7 doenças em filhotes de cães e o papel do Médico-Veterinário na saúde do pet

7 doenças em filhotes de cães e o papel do Médico-Veterinário na saúde do pet

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Visando a prevenção e diagnóstico precoce de diversas doenças, é fundamental que o Médico-Veterinário acompanhe o desenvolvimento dos filhotes

Diversas patologias, com origem infecciosa ou não, podem afetar a saúde dos filhotes de cães, sendo algumas capazes até mesmo de levar o animal a óbito.

É importante que o Médico-Veterinário conheça as doenças que podem afetar os filhotes, uma vez que algumas podem possuir causas multifatoriais. Além disso, parte dessas afecções são consideradas graves em filhotes, sendo essencial um diagnóstico precoce para um melhor prognóstico. Deve haver também cautela e preparo para lidar com possíveis doenças em filhotes que possam ter potencial zoonótico.

Diante disso, fica clara a relevância da temática para o Médico-Veterinário, que deve estar pronto e muito atento para fornecer o suporte necessário para que os filhotes tenham crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Veja neste artigo algumas das principais doenças em filhotes de cães e como preveni-las.

A importância em prevenir e identificar doenças em filhotes precocemente

Cuidar da saúde de neonatos e filhotes é essencial para o desenvolvimento saudável do pet. Nesse começo de vida eles estão mais suscetíveis a doenças, por exemplo. E quanto antes uma possível afecção for diagnosticada, maiores as chances de um tratamento de sucesso e um animal saudável no futuro.

Sabe-se que, logo após o nascimento, os filhotes devem ingerir o colostro, que é fundamental para sua imunidade, elevando os níveis de anticorpos durante as primeiras semanas de vida. Posteriormente, a proteção deverá ser reforçada com as vacinas, como veremos adiante.

Por volta da 4ª semana de vida, inicia-se o período conhecido como janela imunológica (imagem 1). Nesse momento, ocorre o declínio da imunidade passiva e o filhote, que ainda não possui o sistema imunológico totalmente formado, fica mais frágil e suscetível a doenças.

Após o início do protocolo vacinal, inicia-se a soroconversão e, então, o filhote tende a alcançar um nível satisfatório de imunidade com aproximadamente 3 meses de idade, depois do término do protocolo vacinal.

Janela imunológica
Imagem 1: Janela imunológica em detalhes

Seguir corretamente o protocolo vacinal é uma das medidas mais eficazes de prevenção contra diversas doenças infecciosas e também algumas importantes zoonoses. Além disso, a vacinação correta proporciona longevidade, saúde e bem-estar ao pet.

Conheça mais sobre pontos críticos na saúde de filhotes!

Além da vacinação, há outros pontos essenciais que contribuem para prevenir doenças em filhotes. Entre eles, podemos citar: manejo nutricional; manejo ambiental, evitando a superpopulação de animais ou contatos com indivíduos não vacinados; realização do protocolo de vermifugação conforme orientação do Médico-Veterinário; controle do acesso do pet à rua; entre outros.

7 doenças em filhotes de cães relevantes na clínica veterinária

Entretanto, mesmo com as vacinas em dia e os manejos adequados, o filhote pode ser acometido por alguma afecção. Vejamos a seguir algumas das afecções mais importantes e comuns que podem acometer filhotes de cães.

1. Diarreia do desmame

A diarreia do desmame possui origens multifatoriais e é uma das afecções que pode afetar a saúde e desenvolvimento dos filhotes. As causas da doença podem ser infecciosas e não-infecciosas, podendo ser simultâneas e gerando portanto prejuízos para a saúde do trato gastrointestinal do filhote do cão.

O parvovírus canino tipo-2 é considerado um dos principais agentes envolvidos na diarreia do desmame, e o filhote acometido pode ou não apresentar sinais sistêmicos graves.

A diarreia pode causar desidratação severa nos animais e, quando acomete filhotes, o agravamento pode ocorrer de forma mais rápida, já que possuem um metabolismo mais acelerado e imunidade mais baixa dependendo da idade, protocolo vacinal e outros fatores. Portanto, deve ser devidamente tratada de acordo com a necessidade individual de cada caso.

A prevenção pode ser realizada através da implementação de protocolos de profilaxia e manejos para a manutenção da saúde dos filhotes.

Conheça em detalhes a diarréia do desmame e saiba como prevenir e tratar!

2. Dermatofitose

A dermatofitose é uma doença causada por um fungo queratinofílico que acomete o tecido cutâneo de forma superficial (extrato córneo da epiderme, pelos e unhas). Geralmente, a doença não causa prurido, que pode ocorrer em casos de infecções concomitantes. Já as lesões podem ter diferentes apresentações, como:

  • lesões geográficas, irregulares, sendo localizadas ou não;
  • lesões iridiformes ou presença de queda de pelo em “pincel”;
  • alopecia, formação de crostas e escamas (por lesões “sujas”).

Além disso, os animais acometidos podem ainda ser assintomáticos.

Muitos fatores favorecem o desenvolvimento da dermatofitose, como animais imunossuprimidos; cães com pelagem longa, com comportamento agressivo e territorialistas (que acabam se envolvendo em brigas com outros animais); que tenham contato com ambientes externos ou com indivíduos contaminados, entre outros pontos.

Embora geralmente não cause sérios problemas para a saúde do pet, a dermatofitose possui caráter zoonótico. Sendo assim, é essencial pensar na prevenção e no manejo adequado do paciente, uma vez que a transmissão ocorre por diversos meios (diretos e indiretos) e trata-se de uma doença altamente contagiosa.

Saiba mais sobre a dermatofitose em gatos e cães e conheça outros distúrbios cutâneos que podem afetar os filhotes de cães.

3. Giardíase

A giardíase possui alto potencial zoonótico e é uma das principais parasitoses que acometem o trato gastrointestinal dos filhotes de cães.

Também é uma doença altamente contagiosa, e a transmissão ocorre pela via oral-fecal, a partir da ingestão de água e alimentos contaminados pelos cistos do protozoário flagelado e unicelular Giardia spp., da família Hexamitidae. Sabe-se que há cerca de nove espécies do gênero Giardia atualmente, que infectam não apenas os cães, mas outros mamíferos, além de aves, répteis e outros (MORAES et al, 2019).

A doença acomete com maior frequência os filhotes ou animais jovens, s imunossuprimidos ou aqueles vivem em locais com superpopulação de animais e condições de higiene precárias. Esses pets podem ser assintomáticos ou manifestar sinais clínicos nas formas aguda ou crônica, com variabilidade nos graus dos sinais clínicos apresentados.

Mesmo após o diagnóstico e a devida realização do tratamento, os cistos podem reinfectar o animal, já que são muito resistentes ao ambiente. Portanto, a adequação dos manejos visando a prevenção da doença é muito necessária.

Veja todos os detalhes sobre a giardíase e outras doenças em filhotes causadas por parasitas.

4. Parvovirose

A parvovirose canina é uma grave afecção causada pelos vírus da família Parvoviridae que acomete o trato gastrointestinal dos filhotes. É mais uma enfermidade considerada altamente contagiosa, já que a transmissão ocorre por via oronasal e também por meio das fezes, ambientes contaminados e fômites.

Após o desmame, no período neonatal, os cães apresentam maior susceptibilidade para a infecção pelo CPV-2 e é necessário ajustar o manejo nutricional para suprir as altas demandas energéticas e nutricionais dos filhotes, de modo que o indivíduo seja capaz de desenvolver a própria proteção imunológica.

Embora todos os cães possam ser acometidos, algumas raças podem ter maior predisposição genética à parvovirose canina, por exemplo Pastor Alemão e Labrador Retriever, além de outras. Por isso, seguir corretamente o protocolo vacinal é a forma mais eficaz de prevenção da doença. As vacinas V8 e V10 são indicadas para a prevenção dessa e de outras doenças em filhotes de cães!

Também deve-se ajustar o manejo nutricional do filhote para suprir as altas demandas energéticas e nutricionais de acordo com cada fase da vida do animal.

Quando não há tratamento adequado, é possível que ocorra o agravamento da doença com graves complicações no quadro, podendo desencadear distúrbios hidroeletrolíticos, desidratação severa, desnutrição, infecções secundárias, sepse e até mesmo o óbito do paciente (SANTANA et al, 2019).

Conheça em detalhes a parvovirose canina e saiba como prevenir e tratar!

5. Traqueobronquite infecciosa canina

Outra doença que é muito relevante na clínica de pequenos animais é a traqueobronquite infecciosa canina, que acomete o trato respiratório dos cães, principalmente as vias aéreas superiores.

Essa doença contagiosa e multifatorial é transmitida por contato direto ou indireto entre os cães, como por exemplo por meio de aerossóis, secreções nasais ou fômites.

Os animais acometidos podem apresentar tosse, secreções nasais e oculares, com sinais clínicos leves a severos. Filhotes, idosos, animais não vacinados ou imunossuprimidos possuem mais chances de desenvolverem a doença na forma mais severa.

Apesar disso, a tosse dos canis é considerada sazonal, pois frequentemente acomete os cães quando a temperatura é mais baixa, geralmente durante o inverno e épocas frias do ano.

Veja os principais aspectos da traqueobronquite infecciosa canina (Tosse dos Canis).

6. Obesidade

O cão que atinge entre 15 e 20% de peso acima do ideal já é classificado como obeso. Esse excesso de peso na fase de filhote predispõe o indivíduo à obesidade também na fase adulta.

Geralmente, a obesidade pode estar associada a outros problemas, como doenças endócrinas, osteoarticulares e outras. Também afeta o sistema imune, elevando o risco de infecções e, consequentemente ,comprometendo a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida do filhote durante o período de crescimento e desenvolvimento.

Para prevenir a obesidade é imprescindível fazer o ajuste do tipo de alimento fornecido ao pet, assim como o número de refeições diárias e a quantidade de alimento, conforme cada etapa do crescimento do animal.

O Médico-Veterinário também deve orientar o tutor sobre a realização de atividades físicas e ações que evitem o sedentarismo e ganho de peso em excesso.

Saiba como prevenir a obesidade em filhotes de cães!

7. Distúrbios comportamentais: coprofagia

A coprofagia é caracterizada pela ingestão das próprias fezes ou ainda dos excrementos de outros animais.

O hábito da coprofagia pode ter muitas causas: comportamentais, fatores genéticos e hereditários, verminoses, deficiências digestivas, subnutrição, entre outras. Os filhotes podem, por exemplo, ingerir as fezes da mãe com o intuito de compor a microbiota intestinal e suprir as deficiências de nutrientes.

Identificar a causa primária da coprofagia é de suma importância para propor o tratamento assertivo e correções de manejo, pois as fezes ingeridas pelo animal podem conter parasitas capazes de gerar infecções, comprometendo a saúde do filhote.

Conheça em detalhes a coprofagia e saiba como manejar o paciente que apresenta o comportamento.

Recomendações aos tutores e adequação de manejos

Como já vimos neste artigo, a realização do protocolo vacinal completo é essencial para obter proteção contra algumas importantes afecções. As principais vacinas recomendadas para os filhotes são:

  • V8: protege contra cinomose, hepatite infecciosa canina, parainfluenza, parvovirose, coronavírus canino e leptospirose (sorovares Canicola e Icterohaemorrhagiae).
  • V10: protege contra as mesmas doenças da V8 e mais dois sorovares de leptospira (Grippotyphosa e Pomona).
  • Antirrábica: protege contra a raiva – importante zoonose que pode levar animais e humanos ao óbito.

Visando evitar pulgas e carrapatos, que transmitem verminoses e outras doenças, o animal deve receber o protocolo de vermifugação conforme avaliação e recomendação do Médico-Veterinário.

Além disso, o Médico-Veterinário deve orientar o tutor sobre:

  • manejo nutricional: oferecer alimentos balanceados de acordo com cada etapa de desenvolvimento do pet;
  • temperatura ambiental: o animal não deve ser exposto em ambientes frios ou com temperaturas elevadas e a ventilação deve ser apropriada e sem correntes de vento;
  • higienização do ambiente: cama, almofadas, cobertores, comedouros e bebedouros devem ser limpos corretamente;
  • castração: procedimento pode diminuir o comportamento territorialista, minimizando a ocorrência de brigas e, consequente, transmissão de diversas doenças entre os filhotes e também animais adultos;
  • rotina de consultas: o tutor deve levar o pet ao Médico-Veterinário para a realização de exames de rotina e de acordo com cada caso.

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Referências bibliográficas

LOPES, Camila Aparecida; DANTAS, Waleska de Melo Ferreira. Dermatofitose em cães e gatos – revisão de literatura. Anais VIII SIMPAC, v. 8, n. 1, p. 292-297, 2016. Disponível em: https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/view/657. Acesso em: 03 out. 2022.

MORAES, Lívia Fagundes et al. Estudo retrospectivo e comparativo da prevalência de Giardia sp. em cães, gatos e pequenos ruminantes em áreas endêmicas em diferentes estados brasileiros. Acta Scientiae Veterinariae, São Paulo, p. 1–10, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/vti-19706. Acesso em: 05 out. 2022.

SILVA, ngela Pezarini; PREZOTO, Helba Helena Santos. Coprofagia canina: uma questão fisiológica ou comportamental?. UniAcademia, Biológica – Caderno do Curso de Ciências Biológicas, Juiz de fora, v. 3, n. 01, p. 1-15, 2020. Disponível em: https://seer.uniacademia.edu.br/index.php/biologica/article/view/3019. Acesso em: 07 out. 2022.