Obesidade em filhotes de cães: como prevenir

Obesidade em filhotes de cães: como prevenir

Links rápidos:

Um filhote obeso possui maior tendência de tornar-se um adulto obeso. O manejo nutricional adequado desde o período gestacional e o acompanhamento regular do peso do filhote pelo Médico-Veterinário são maneiras eficazes de prevenir o sobrepeso ou a obesidade em filhotes de cães; veja em detalhes*

A obesidade ou o sobrepeso acomete pelo menos 1 em cada 3 cães. Cerca de 50% dos cães nessas condições podem ter, além da obesidade, outras doenças associadas, como osteoartrite e doenças cardiorrespiratórias, representando importante relevância na clínica de pequenos animais (LECLERC et al; 2017).

Um levantamento realizado nos Estados Unidos pela Association for Pet Obesity Prevention em 2014 constatou que 53% dos cães estavam acima do peso, sendo que cerca de 95% dos tutores consideravam o peso do pet normal. O dado representa um número relativamente elevado e devemos levar em consideração fatores e características regionais que podem contribuir para esse cenário. Porém devemos considerar o sinal de alerta para ressaltar a importância do papel do Médico-Veterinário na disseminação de conhecimento e, consequentemente, na educação dos tutores para que esses casos sejam evitados.

Um cão pode ser classificado como obeso de acordo com o percentual de excesso de tecido adiposo. Quando ele fica até 30% acima do peso corporal ideal, já é considerado sobrepeso. A partir desse percentual é considerado obeso. Os cães obesos geralmente possuem um desequilíbrio positivo entre a ingestão e o gasto de energia, ou seja, a ingestão energética é maior que o gasto.

E apresentar sobrepeso nos primeiros estágios da vida é preocupante. A obesidade nos filhotes de cães pode prejudicar o crescimento e o desenvolvimento saudável, afetar a qualidade de vida e também reduzir a expectativa de vida do animal (LECLERC et al; 2017).

A prevenção da obesidade em filhotes deve ser feita ainda durante a gestação. Estudos mostram que a gestante obesa ou com sobrepeso pode contribuir para que a prole tenha um índice de massa corporal (IMC) elevado. Os neonatos com excesso de peso ao nascimento e durante o crescimento possuem risco mais elevado de serem cometidos pela obesidade durante a fase adulta (LECLERC et al; 2017).

Confira neste artigo os principais detalhes sobre a obesidade em filhotes de cães e saiba como orientar os tutores dos seus pacientes de forma assertiva para prevenir o ganho excessivo de peso e outros problemas!

Principais fatores de risco para a obesidade em filhotes de cães

As causas da obesidade em animais domésticos normalmente possuem origens multifatoriais, sendo geralmente associadas ao manejo nutricional inadequado e também a redução do gasto energético, favorecendo o acúmulo de tecido adiposo (JERICÓ; 2017).

Os principais fatores de risco para o surgimento da obesidade em filhotes de cães incluem (JERICÓ; 2017):

  • fatores raciais: os animais das raças Basset Hound, Beagle, Cocker Spaniel, Dachshund e Labrador apresentam maior predisposição à obesidade;
  • fatores poligênicos: os genes ob/ob, db/db e fat/fat determinam a síntese e atuação de ligantes neuroendócrinos e de adipocinas;
  • fatores neuroendócrinos, centrais e periféricos: o neuropeptídeo Y (NPY) e o sistema melacortínico (a-MSH, os receptores MCR4 e MCR3) controlam o apetite e a taxa metabólica;
  • fatores ambientais: a falta de brinquedos e de enriquecimento ambiental, além da ambientação inadequada e da restrição de espaço, promovem o sedentarismo. A falta de interação com outros filhotes, animais e o próprio tutor, além de gerar estresse e ansiedade, também contribui para que o animal se torne sedentário;
  • fatores socioeconômicos: os tutores com menor poder aquisitivo podem ter menos acesso à informação e à educação. Além disso, tendem a oferecer alimentos de qualidade pouco satisfatória aos pets, predispondo à obesidade e outras afecções;
  • castração: a ausência dos estrógenos e andrógenos resulta em aumento do apetite e redução da massa magra;
  • manejo nutricional: oferta de petiscos e guloseimas de forma frequente;
  • fatores comportamentais: animais com problemas comportamentais, que sofrem com estresse e ansiedade, podem desenvolver distúrbios alimentares, como compulsão alimentar, anorexia, coprofagia e alotriofagia;
  • idade: o excesso de peso na fase de filhote predispõe à obesidade canina na fase adulta e na velhice, pois há uma significativa redução das atividades físicas e metabólicas nessas fases;
  • outros.

Além disso, um estudo realizado por Glickman e colaboradores (1995) evidenciou que as cadelas que são obesas entre os 9 a 12 meses de idade possuíam uma probabilidade de 1,5 vez maior de se tornarem obesas quando atingirem a fase adulta comparado às que se mantiveram no peso ideal durante o período de crescimento (GLICKMAN; 1995).
Com o intuito de evitar a obesidade nos filhotes, as particularidades de cada indivíduo também devem ser consideradas.

Recentemente um estudo longitudinal foi realizado com 24 cadelas da raça Beagle e concluiu que certos animais são mais susceptíveis ao ganho e ao acúmulo de gordura corpórea do que outros, mesmo que com as mesmas características de raça, idade, ambiente de criação etc. (LECLERC et al; 2017).

Conhecer as necessidades de cada indivíduo e suas particularidades, contribuindo para a prevenção da obesidade no filhote, é fundamental para auxiliar na manutenção de peso ideal quando adulto e para garantir um crescimento saudável.

Mas qual a relação entre a obesidade nos filhotes e o crescimento saudável?

A obesidade, normalmente, é acompanhada por outras enfermidades. Em filhotes, podemos exemplificar esse fato ao recordarmos os fatores de risco para a ocorrência de uma enfermidade muito comum: a displasia coxofemoral.

Fatores genéticos e também ambientais, além da obesidade, estão envolvidos na displasia coxofemoral. Sabe-se que por se tratar de uma doença com forte envolvimento genético, as manifestações clínicas na fase de crescimento são frequentes e podem ser potencializadas pelo peso corporal elevado. Assim, filhotes obesos com predisposição genética para a doença possuem maior probabilidade de manifestar precocemente os sinais clínicos.

Também deve-se considerar que a obesidade em filhotes e adultos compromete o tempo e a qualidade de vida dos animais, podendo levar a problemas osteoarticulares, dermatológicos, endócrinos, cardiovasculares e urinários, além de redução da imunidade e, portanto, aumento no risco de infecções. Essas comorbidades podem ocorrer em qualquer fase de vida do cão, inclusive no crescimento.

A obesidade canina também pode estar relacionada a uma possível desregulação de biomarcadores plasmáticos, como insulina, grelina, leptina e adiponectina, que influenciam na homeostase energética. A obesidade ainda pode resultar em uma inflamação sistêmica de baixo grau, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios metabólicos (LECLERC et al; 2017).

Como acompanhar o ganho de peso dos filhotes?

O peso de cada filhote geralmente varia de acordo com o porte e o sexo do animal. Tendo em vista a importância do acompanhamento do crescimento dos filhotes, foram desenvolvidas ferramentas eficazes, como os charts WALTHAM Puppy Growth® e as curvas de crescimento, que fornecem suporte ao Médico-Veterinário durante o acompanhamento do desenvolvimento do filhote.

O acompanhamento do crescimento do filhote é de suma importância para avaliar se o desenvolvimento está ocorrendo em um ritmo considerado saudável quando comparado com outros da mesma idade. A fase de crescimento não pode ocorrer nem de forma muito acelerada, nem lentamente. Sendo assim, é importante que o Médico-veterinário acompanhe essa etapa tão importante de perto!

Através do acompanhamento, o profissional pode orientar o tutor sobre a possível necessidade de correção de manejo alimentar e ambiental, observar se um filhote está ingerindo mais alimento do que o outro, visando corrigir uma possível supernutrição e outros problemas.

Além disso, os cuidados seguem na fase do desmame. É importante o Médico-Veterinário orientar os tutores sobre esse momento e como fazer a transição para alimentos úmidos e sólidos, assim como quais tipos de alimentos e quantidades são ideais para cada animal e qualquer outra recomendação relevante.

Como prevenir a obesidade canina nos filhotes?

Apesar da obesidade ter diversos fatores predisponentes importantes, como os genéticos, há diversas maneiras do Médico-Veterinário ajudar no crescimento saudável do filhote, garantindo seu pleno desenvolvimento e prevenindo a obesidade em filhotes, adotando medidas como:

  • acompanhamento regular do peso e curva de crescimento;
  • recomendação alimentar, considerando as necessidades nutricionais da espécie, raça, porte, idade e outras particularidades, como digestão sensível, imunidade frágil e crescimento de ossos e músculos;
  • prescrição do tipo de alimento, quantidade e número de refeições diárias;
  • conscientização do tutor quanto à importância de uma curva de crescimento saudável e dos malefícios da obesidade em filhotes. Vale reforçar que o tutor não deve fornecer nenhum alimento que não tenha sido recomendado pelo profissional ao filhote;
  • indicação de atividades físicas frequentes, respeitando a fase de vida do cão;
  • fornecer brinquedos e enriquecimento ambiental para que o local seja mais atrativo, desafiador e divertido. Assim, o filhote gastará mais energia por meio das brincadeiras, evitando o sedentarismo, a ansiedade, o estresse e o tédio, favorecendo, consequentemente, a manutenção do peso ideal.

A importância do manejo alimentar

Já abordamos em outros trechos deste artigo, mas é importante ressaltar que, desde a primeira consulta, o Médico-Veterinário deve cuidar da alimentação do filhote. Fornecer uma prescrição alimentar para filhotes adequada e individualizada é uma das formas mais eficazes para a prevenção da obesidade e de diversas doenças, por exemplo doenças articulares, distúrbios circulatórios, diabetes mellitus, hiperlipidemia, entre outras (JERICÓ; 2017).

Fatores como raça, porte e idade devem ser considerados como orientadores da recomendação alimentar. E para auxiliar, o Médico-Veterinário pode usar a Calculadora para Prescrições da ROYAL CANIN® e, assim, ter uma prescrição assertiva e detalhada para seus pacientes.

Os filhotes de cães são susceptíveis às alterações gastrointestinais e apresentam o sistema imune ainda imaturo. Assim, a recomendação de um alimento completo e balanceado torna-se fundamental, uma vez que auxilia no pleno desenvolvimento saudável do filhote.

Contudo, não apenas o tipo, mas também a quantidade de alimento e o número de refeições devem ser indicados durante a consulta veterinária, como também já mencionamos. Filhotes de cães desmamados devem receber a quantidade diária de alimento fracionada em 3 a 4 refeições. À medida que o animal cresce, as adequações quanto ao manejo alimentar devem ser prescritas pelo Médico-Veterinário.

A ROYAL CANIN® tem uma linha completa de alimentos para filhotes. São soluções nutricionais balanceadas, em versões úmidas e secas, para suporte nutricional ao crescimento e desenvolvimento saudáveis de cães de todas as idades, tamanhos e raças. Além disso, as linhas dedicadas aos filhotes visam também oferecer suporte ao desenvolvimento do sistema e da saúde digestiva, melhorar o aspecto e qualidade das fezes, manutenção da saúde da pele e da pelagem do filhote, melhorar a atuação do sistema imunológico e muito mais!

Linha de alimentos para filhotes caninos

Podemos destacar, dentro do portfólio para filhotes, o alimento Mini Indoor Puppy, que fornece a quantidade ideal de energia, proteínas de excelente qualidade, cálcio e fósforo. Ele é usado para prevenção da obesidade. O alimento também está disponível na versão úmida, que pode ser recomendado pelo Médico-Veterinário que acompanha a evolução do desenvolvimento do filhote canino.

Referências bibliográficas

GLICKMAN, L. T. et al. Pattern of diet and obesity in female adult pet dogs. Vet. Clin. Nutr., v. 2, n. 1, p. 6-13, 1995.

JERICÓ, Márcia Marques. Vamos falar sobre obesidade? 2017. Disponível em: https://abev.org.br/obesidade-em-caes-e-gatos/. Acesso em: 08 nov. 2022.

LECLERC, L., et al. Higher neonatal growth rate and body condition score at 7 months are predictive factors of obesity in adult female Beagle dogs. Pesquisa Veterinária BMC, v. 13, n.104, p. 1-13. 2017. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1186/s12917-017-0994-7#citeas. Acesso em: 08 nov. 2022.

*artigo originalmente publicado em 15/02/2021 e atualizado pela equipe de Portal VET em 5/12/2022