Panleucopenia Felina: conheça os principais aspectos e como tratar

Panleucopenia Felina: conheça os principais aspectos e como tratar

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A panleucopenia felina é uma doença debilitante, que pode trazer diversas complicações em felinos. Conhecer sobre a doença e sua forma de transmissão auxilia o Médico-Veterinário a orientar o tutor quanto ao manejo e ao tratamento adequado de seu paciente. Saiba mais! 

O que é a Panleucopenia Felina? 

A panleucopenia felina é uma doença viral altamente contagiosa com alta taxa de mortalidade. Tem incidência mundial e gatos filhotes são mais suscetíveis a serem afetados severamente. A panleucopenia felina agora é diagnosticada com pouca frequência por Médicos-Veterinários em muitos países, presumivelmente como consequência do uso generalizado de vacinas (Amoroso, 2020; Squires, 2022, Pandey, 2022). 

A panleucopenia felina é causada por um parvovírus. Todos os parvovírus conhecidos que infectam e causam doenças em espécies carnívoras pertencem ao gênero Parvovirus dentro da família Parvoviridae. São vírus não envelopados de DNA linear de fita simples, vírus antigenicamente e geneticamente muito similares. Resistentes, podem persistir por 1 ano em temperatura ambiente no ambiente protegido em matéria orgânica (Steinel, 2001; Truyen, 2009; Sykes, 2014; Amoroso, 2020; Pandey, 2022).  

Quais espécies podem ser afetadas? 

O vírus da panleucopenia felina infecta todos os felinos domésticos e selvagens, bem como guaxinins, martas, raposas, macacos, além de se replicar em furões sem causar doenças. (Truyen, 2009; Sykes, 2014; EABCD, 2020; Pandey, 2022). 

Qual a diferença entre a parvovirose felina e canina? 

Os vírus da Panleucopenia Felina e o vírus da Parvovirose Canina pertencem à família Parvoviridae. Acredita-se que o parvovírus canino evoluiu a partir do vírus da panleucopenia felina. São vírus que possuem característica de infectar e destruir células que estão associadas à replicação, rápido crescimento e divisão, como as da medula óssea, células linfoides e intestinos (Truyen, 2009; Pandey, 2022).  

Pelas características de infestação celular de ambos os vírus, o alvo para replicação são as células que revestem o trato intestinal e as células da medula óssea, principalmente os glóbulos brancos. Por causa disso, os sinais clínicos estão relacionados principalmente ao trato gastrointestinal e às infecções secundárias que se desenvolvem a partir da supressão da medula óssea (Truyen, 2009, Sykes, 2014; Pandey, 2022) 

Apesar da ancestralidade em comum entre os dois vírus, é importante o Médico-Veterinário lembrar que a manifestação clínica das doenças será distinta, uma vez que são causadas por dois agentes diferentes (Pandey, 2022). 

Parvovirose em gatos: entenda como ocorre a transmissão 

O vírus da panleucopenia felina é disseminado por transmissão vertical, durante a gestação, e principalmente por transmissão horizontal pela via oro-fecal. Felinos com menos de 1 ano de idade são os mais infectados, mas a panleucopenia felina pode ocorrer em animais não vacinados ou impropriamente vacinados de todas as idades (Scherk, 2013; Sykes, 2014; Pandey, 2022). 

A transmissão oro-fecal se dá pelo contato direto com animais infectados. A infecção ocorre quando gatos suscetíveis entram em contato com sangue, urina, fezes, secreções nasais ou até mesmo pulgas de gatos infectados. Um gato infectado tende a disseminar o vírus por um período de tempo relativamente curto, entre 1 e 2 dias. (Scherk, 2013; Amoroso, 2020). 

O vírus da panleucopenia felina é estável no ambiente, com potencial infeccioso por até um ano. A estabilidade ambiental representa outra forma importante de transmissão através do ambiente contaminado ou por fômites, como instrumentos de clínica, camas, pratos da comida, roupas, sapatos, mãos e boxes infectados. As fômites são uma importante fonte de transmissão da doença devido à persistência do vírus no meio ambiente (Truyen, 2009; Scherk, 2013; Pandey, 2022). 

Principais complicações e sinais clínicos que o felino pode apresentar 

Dentre os tipos de células infectadas, os sinais clínicos que felinos com panleucopenia apresentam incluem (Scherk, 2013; EABCD, 2020; Squires, 2022; Pandey, 2022): 

  • Letargia 
  • Anorexia 
  • Vômitos 
  • Diarreia  
  • Febre  
  • Linfopenia 
  • Neutropenia 
  • Trombocitopenia  
  • Anemia 
  • Imunossupressão transitória (devido a neutropenia e linfopenia) 
  • Leucopenia intensa (maioria dos casos) 
  • Hipoplasia cerebelar (animais infectados trans uterina ou neonatal precoce)
  • Ataxia cerebelar 
  • Aborto 

A morte pode ocorrer tão rapidamente que nenhum sinal clínico é observado. Em casos de infecção de filhotes, a taxa de mortalidade é alta, cerca de 90% (EABCD, 2020; Petini et.al., 2020). 

Como manejar o paciente acometido pela Panleucopenia Felina? 

É muito importante o Médico-Veterinário orientar tutores sobre as formas de contágio e isolar os gatos infectados e suspeitos. Todo material usado em ou para gatos infectados não deve ser usado ou entrar em contato com outros gatos, e as pessoas que lidam com gatos infectados devem praticar higiene e desinfecção adequada para evitar a propagação da infecção, pois eles mesmos podem ser fontes de infecção de animais saudáveis (Truyen, 2009; EABCD, 2020; Pandey, 2022). 

O fornecimento de terapia de suporte e cuidados de enfermagem diminuem significativamente as taxas de mortalidade em animais com panleucopenia felina. Em felinos com quadros graves de enterite, a administração de antibiótico de amplo espectro contra bactérias gram-negativas e anaeróbicas previne a possibilidade de quadro de septicemia que podem ocorrer em decorrência de translocação bacteriana (Truyen, 2009; Squires, 2022). 

A doença pode ser prevenida pela vacinação, que é fortemente recomendada pois o vírus da panleucopenia felina é endêmica entre a população de gatos o pode causar desde sinais brandos a severos podendo ocasionar óbito em gatos (Truyen, 2009; Amoroso, 2022) 

A importância do manejo nutricional adequado 

O manejo nutricional e a ingestão hídrica de animais com panleucopenia felina devem ser monitorados e ajustados de acordo com a clínica apresentada pelo paciente. O fornecimento de uma dieta com alta digestibilidade deve ser iniciada o mais cedo possível, mesmo diante de vômitos leves, intermitentes e persistentes (Truyen, 2009, Squires, 2022). 

A alimentação deve ser fornecida em pequenas quantidades, de maneira continuada e frequente pelo maior tempo possível, sendo restrita apenas se o vômito persistir. Em felinos anoréxicos, com vômitos graves e/ou diarreia, ou em doentes com hipoproteinemia persistente, a administração parentérica é necessária, preferencialmente por meio de um cateter venoso central na veia jugular.

Apesar do fornecimento de dieta parenteral, não se deve retardar as tentativas vigorosas de iniciar a alimentação enteral. A alimentação promove a cicatrização da mucosa gastrointestinal e o restabelecimento de uma barreira mucosa eficaz (Truyen, 2009; Squires, 2022). 

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Produtos Royal Canin indicados no tratamento de panleucopenia felina

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Referências bibliográficas 

Amoroso, M.G., Serra, F.; Miletti, G., Cardillo, L., de Martinis, C., Marati, L., Alfano, F., Ferrara, G., Pagnini, U., De Carlo, E., Fusco, G., Montagnaro, S. A Retrospective Study of Viral Molecular Prevalences in Cats in Southern Italy (Campania Region). Viruses v. 14 n. 2583, 2022.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36423192/ Acesso em: 05/04/2023.

European Adisory Borard on Cat Diseases – EABCD. Feline Panleukopenia. Fact Sheet, 2020. Pandey, Shankar. Feline Panleukopenia Infections: Treatment and Control in Nepal. European Jornal of Veterinary Medicine. v. 2, n. 1. 2022.
Disponível em: https://www.ej-vetmed.org/index.php/vetmed/article/view/19 Acesso em: 05/04/2023.

Petini, M, Drigo M, Zoia V. Prognostic value of systemic inflammatory response syndrome and serum concentrations of acute phase proteins, cholesterol, and total thyroxine in cats with panleukopenia. J Vet Intern Med v. 34, p. 719–724. 2020.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31977127 Acesso em: 05/04/2023

Steinel, A., Parrish, C. R., Bloom, M. E., Truyen, U. Parvovirus infections in wild carnivores. Journal wild. Diseases, v.37, p.594-607, 2001.
Disponível em: https://meridian.allenpress.com/jwd/article/37/3/594/123050/Parvovirus-Infections-in-Wild-Carnivores Acesso em: 05/04/2023

Squires, R. A. Feline Panleukopenia. MSD Veterinary Manual. 2022
Disponível em: https://www.msdvetmanual.com/generalized-conditions/feline-panleukopenia/feline-panleukopenia Acesso em 05/04/2023

Sykes, J. E. Feline Panleukopenia Virus Infection and Other Viral Enteritides. In: Sykes, J.E. Canine and Feline Infectious Diseases. Elsevier Saunders, cap 19, p. 187-194, 2014.   Truyen, U.,  Addie, D., Belák, S., Boucraut-Baralon, C., Egberink, H.,  Frymus, T., Gruffydd-Jones, T., Hartmann, K., Hosie, M. J., Lloret, A., Lutz, H., Marsilio, F., Pennisi, M. G., Radford, A.,  Thiry, E., Horzinek, M. C.Feline Panleukopenia: ABCD Guidelines on Prevention and Management. Journal of feline medicine and surgery. v. 11. n.7. p. 538-46. 2009. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26251979_Feline_Panleukopenia_ABCD_Guidelines_on_Prevention_and_Management Acesso em: 05/04/2023

Scherk, M. A., Ford, R. B., Gaskell, R. M., Hartmann, K, Hurley, K. F., Lappin, M. R., Levy, J. K., Little, S. E., Nardone, S. K., Sparkes, A., H. Disease Information Fact Sheet accompanies the 2013 AAFP Feline Vaccination Advisory Panel Report. Journal of Feline Medicine and Surgery, v.15, p 785–808. 2013.
Disponível em: https://catvets.com/public/PDFs/PracticeGuidelines/Guidelines/Vaccination/FelinePanleukopenia_FactSheet.pdf Acesso em: 05/06/2023.