Pneumonia canina

Pneumonia canina

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A pneumonia canina é uma afecção muito comum na clínica de pequenos animais, podendo representar sérios riscos à saúde do pet; saiba mais sobre sinais, diagnóstico e tratamentos para a doença

As doenças do trato respiratório possuem grande relevância na clínica de pequenos animais devido à sua alta mortalidade e morbidade. O Médico-Veterinário tem papel fundamental na realização de um diagnóstico assertivo para direcionar o tratamento adequado na condução de cada caso.

As doenças respiratórias são divididas em dois grupos principais.

  1. Doenças do trato respiratório superior: envolve estruturas superiores como a laringe, traquéia, seios nasais e outras, limitando-se a localização em região de face e traqueia.
  2. Doenças do trato respiratório inferior: envolve afecções em pulmão, brônquios, pleura e etc. Ou seja, são as doenças que afetam estruturas inferiores à traquéia.

Neste artigo, iremos abordar pontos-chave para o diagnóstico e tratamento da pneumonia canina, em especial a de origem bacteriana, assim como a importância de recomendar aos tutores sobre as principais formas de prevenção da doença.

O que é a pneumonia canina

A pneumonia canina é uma das principais enfermidades do trato respiratório inferior, podendo ser causada pela penetração de múltiplos agentes infecciosos ou não-infecciosos nas estruturas pulmonares.

A presença dos agentes pode resultar em alterações inflamatórias nos bronquíolos, brônquios e alvéolos (BATISTA, 2016). Isso diminui a capacidade respiratória e, consequentemente, compromete a função de troca gasosa, causando grandes desconfortos respiratórios e diversos malefícios ao funcionamento do organismo em virtude da possível hipóxia gerada.

A depender do caso, a infecção pode se agravar, evoluindo para um quadro de sepse e podendo levar o animal a óbito. Além disso, em casos de cronicidade elevada, pode também evoluir para bronquite crônica ou bronquiectasia (TILLEY e SMITH JR., 2015).

Tipos de pneumonias que afetam os cães

Essa resposta inflamatória do organismo que ocorre em quadros de pneumonia pode se manifestar de diferentes formas, como:

  • pneumonia bacteriana: geralmente é o tipo mais comum na rotina veterinária;
  • pneumonia fúngica: quando há a proliferação de fungos. A ocorrência é menor, se comparada às demais,
  • pneumonia viral: como o nome sugere, é causada por agentes infecciosos virais;
  • pneumonia parasitária: causada por parasitas que acometem o trato respiratório.

É imprescindível que o Médico-Veterinário saiba realizar o diagnóstico diferencial para a identificação da origem do problema que está atingindo o animal, uma vez que o tratamento das infecções são completamente distintos.

É importante ressaltar que o uso indevido dos fármacos pode causar a resistência de agentes infecciosos, que é um problema não somente na medicina veterinária, mas também na medicina humana. O uso adequado de medicamentos é essencial para obter maior sucesso nos tratamentos dos pets, além de contribuir para a saúde única.

O prognóstico irá depender de um conjunto de fatores, como a origem da pneumonia presente, o estado geral de saúde do animal, a resposta ao tratamento preconizado, entre outros.

Compreendendo a pneumonia bacteriana

A pneumonia bacteriana é vista com mais frequência frente aos demais tipos, como a pneumonia parasitária e a fúngica, na rotina da clínica veterinária. Por isso, torna-se uma afecção relevante, e é importante que o Médico-veterinário consiga realizar um diagnóstico preciso para proporcionar o tratamento adequado ao paciente.

Nesse tipo de afecção, a infecção pode ocorrer de forma primária ou secundária, uma vez que outras afecções e ocorrências podem desfavorecer o sistema imunológico dos animais ou até carregar agentes patogênicos para dentro das estruturas pulmonares, tornando-os mais susceptíveis ao surgimento de infecções bacterianas secundárias.

A doença é considerada como uma resposta inflamatória adquirida mediante a presença de bactérias no parênquima pulmonar dos cães, sendo caracterizada pela exsudação de células e fluídos para o interior das vias aéreas condutoras e espaços alveolares (TILLEY e SMITH JR., 2015).

Já sobre a origem bacteriana, a afecção nos cães pode ocorrer pela presença de diversos agentes, sendo os isolados mais comuns: Bordetella bronchiseptica, Mycoplasma, Streptococcus, Escherichia coli, Pasteurella, Staphylococcus, Pseudomonas e Klebsiella (MURAKAMI, et al, 2011).

Vale ressaltar que uma afecção de origem não infecciosa pode favorecer para o surgimento de uma infecção bacteriana secundária, uma vez que o sistema imunológico do animal é afetado e, consequentemente, pode atrair a presença de patógenos oportunistas.

Predisposição racial e fatores predisponentes

A pneumonia bacteriana pode acometer cães de todas as raças, porte, idade ou gênero. Entretanto, acaba sendo um quadro mais visto em cães idosos, animais imunossuprimidos ou com determinadas afecções.

Além disso, alguns outros fatores podem contribuir para o seu surgimento, como (TILLEY e SMITH JR., 2015):

  • predisposição genética: a raça Wolfhound irlandês possui predisposição à síndrome de rinite/broncopneumonia hereditária. Porém, como muitos fatores estão relacionados à doença, geralmente não se observa predisposição racial na rotina clínica;
  • raças de trabalho, caça, esportivas e mistas, geralmente de porte médio e grande, também podem ser mais predispostas à afecção;
  • preexistência de infecções virais;
  • vômito, disfagia e regurgitação, que podem causar pneumonia aspirativa e, consequentemente, infecção bacteriana;
  • alterações funcionais ou anatômicas, como megaesôfago, fenda palatina, paralisia de laringe e discinesia ciliar primária;
  • redução do nível de consciência: coma, estupor (estado de inconsciência) e anestesias;
  • corpo estranho bronquial;
  • bronquiectasia;
  • terapia imunossupressora: uso de fármacos como glicocorticóides, quimioterapia ou agentes imunossupressores, já que a baixa imunidade pode favorecer o surgimento de infecções;
  • distúrbios metabólicos graves: uremia, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus;
  • quadros de sepse;
  • ambiente sem a devida higienização;
  • animais expostos a condições de ambiente inadequadas (corrente de vento, frio e chuva);
  • disfunção fagocitária: diabetes mellitus e FeLV.

A doença também pode ser comum nos filhotes, visto que ainda estão desenvolvendo a imunidade e podem apresentar a doença na forma mais grave.

A afecção também pode acometer os felinos?

Embora seja mais comum nos cães, a doença também acomete os gatos. Os sinais clínicos são semelhantes, porém a tosse geralmente não está presente.

O patógeno mais frequente nos casos de pneumonia em gatos é o Mycoplasma spp., podendo haver também a presença de outros, como B. bronchiseptica, Pasteurella spp. e Moraxella spp. O gato também pode apresentar estado de portador da doença quando acometido pela B. bronchiseptica, podendo passar por períodos de eliminação do agente em situações pós estresse ou períodos de pós-parto – aumentando inclusive as chances de infecção de seus filhotes. (TILLEY e SMITH JR., 2015).

Sinais clínicos de pneumonia canina

O animal acometido pode apresentar diversas manifestações clínicas, sendo a dispnéia um sinal bastante comum. Ela ocorre devido a uma maior dificuldade de expansão pulmonar decorrente da congestão que é provocada pelo processo inflamatório e pelo acúmulo de secreções nas estruturas pulmonares, gerando dificuldades no processo respiratório (BATISTA, 2016).

As manifestações clínicas mais frequentes nos casos de pneumonia canina e felina incluem (TILLEY e SMITH JR., 2015; BATISTA, 2016):

  • tosse, geralmente produtiva;
  • febre;
  • intolerância ao exercício;
  • dispneia, esforço respiratório ou ainda taquipnéia;
  • perda de peso (notada com maior frequência em casos mais crônicos);
  • letargia ou cansaço;
  • eliminação de secreções nasais;
  • alterações nos sons pulmonares durante a ausculta.

Caso haja alguma infecção concomitante, além dos sinais clínicos citados, pode haver a manifestação de outros, com variabilidade da gravidade de acordo com cada caso.

Diagnóstico

É primordial que o Médico-Veterinário investigue a doença para identificar se a infecção possui causa primária ou secundária, além de analisar com precisão o tipo de pneumonia presente, para que possa definir o protocolo de tratamento mais adequado.

O diagnóstico compõe uma minuciosa anamnese, presença de sinais clínicos observados no paciente, avaliação clínica e solicitação de exames complementares.

A realização de exames de imagem se faz essencial para auxiliar no diagnóstico. No raio-X poderão ser visualizadas alterações em campos pulmonares, evidenciando alterações de radiopacidade nas áreas afetadas. O padrão das alterações radiológicas auxilia no direcionamento sobre qual tipo de agente pode estar envolvido.

As alterações radiográficas mais comuns no diagnóstico de cães com a doença na forma bacteriana incluem um padrão alveolar caracterizado por densidades pulmonares aumentadas (margens indistintas; broncogramas aéreos ou consolidação lobar). Já nos gatos, os padrões pulmonares podem ser mais variáveis, por exemplo, com alterações intersticiais e alveolares irregulares e multifocais e/ou padrão nodular difuso (TILLEY e SMITH JR., 2015).

Além disso, nos casos de suspeita de pneumonia bacteriana poderá ser solicitado exame de cultura com antibiograma. A realização do antibiograma é importante para que a bactéria possa ser devidamente identificada. Com ele também é possível avaliar a quais antibióticos aquela bactéria é sensível, possibilitando direcionar o tratamento mais adequado ao animal e evitando problemas relacionados à resistência bacteriana.

A depender do estado geral de saúde do animal, outros exames poderão ser solicitados, conforme necessidade e avaliação individual de cada caso. São eles: hemograma, bioquímicos renal e hepático, hemogasometria, entre outros (TILLEY e SMITH JR., 2015).

Tratamentos para pneumonia em cães

O tratamento da pneumonia canina consiste em um conjunto de ações que inclui fornecer repouso ao paciente em ambiente aquecido e protegido de condições climáticas frias, fornecer um manejo alimentar adequado, realizar a reidratação do paciente e uso de medicamentos quando necessário, entre outros (MURAKAMI, et al, 2011).

O Médico-Veterinário também pode recomendar outras medidas de acordo com o caso, como (TILLEY e SMITH JR., 2015):

  • oxigenoterapia ou suporte ventilatório: casos em que o paciente apresenta hipoxemia ou angústia respiratória;
  • nebulização: com solução salina isoladamente ou com medicamentos associados (por exemplo mucolíticos ou antibióticos, no caso de infecções bacterianas).
  • uso de medicamentos: quando a pneumonia for de origem bacteriana pode ser recomendada antibioticoterapia, de acordo com o agente presente na afecção, além de expectorantes e broncodilatadores. Outros medicamentos poderão ser indicados conforme avaliação do profissional responsável por conduzir o caso.

O uso de expectorantes deve ser realizado com cautela quando há a presença de bactérias e de acordo com o período da infecção. O uso precoce pode ocasionar a migração bacteriana, pois o medicamento tem como objetivo causar a expectoração das secreções que, no caso da pneumonia bacteriana, são altamente contaminadas por agentes patogênicos. A depender do caso e após a avaliação de forma individualizada, o profissional poderá incluir o medicamento no protocolo alguns dias após o início da antibioticoterapia.

Além disso, outros tratamentos complementares podem ser recomendados, a depender do estado clínico do animal e da evolução do quadro.

A internação do animal pode ser necessária quando há dispneia importante ou presença de sinais multissistêmicos (como dispneia/hipoxemia, anorexia, febre alta, perda de peso e letargia). Esses animais devem ser monitorados com mais cautela e provavelmente irão demandar de manejos/tratamentos específicos como oxigenioterapia, medicações intravenosas, realização frequente de exames em curto período de tempo para acompanhar a evolução do quadro etc.

Formas de prevenção e recomendações aos tutores

Para fortalecer o sistema imunológico dos animais é importante que o tutor proporcione ao pet uma boa nutrição, adequação de manejos (incluindo os ambientais, protegendo o pet de correntes de vento e chuvas, por exemplo), mantenha as vacinações sempre em dia e leve-o para consultas de rotina, visando manter a saúde geral e o bem-estar do animal.

Além disso, o ambiente no qual o pet vive deve ter a higienização adequada, podendo ser realizada com água e sabão, detergente e desinfetantes apropriados. Os comedouros e bebedouros também devem ser limpos diariamente. Deve-se ainda evitar a superpopulação de animais.

A importância da adequação dos manejos

Tanto como forma de prevenção como diante de quadros de pneumonia bacteriana em cães e gatos, a adequação de manejos se faz essencial, principalmente em relação aos manejos ambiental e nutricional.

O manejo nutricional adequado colabora para o bom desenvolvimento e desempenho do sistema imunológico e funcionamento adequado do organismo como um todo, sendo essencial não somente para evitar afecções diversas, mas também para que o organismo tenha a capacidade de responder a tratamentos medicamentosos propostos de forma mais satisfatória. Além disso, a boa nutrição contribui para a prevenção do surgimento de infecções oportunistas.

A oferta de alimentos deve ser realizada de acordo com as necessidades de cada raça, porte e fase de crescimento do animal. Os alimentos devem ser ricos em proteínas e outros nutrientes, além de ofertar níveis satisfatórios de energia/calorias.

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Referências bibliográficas

TILLEY, Larry P.; SMITH JR., Francis W. K. Consulta veterinária em 5 minutos – espécies canina e felina. 5ª ed. Manole. 2015.

MURAKAMI, Vanessa Yurika; et al. Pneumonia e edema pulmonar: estudo comparativo. REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA, n. 9, p. 1-7, 2011. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ia5lwicgoISefiU_2013-6-27-15-43-49.pdf. Acesso em: 12 ago. 2022.

BATISTA, André Luiz Monte. Lavado broncoalveolar e cultura de microrganismos presentes em um cão com broncopneumonia – relato de caso. 2016, p. 8-50. Monografia (UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE) – Bacharel em Medicina Veterinária – CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL, Patos, 2016. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/handle/riufcg/24058. Acesso em: 11 ago. 2022.