Otohematoma em cães e gatos

Otohematoma em cães e gatos

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Saiba como diagnosticar, tratar e prevenir o otohematoma, que está entre as principais lesões do aparelho auditivo de cães e gatos

Estudos recentes indicam que as doenças otológicas variam entre 7,5 e 16,5% na rotina clínica de pequenos animais. Dentre essas patologias, o otohematoma é uma lesão frequente nos pets, representando uma das principais afecções que afetam o aparelho auditivo de gatos e cães (ALMEIDA et al, 2021).

O tratamento é recomendado visando cessar o sangramento e para aliviar possíveis dores e desconfortos no paciente. Além disso, também tem como objetivo prevenir complicações, como isquemia e necrose da orelha do cão ou do gato.

Dentre os procedimentos clínicos e cirúrgicos existentes e indicados, o tratamento cirúrgico é o principal realizado nas clínicas veterinárias, como veremos com mais detalhes adiante.

Neste artigo ainda iremos abordar o diagnóstico e as formas de manejo do paciente acometido pelo otohematoma canino e felino.

O que é o otohematoma?

O otohematoma, também conhecido como hematoma auricular ou hematoma aural, é caracterizado pela lesão da artéria auricular ou por fratura da cartilagem. Há o acúmulo de líquido seroso e sangue entre a epiderme do ouvido externo e a cartilagem.

O sangue extravasado gera uma inflamação no pavilhão auricular e, com isso, o edema geralmente causa desconfortos no animal. O pet sente a orelha mais pesada do que o normal, além de possíveis dores locais por causa do processo inflamatório.

Ambas as faces auriculares podem ser preenchidas pelo acúmulo sanguíneo, que é flutuante e tem posições e tamanhos variados (VALLE et al, 2015). Além disso, a lesão pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral, dependendo de como ocorreu o trauma.

O otohematoma canino e felino geralmente é secundário a processos traumáticos, por exemplo (ALMEIDA et al, 2021):

Predisposição racial e fatores predisponentes

Cães e gatos podem apresentar quadro de otohematoma, mas a afecção é mais comum na espécie canina. E embora o otohematoma possa afetar animais de todas as raças, portes, idades e gêneros, existem alguns fatores predisponentes para o desencadeamento, incluindo (VALLE et al, 2015; ALMEIDA et al, 2021):

  • raças de cães com orelhas pendulares, como por exemplo: Beagle, Cocker Spaniel, Dachshund, Basset Hound, Poodle, Labrador Retriever e outras;
  • animais machos e não castrados podem estar mais expostos devido aos traumas físicos provocados por brigas com outros animais para disputa territorial e acasalamento;
  • animais que são muito agitados, pois tendem a esfregar a cabeça ou coçar as orelhas com a unha, lesionando os vasos da região, resultando no extravasamento do sangue;
  • preexistência de doenças que afetam o aparelho auditivo;
  • problemas dermatológicos ou inflamações com prurido nas orelhas podem fazer com que o animal faça muitas movimentações abruptas na cabeça.

Ocorrência de otohematoma em gatos

O otohematoma felino, como vimos, é uma afecção considerada menos frequente. Entretanto, nos casos observados de otohematoma em gatos, uma das causas predisponentes mais vista é a otite externa parasitária (TILLMANN et al, 2014).

O gato tende a sacudir a cabeça e coçar a região com as unhas, podendo provocar lesões vasculares e, consequentemente, apresentar o extravasamento de sangue na região.

Os sinais clínicos são semelhantes ao do cão. O animal também poderá apresentar inflamações na orelha e no ouvido, causadas pela presença de agentes oportunistas e secundários devido a mudança na umidade, no pH, na temperatura e na microbiota da pele. (TILLMANN et al, 2014).

Assim como nos cães, o otohematoma em gatos também requer rápido diagnóstico e tratamento adequado, sendo a correção cirúrgica o mais indicado para resolver o problema e evitar recidivas (TILLMANN et al, 2014).

Sinais clínicos de doenças otológicas

Por meio da anamnese é possível identificar sinais de diversas possíveis afecções otológicas, como os alterações nos hábitos e mudanças repentinas no comportamento do pet, incluindo:

  • head tilt;
  • head pressing;
  • presença de secreções aderidas à entrada do meato acústico externo;
  • descamação de pele na região;
  • presença de prurido;
  • odor fétido;
  • déficit de audição;
  • sensibilidade dolorosa na região da orelha.

Sinais clínicos de otohematoma em cães e gatos

Geralmente, o otohematoma é unilateral, mas também pode ser bilateral. A manifestação pode ocorrer em duas fases distintas (VALLE et al, 2015):

  • fase inicial: na palpação é possível perceber que o conteúdo é de consistência macia/líquida e flutuante. Com o processo inflamatório acometendo a região, a pele que recobre a orelha do animal pode apresentar rubor, calor e maior sensibilidade. O animal acometido também pode sentir dor ou algum desconforto devido ao aumento de volume e peso na própria orelha.
  • fase crônica: nessa fase ocorre a maturação. O conteúdo, então, passa a ser firme e espesso devido à fibrose, provocando aumento da espessura da orelha, o que resulta na deformação da orelha acometida.

Além dos sinais clínicos comuns ao otohematoma, pode haver outros se a afecção estiver associada a alguma outra doença otológica.

Diagnóstico

O diagnóstico do otohematoma em cães e gatos geralmente é clínico, sendo de suma importância que o Médico-Veterinário realize uma anamnese e exames físicos de forma adequada para identificar a afecção, possibilitando indicar e iniciar o tratamento mais adequado (LEAL et al, 2015).

Por meio do exame físico será possível avaliar se há a presença de líquidos na região, além de outros sinais que indiquem doenças concomitantes. Além disso, na anamnese será possível também verificar se o paciente possui histórico de otite externa, traumas, se o animal é agitado, entre outras informações relevantes que possam auxiliar no diagnóstico de otohematoma.

A punção aspirativa da tumefação auricular para confirmação da suspeita de otohematoma pode ser recomendada, mas o Médico-Veterinário deve avaliar a sua necessidade, visto que o procedimento pode ser doloroso para o paciente e geralmente envolve o uso de protocolos de analgesia e sedação (LEAL et al, 2015).

Além disso, o Médico-Veterinário também pode solicitar outros exames laboratoriais, como citologias e pesquisa por ectoparasitas, visando identificar a causa primária da enfermidade caso haja suspeita de alguma afecção concomitante.

Tratamento de otohematoma canino e felino

Alguns procedimentos clínicos envolvem o uso de corticoides e a drenagem do conteúdo sanguinolento com agulha hipodérmica. Porém, nesses casos a taxa de recidiva é alta e geralmente os resultados não são satisfatórios (LEAL et al, 2015).

Estudos mostram que a correção cirúrgica do otohematoma é o procedimento mais indicado e eficaz. As técnicas cirúrgicas geralmente envolvem a utilização de brincos, botões, fios de sutura ou bandagens compressivas isoladamente. Mas cabe ao Médico-Veterinário cirurgião avaliar e definir qual será a técnica mais adequada para o seu paciente (LEAL et al, 2015).

Entre as possíveis complicações cirúrgicas estão a formação de seroma, que geralmente pode ser tratado com procedimentos pouco invasivos, além da possibilidade de recidivas. Os riscos anestésicos estão presentes em todos os procedimentos cirúrgicos, porém os exames pré-operatórios visam diminuí-los e proporcionar maior segurança ao paciente durante o procedimento.

Além do tratamento cirúrgico, caso haja alguma afecção concomitante, por exemplo otites, sarnas e outras possíveis doenças que possam estar relacionadas ao surgimento do otohematoma, ela deve também ser tratada.

Formas de prevenção e recomendações aos tutores

Para prevenção do otohematoma em cães e gatos é imprescindível que os tutores realizem a limpeza do pavilhão auricular dos animais usando apenas os produtos dermatológicos prescritos pelo Médico-Veterinário, visando evitar afecções que possam desencadear a doença. A frequência e forma como é feita a higienização das orelhas também devem estar de acordo com as orientações fornecidas pelo profissional.

O tutor também deve atentar-se caso haja alguma alteração no odor ou na coloração do cerúmen. Outro ponto importante é notar se o animal apresenta alguma mudança de comportamento durante a higienização do pavilhão auricular, como algum tipo de desconforto enquanto o tutor mexe na cabeça, dores e maior sensibilidade.

Caso o tutor observe algo anormal ou perceba que o animal está sacudindo a cabeça com maior frequência ou coçando a região, deve buscar atendimento veterinário. Além disso, as consultas de rotina são imprescindíveis para evitar esse e outros problemas.

Sabe-se também que a alergia alimentar é uma das causas que podem desencadear o otohematoma devido ao prurido, sendo imprescindível que o tutor ofereça ao pet apenas os alimentos recomendados pelo Médico-Veterinário.

Importância da adequação dos manejos

Como sabemos, a nutrição está diretamente relacionada ao bom desempenho de todos os sistemas, atuando inclusive na imunidade dos pets.

Os alimentos devem conter em suas formulações alto teor de proteínas, minerais e nutrientes de qualidade para a manutenção da saúde do animal e fortalecimento do sistema imunológico com o objetivo de prevenir o surgimento de diversas enfermidades.

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Nos casos de alergias alimentares, as dietas adequadas devem compor o manejo nutricional do pet, pois possuem ácidos graxos essenciais em suas formulações, auxiliando inclusive no fortalecimento da barreira cutânea.

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Referências bibliográficas

LEAL, Leonardo Martins et al. Necrose focal em pavilhão auricular após correção de otohematoma com o uso de botões em cão – relato de caso. REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA, n. 24, p. 1-9, 2015. Disponível em: https://www.bvs-vet.org.br/vetindex/periodicos/revista-cientifica-eletronica-de-medicina-veterina/24-(2015)/necrose-focal-em-pavilhao-auricular-apos-correcao-de-otohematoma-com-o/. Acesso em: 23 ago. 2022.

ALMEIDA, Sabrina Benigna et al. Otohematoma canino: análise retrospectiva de ocorrências atendidas no Hospital Veterinário das Faculdades Integradas Aparício Carvalho – FIMCA. Research, Society and Development, v. 8, n. 10, p. 1-7, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/17338. Acesso em: 24 ago. 2022.

TILLMANN, Mariana Teixeira et al. Fibrose auricular secundária a otohematoma em felino: terapêutica com glicocorticóide – relato de caso. Science and Animal Health, v. 2, n. 1, p. 42-49, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/veterinaria/article/view/2975. Acesso em: 24 ago. 2022.

VALLE, Ana Catarina Viana et al. Tratamento homeopático de otohematoma em cão: relato de caso. UNIMAR CIÊNCIAS, v. 24, n. 1-2, p. 20-26, 2015. Disponível em: http://ojs.unimar.br/index.php/ciencias/article/view/459#:~:text=TRATAMENTO%20HOMEOP%C3%81TICO%20DE%20OTOHEMATOMA%20EM%20C%C3%83O%3A%20RELATO%20DE%20CASO,-Ana%20Catarina%20Viana&text=A%20prescri%C3%A7%C3%A3o%20dos%20medicamentos%20homeop%C3%A1ticos,por%20vinte%20e%20cinco%20dias. Acesso em: 23 ago. 2022.