Hérnia umbilical em gatos e cães: entenda a importância do diagnóstico

Hérnia umbilical em gatos e cães: entenda a importância do diagnóstico

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A hérnia umbilical é uma complicação geralmente identificada em animais ainda filhotes e que pode ser ocasionada por uma série de fatores diferentes. Caracterizada por uma complicação no fechamento da camada muscular abdominal, ela pode ter consequências que vão desde o encarceramento de alças intestinais até a necrose.   

O que é hérnia umbilical? 

A hérnia umbilical ocorre quando há extravasamento de porções do conteúdo abdominal (órgãos e/ou gorduras) através de uma abertura na parede muscular localizada na região do umbigo, o anel umbilical.   

Ela pode variar de tamanho e conteúdo, pois pode conter apenas gordura falciforme ou omento. Em casos mais graves, há evisceração e estrangulamento do intestino. Mais comumente, é o omento que fica preso em uma pequena hérnia umbilical de machos e fêmeas de cães ou gatos pediátricos. 

Localização da hérnia umbilical em cães
Localização da hérnia umbilical (Adaptado de Fossum, 2019)

Quais são os tipos de hérnia? 

A definição de uma hérnia verdadeira inclui um anel de hérnia e um saco herniário com conteúdo. A hérnia da parede abdominal ocorre quando há defeito na parede externa do abdome, o que permite a protrusão do conteúdo abdominal.  

São comuns em todas as espécies domésticas e incluem hérnia umbilical e hérnia inguinal ou escrotal.  

Uma hérnia pode ser classificada como direta (através de um rasgo na parede do corpo) ou indireta (através de um anel já existente, como o anel inguinal ou anel umbilical). A hérnia congênita tende a ser indireta.  

O que causa o surgimento da hérnia umbilical em gatos e cães? 

A hérnia umbilical geralmente possui causa congênita sendo causada por uma embriogênese defeituosa. 

Durante a embriogênese, os vasos umbilicais, o ducto vitelino e o pedúnculo do alantóide passam pelo anel umbilical do feto. Essa abertura deve fechar no nascimento, formando uma cicatriz umbilical. Nos casos em que a abertura não fecha, é muito grande ou mesmo com má formação, isso ocasiona a hérnia umbilical. 

A condição é geralmente congênita e acredita-se que seja hereditária. A raça Cornish Rex é listada como a de maior incidência para hérnia umbilical em gatos. Entre os cães, as raças Weimaraner, Pequinês, Basenji e Airedale Terrier são algumas das que apresentam maior incidência para a complicação.  

Em muitos casos, a hérnia umbilical pode ocorrer concomitantemente em cães com criptorquidia. Não há dados que confirmem esta associação para felinos. Porém, a ocorrência de outras anomalias congênitas concomitantes deve ser avaliada pelo médico-veterinário. 

Principais sinais clínicos 

Embora o defeito ou anel de hérnia umbilical esteja presente desde o nascimento do animal, a hérnia pode se manifestar até mais tarde na sua vida.  Uma pequena hérnia umbilical geralmente não é notada até que o animal seja examinado durante sua primeira consulta, ou mesmo quando é feita a primovacinação com um médico-veterinário. 

A complicação geralmente se manifesta como uma tumefação ou massa inofensiva, sendo caracterizada como inodora, macia e arredondada, localizada na região abdominal ventral, na cicatriz umbilical.  

A palpação profunda da massa, ao reduzir o conteúdo para a cavidade abdominal, permite que o médico-veterinário identifique o tamanho do anel umbilical e infira sobre o conteúdo herniário. O anel herniário pode não ser palpável em alguns animais, já que se fecha após a herniação da gordura falciforme ou omento. 

É importante o médico-veterinário verificar se, simultaneamente com estas características, o saco umbilical está quente ou dolorido, além de checar se o conteúdo é irredutível. Isso porque, nestas circunstâncias, deve-se suspeitar que intestinos ou outras estruturas abdominais de estrangulamento ou obstrução intestinal fazem parte do quadro.  

Neste caso, o animal pode apresentar quadro de vômito, dor abdominal, anorexia e/ou depressão, sendo necessário encaminhamento cirúrgico para a correção da hérnia umbilical. 

Etapas do diagnóstico 

O processo de diagnóstico de hérnia umbilical consiste em anamnese, exame clínico e realização de exames complementares.  

Muitas vezes, a hérnia umbilical pode ser diagnosticada por acaso, durante o exame clínico para primovacinação. Durante a anamnese, o tutor pode relatar que desde filhote o animal apresenta uma pequena massa e que, quando manipulada, pode sumir; ou somente uma massa pequena, persistente e que não muda de tamanho.  

Dentre os exames complementares, ultrassonografia e radiografia podem ser realizadas em animais com hérnia abdominal. A radiografia abdominal confirma uma hérnia (por meio da visualização, por exemplo, das alças intestinais subcutâneas e perda da faixa abdominal ventral) quando o defeito da parede abdominal não pode ser palpado devido ao inchaço ou dor.  

O exame geralmente não é indicado em casos de hérnia umbilical pequena, sendo, nestes casos, indicada a ultrassonografia para auxiliar na definição do conteúdo da hérnia, pois permite diferenciar o omento de intestino aprisionado, que tem uma aparência entérica típica. 

Como forma de diagnóstico diferencial para algum inchaço abdominal, o médico-veterinário deve considerar abscesso, celulite, hematoma ou seroma e neoplasia. É preciso ter atenção para não confundir a hérnia umbilical com a hérnia abdominal cranial congênitas (ou a hérnia supra umbilical).  

A maioria dos casos de hérnia umbilical não muda de aparência após a libertação do cordão umbilical, permanecendo inofensiva durante toda a vida do animal. Contudo, os tutores devem ser alertados para procurar atendimento com o médico-veterinário se a hérnia desenvolver alterações como o aumento de tamanho, de firmeza e de coloração, uma vez que estes sinais podem indicar um encarceramento iminente (aprisionamento de órgãos ou tecidos) ou estrangulamento (perda de viabilidade do conteúdo devido a circulação suspensa).  

Hérnia Umbilical: o tratamento é exclusivamente cirúrgico? 

A escolha do tratamento de animais com hérnia umbilical é orientada de acordo com a gravidade do quadro. Caso o diagnóstico inicial seja de quadro de choque e lesões internas concomitantes decorrentes da hérnia (que representam risco a vida do paciente), o tratamento cirúrgico imediato se faz necessário.  

O aparecimento do conteúdo herniário geralmente não resulta em grandes problemas a curto prazo, o que permite que o reparo seja adiado até que o paciente fique mais velho. Porém, o fechamento cirúrgico do defeito da parede corporal ainda é indicado na maioria dos casos, para diminuir o risco de encarceramento intestinal futuro.  

Na maioria dos quadros de hérnia umbilical em animais jovens há resolução espontânea, ou o defeito é pequeno e não corrigida até que o animal seja castrado. O médico-veterinário deve acompanhar a evolução da condição durante as consultas de vacinação, pois o fechamento espontâneo pode ocorrer até os 6 meses de idade.  

Porém, se o defeito for grande o suficiente para permitir a herniação das alças intestinais, ou caso esta seja a constatação durante o exame clínico, a hérnia umbilical deve ser tratada independentemente da idade, devido risco de complicações.  

O estrangulamento das alças intestinais pode causar problemas graves, como restrição do fluxo sanguíneo para o intestino, e o bloqueio intestinal pode ameaçar a vida do animal.  Uma vez feito diagnóstico de hérnia umbilical com encarceramento de órgãos, o paciente deve ser estabilizado, sendo recomendada a realização de fluidoterapia de suporte, analgesia e antibioterapia.  

Quais complicações podem ocorrer em quadros de hérnia umbilical em cães e gatos? 

A principal complicação é a ocorrência de estrangulamento intestinal, sendo mais provável quando o defeito herniário é aproximadamente do tamanho do intestino e o saco herniário é grande. O estrangulamento é improvável em defeitos muito pequenos ou muito grandes. Se as vísceras abdominais na hérnia não puderem ser reduzidas, a cirurgia deve ser realizada o mais rápido possível. 

A evolução clínica dos pacientes acometidos depende do grau de obstrução ou encarceramento, e também se houve translocação de bactérias e toxinas pelo tecido comprometido. Caso haja ruptura subsequente, isso causará rápida toxemia e septicemia. Pacientes gravemente comprometidos podem descompensar e morrer sob anestesia durante tentativas de redução cirúrgica e reparo de hérnias estranguladas.  

A ressecção em bloco do tecido herniado desvitalizado, com liberação do anel constritor após a oclusão do suprimento vascular, pode ajudar a reduzir essa complicação fatal. E normalmente o procedimento cirúrgico para a reparação de hérnia umbilical não requer a implantação de tela para assegurar a resolução. 

Após o reparo da hérnia umbilical bem-sucedido, as complicações são incomuns e o prognóstico é excelente. Em quadros em que o intestino está herniado e há necrose e necessidade de enterectomia, é preciso assegurar que o animal receba uma dieta completa e balanceada, a fim de minimizar o risco de subnutrição após casos de enterectomia. 

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Referências Bibliográficas 

Fossum,  T.W. Small Animal Surgery, Fifth Edition, 2019. 

Nelson, R. W., Couto, C.G. Small Animal Internal Medicine, 6th ed. Elsevier – Health Sciences Division, 2019. 

Pratschke, K.M. Abdominal wall hernias and ruptures in Feline Soft Tissue and General Surgery, 2014. 

Roberts, J. N. Hernia in Animals, 2023. Acesso em: 05/07/2023 

Smeak, D. D. Abdominal Wall Reconstruction and Hernias in:  Veterinary Surgery: Small Animal, 2nd Edition. Elsevier, 2018. 

Smeak, D. D. True Abdominal Hernias in: Small animal surgical emergencies, 2nd Edition. Wiley-Blackwell, 2022.