Doenças dermatológicas em cães e gatos: quais os sinais mais comuns de alterações?

Doenças dermatológicas em cães e gatos: quais os sinais mais comuns de alterações?

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Saiba mais sobre os sinais clínicos comumente observados em quadros dermatológicos na rotina clínica e qual o papel da nutrição nessas afecções

A pele é o maior órgão do corpo, e as alterações dermatológicas são a causa mais comum para que gatos e cães sejam levados à consulta veterinária. Contudo, um caso dermatológico pode ser comparado a um grande quebra-cabeças formado por peças que são obtidas e encaixadas com os dados da anamnese, de achados clínicos e de exames laboratoriais e dermatológicos.

Cabe ressaltar que, geralmente, gatos e cães são trazidos ao consultório tempos depois do início das manifestações clínicas e, por isso, não necessariamente tais lesões representam a doença primária (e podem até não ter relação a ela). Lesões dermatológicas muitas vezes refletem doenças sistêmicas, por isso o olhar do Médico-Veterinário deve ir além da lesão de pele por si só.

A seguir, abordaremos as lesões e manifestações clínicas mais observadas em consultas dermatológicas na rotina veterinária.

10 principais sinais de alterações de pele nos cães e gatos

Antes de falarmos dos sinais de alterações cutâneas, é importante ressaltar que as lesões dermatológicas podem ser divididas em primárias e secundárias. Lesões primárias são associadas diretamente ao processo mórbido e, apesar de não serem patognomônicas, trazem informações importantes que podem direcionar o diagnóstico.

Já as lesões secundárias resultam de traumatismo, tempo e grau do dano à pele. As lesões primárias podem evoluir para lesões secundárias e o padrão das lesões secundárias também podem dar indícios de diagnósticos diferenciais (como por exemplo, a alopecia bilateral simétrica em quadros endócrinos).

Veja um comparativo na tabela abaixo:

Exemplos de lesões primárias Exemplos de lesões secundárias
Máculas Crosta
Pápulas Eritema
Placas Erosão
Núdulos e tumores Úlceras
Pústulas Escoriações
Vesículas Hiper ou hipopigmentação
Cistos Liquenificação

É importante registrar com o máximo de detalhes possível os achados dermatológicos do exame clínico para que o progresso do tratamento possa ser monitorado.

Passaremos então aos 10 achados geralmente presentes em consultas dermatológicas e seus detalhes.

1. Prurido

Quadros dermatológicos que envolvem coceira são bastante frequentes, e o prurido em cães e gatos varia muito em intensidade conforme a causa de base. O histórico clínico do paciente é bastante variável, mas esta é uma manifestação clínica que geralmente incomoda muito, tanto o animal quanto o tutor.

Os sinais clínicos de prurido são: coçar, lamber, morder ou mastigar determinada região. Meneios de cabeça (balançar da cabeça e orelhas) podem indicar otites. Vale lembrar que o calor e o ressecamento pioram o prurido, enquanto que o frio e a hidratação amenizam este sintoma.

Quando o animal acorda para se coçar é um indício de um prurido mais intenso, observado em casos de escabiose, alergias (alergia à picada de pulgas, alergia alimentar, atopia) e infecções fúngicas. As lesões escoriativas decorrentes do prurido em gatos costumam ser bem importantes, por causa das suas unhas pontiagudas.

2. Balançar de cabeça ou Head-tilt

Meneios ou o balançar de cabeça e head-tilt podem ser um sinal de prurido em orelhas e são observados em casos de otite externa, média e interna.

As otites são muito mais frequentes em cães que em gatos. Elas geralmente são causadas por agentes bacterianos, parasitários e/ou fúngicos, ou por quadros alérgicos. Com menos frequência, podemos citar obstruções, doenças autoimunes, doenças vestibulares centrais e neoplasias.

3. Lambedura Excessiva

A lambedura excessiva também é uma das manifestações clínicas do prurido. Porém, animais em situações de estresse crônico podem iniciar este comportamento compulsivamente, gerando lesões importantes que funcionam como porta de entrada para infecções secundárias.

4. Feridas e edemas cutâneos

Feridas e edemas são geralmente decorrentes de dano direto à pele e aos tecidos subjacentes, como acontece em gatos e cães com prurido. São causadas por uma grande variedade de etiologias, que incluem até mesmo causas congênitas que alteram a coesão tecidual. Podem ainda ser secundárias a processos inflamatórios e neoplásicos, traumas, toxinas, agentes irritantes, contato com microrganismos e às doenças autoimunes.

5. Alopecia e rarefação pilosa

A perda de pelos é bastante comum em queixas dermatológicas, podendo ser parcial (rarefação pilosa) ou completa em uma área onde normalmente haveria a cobertura de pelagem. Esta manifestação clínica pode ter causas multifatoriais, além de ser um problema primário ou secundário. A alopecia representa a alteração do crescimento do folículo piloso e pode ser decorrente de trauma, infecção, doenças imunomediadas, alterações endócrinas e bloqueio dos receptores que estimulam o ciclo folicular.

6. Eritema

Eritema é o avermelhamento da pele, que indica irritação e inflamação do tecido e pode estar presente nas mais diversas alterações dermatológicas.

7. Descamação e crostas

A produção de escamas (descamação) é causada pelo acúmulo de células epidérmicas superficiais mortas e descoladas da pele. Em alguns casos, pode haver a formação de colarinho epidérmico rodeando uma mancha ou lesão.

As crostas são formadas por células e exsudato seco de soro ou sangue. Elas podem ser secundárias a uma grande variedade de causas, como doenças autoimunes e imunomediadas, doenças infecciosas e parasitárias.

8. Epífora

A epífora pode ser definida como o extravasamento da lágrima para fora do olho secundário a um estreitamento ou obstrução do sistema lacrimal. O sinal clínico de epífora é uma excessiva e constante umidade local, que pode predispor a infecções fúngicas e bacterianas. Além disso, há o escurecimento da pelagem da região, que tende a adquirir um tom mais marrom, bem observado em gatos e cães de pelagem clara.

Gatos e cães braquicefálicos, que possuem o focinho curto, podem apresentar tortuosidade do ducto nasolacrimal e por isso a epífora é mais comum em raças com estas características.

9. Hiperpigmentação

A hiperpigmentação (que é o aumento da pigmentação cutânea), normalmente ocorre após processos crônicos inflamatórios, como em casos de pacientes com atopia. Além disso, é frequentemente observada secundariamente a alterações de origem endócrina.

10. Pelagem opaca ou oleosa

A pele não é considerada um órgão vital pelo organismo e, por isso, este é o local que primeiro sofre quando existem carências nutricionais. Animais debilitados e com quadros de doença crônica frequentemente apresentam pelagem opaca e quebradiça.

A observação de uma pelagem oleosa em gatos geralmente ocorre secundariamente a obesidade, pois estes animais não conseguem se higienizar adequadamente com regularidade. Cabe ressaltar que a realização excessiva de banhos pode causar alterações na barreira cutânea pela remoção excessiva da oleosidade da pele, que serve como uma proteção natural.

A importância do diagnóstico assertivo

Conforme sugerido anteriormente, quadros de doenças dermatológicas são um grande quebra-cabeças que precisa ser estudado e montado adequadamente para que o diagnóstico e o tratamento corretos sejam alcançados. Os problemas de pele em gatos e cães, na sua maioria, causam desconforto e potencialmente podem levar a complicações adicionais à saúde do animal.

A obtenção de um histórico clínico minucioso, a realização de uma avaliação clínica detalhada e o auxílio de exames específicos fazem parte da busca clínica para a causa de base da afecção. Deve-se sempre ter em mente que as alterações dermatológicas podem ser manifestações de enfermidades sistêmicas e, portanto, estarem associadas a elas.

Principais doenças de pele em cães

  • Afecções de etiologia infecciosa, causadas por fungos, bactérias e parasitas
  • Infestações pulgas e carrapatos
  • Alergias
  • Doenças endócrinas que podem causar alterações cutâneas, como o hiperadrenocorticismo, por exemplo

Principais doenças de pele em gatos

  • Alergias
  • Infestações por pulgas
  • Abcessos e feridas, secundários à brigas com outros animais

Alimentação x saúde da pele e dos pelos de cães e gatos

Uma alimentação completa e balanceada irá garantir que todos os nutrientes importantes para a formação da pele e do pelo estejam presentes em quantidade e qualidade ideais na dieta de animais com doenças dermatológicas.

O perfil nutricional para cães e gatos com predisposição às alterações dermatológicas primárias é composto por proteína de alta digestibilidade, ácidos graxos do tipo ômega 3 (EPA e DHA) e 6, fibras solúveis e insolúveis em equilíbrio, além de vitaminas e minerais. Vale ressaltar que alimentos coadjuvantes ao tratamento de dermatopatias também são uma excelente opção quando associados ao tratamento médico convencional. Esses alimentos são utilizados para o teste de eliminação /provocação, e como fonte de alimento exclusivo em animais com alergia alimentar, para cães com atopia, e também como alimentos de manutenção que favorecem o fortalecimento da barreira cutânea.

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