser considerada como enriquecimento ambiental para cães e gatos se ocorresse por um período de apenas poucas horas e, ao final, a caixa de papelão fosse retirada do local.

Principais tipos de enriquecimento ambiental para gatos e cães

Há diferentes tipos de enriquecimento ambiental (alimentar, sensorial, social, físico e cognitivo, como veremos a seguir). Eles podem ser usados de formas variadas, associadas ou alternadas, com finalidades distintas considerando as necessidades de estímulos do paciente e conforme cada espécie (HENZEL; 2014).

O enriquecimento ambiental para gatos e cães pode ser alternado em alguns casos, ou seja, pode ser que os tipos de enriquecimento ambiental variem de acordo com os dias da semana para atender as necessidades de cada paciente.

Alimentar

Pode haver estimulação dos comportamentos alimentares típicos da espécie por meio da variabilidade no fornecimento de alimento ao pet. É possível, por exemplo, utilizar outra forma de fornecimento do alimento, como dentro de brinquedos próprios ou dentro de caixas de papelão com grama específica. O Médico-Veterinário poderá auxiliar os tutores em relação à diversidade de opções.

O intuito do enriquecimento ambiental alimentar é oferecer ao animal a oportunidade de caçar o próprio alimento, deixando de lado brevemente o comportamento convencional de se alimentar em potes.

Sensorial

Por meio de incentivos, o ambiente pode ser enriquecido com cheiros, imagens, sons, texturas e de diversas outras formas, a fim de estimular os animais através dos seus sentidos:

  • Olfato: uso de estimulantes olfativos prazerosos, como por exemplo, petiscos escondidos que possam ser encontrados pelo cheiro, uso do Catnip no caso de felinos etc (SCHERK; 2021).
  • Tato: uso de arranhadores, caixas de papelão, tapete de sisal, entre outros, sendo bastante utilizado para felinos.
  • Audição: uso de sons da natureza em volume adequado e outros.
  • Paladar: uso de jogos de caça, alimentos com tamanho e textura diferentes, comedouros interativos e outros (BOWEN; 2018). Este tem uma forte aplicabilidade tanto para cães quanto para gatos.
  • Visão: uso de penas, brinquedos, plataformas de escalada, canetas com luzes apropriadas para estimular a caça etc (SCHERK; 2021).

Social

O enriquecimento ambiental social está relacionado com a interação entre o indivíduo e seus tutores ou outras pessoas. Essa interação também pode ser entre o animal com a própria ou outras espécies de animais (HENZEL; 2014). Deve-se ter cautela quanto ao comportamento dos animais, pois alguns não aceitam com facilidade a presença de outros. Nesses casos, o uso de outras formas de enriquecimento ambiental pode ser mais recomendado.

Físico

Além da importância cognitiva, os recursos para enriquecimento ambiental físico associados aos alimentos menos calóricos e específicos para cada fase da vida e necessidades individuais mantêm os gatos e cães mais ativos, ajudando na prevenção e controle do ganho de peso.

Esses recursos para enriquecimento ambiental físico podem incluir (HENZEL; 2014):

  • Criação de obstáculos, podendo ser facilmente aplicado para cães e para gatos.
  • Montagem de circuitos, sendo mais utilizado para cães.
  • Instalação de prateleiras, estantes, torres e arranhadores, sendo muito utilizado para felinos (lembrando que quando o tempo da ação é prolongado, passa a fazer parte da ambientação).
  • E outros!

Cognitivo

Consiste na adoção de jogos, brincadeiras e brinquedos que envolvam a resolução de problemas para o estímulo mental dos animais. Esses desafios também podem envolver oferecer ao animal alimento apropriado diferente do habitual como forma de premiação, o que deve sempre ser prescrito pelo Médico-Veterinário (HENZEL; 2014).

Recomendações aos tutores

É recomendado que o tutor leve o animal para as consultas periódicas com o Médico-Veterinário, pois o profissional é capacitado para avaliar a saúde geral do pet. Por meio da anamnese, ele irá levantar o histórico do paciente e identificar se houve mudanças comportamentais, além de analisar o estilo de vida..

Cabe ao Médico-Veterinário orientar o tutor sobre todas as necessidades individuais do paciente de acordo com a espécie, questões médicas e cuidados preventivos de saúde e também sobre as necessidades ambientais. Neste caso, deve-se ressaltar a importância do enriquecimento ambiental para o paciente e recomendar os tipos mais adequados, como deverá ser realizado e sua periodicidade (ELLIS et al; 2013).

A correta realização do enriquecimento ambiental é imprescindível, pois em caso de falhas, poderão ser estimuladas respostas indesejáveis ao tutor ou gerar outros problemas, como a ansiedade de separação, que pode acometer tanto os cães como os gatos. Porém, como já citado anteriormente, quando feita de forma correta, a técnica pode reduzir os impactos negativos causados por desordens emocionais, proporcionando mais qualidade de vida e bem-estar ao animal.

Como vimos, o enriquecimento ambiental está diretamente relacionado ao controle dos índices de estresse dos gatos e cães. Sabe-se que várias enfermidades e comportamentos indesejados estão associados a situações ambientais estressantes (ELLIS et al; 2013).

No entanto, o manejo nutricional adequado é indispensável para o controle do peso e para a manutenção da saúde do animal. Isso evita as possíveis complicações de afecções que podem ser associadas ao estresse, além da obesidade e diversos outros problemas que podem enfraquecer o sistema imunológico, corroborando para o surgimento de doenças oportunistas.

Pensando nisso, a ROYAL CANIN® oferece uma linha completa e balanceada de alimentos que foram cuidadosamente desenvolvidos para gatos e cães de todas as raças, idades e estilos de vida.

Acesse o portfólio completo de alimentos secos e úmidos e utilize a ferramenta gratuita Calculadora para Prescrições, para auxiliar nas recomendações de manejo nutricional dos seus pacientes.

Referências bibliográficas

BOWEN, John. Feeding behavior in cats. 2018. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/feeding-behavior-in-cats. Acesso em: 17 jan. 2023.

JOHNSON, Ingrid. Feline feeding toys. 2019. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/feline-feeding-toys. Acesso em: 17 jan. 2023.

SCHERK, Margie. Optimizing an indoor lifestyle for cats. 2021. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/optimizing-an-indoor-lifestyle-for-cats. Acesso em: 17 jan. 2023

HENZEL, Marcelo da Silva. O enriquecimento ambiental no bem-estar de cães e gatos. Monografia. Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/104884. Acesso em: 17 jan. 2023.

SAMPAIO, R. A. G. et al. Behavioral assessment of shelter dogs submitted to different methods of environmental enrichment. Ciência Rural, v. 49, n. 1, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20180181. Acesso em: 17 jan. 2023.

ELLIS, Sarah L.H. Environmental enrichment: Practical strategies for improving feline welfare. Journal of Feline Medicine & Surgery, v. 11, n. 11, p. 901-912, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jfms.2009.09.011. Acesso em: 17 jan. 2023.

ELLIS, Sarah L. H et al. AAFP and ISFM Feline Environmental Needs Guidelines. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 15, n. 3, p. 219-230, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1098612X13477537. Acesso em: 18 jan. 2023.