Problemas urinários em gatos: conheça as principais afecções

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Entenda as principais causas das doenças do trato urinário inferior em felinos e saiba como tratar essas enfermidades
As doenças do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF) têm grande relevância, pois são causas frequentes de visitas ao Médico-Veterinário. Essas enfermidades se referem a um grupo heterogêneo de desordens urinárias, causadas por afecções de diferentes etiologias, que geram inflamações em estruturas como a uretra e a vesícula urinária, podendo inclusive resultar em infecções do trato urinário e renal e também lesões renais (FONSECA; 2019).
O surgimento dessas patologias pode representar um verdadeiro desafio ao Médico-Veterinário, pois os problemas urinários em gatos podem ter causa idiopática e com etiologia multifatorial. Entre as principais causas estão: dietas inadequadas, neoplasias, traumas, anormalidades anatômicas das vias urinárias, tampões uretrais e urólitos, distúrbios iatrogênicos e alterações neurogênicas (FONSECA; 2019).
Os gatos com problemas urinários podem apresentar manifestações clínicas como hematúria, disúria, estrangúria, polaquiúria, periúria (urinar fora do local adequado), obstrução parcial ou total das vias urinárias, dificuldade de micção, alterações comportamentais e lambedura do pênis e da vulva (FONSECA; 2019).
Em adultos, as urolitíases e a cistite idiopática felina se apresentam como os tipos mais frequentes de problemas urinários em gatos. Neste artigo veremos, em detalhes, quais são as afecções mais comuns na clínica de felinos e como tratá-las!
Qual a relação das afecções urinárias com a anatomia e hábitos alimentares?
Sabe-se que os ingredientes usados na formulação do alimento, bem como a sua digestibilidade, composição química e métodos nutricionais, podem modificar pH, volume, densidade e demais características da urina do felino, ainda mais quando associado à baixa ingestão de água. Por exemplo, para um animal que ingere quantidade insuficiente de água e possui uma dieta inadequada, com ingredientes que contenham um teor mais elevado de minerais e proteínas de baixa qualidade, esses fatores podem modificar as características da urina do gato, predispondo à formação de sedimentos, cálculos e demais problemas relacionados.
O Médico-Veterinário deve estar atento ao manejo nutricional oferecido ao paciente felino e orientar o tutor de forma individualizada sobre a necessidade de adequação da dieta, visando a prevenção e o controle de problemas urinários em gatos.
Geralmente, os animais machos ou jovens são mais acometidos por quadros obstrutivos, pois possuem o diâmetro da uretra mais estreito, facilitando o alojamento de plugs uretrais e cálculos urinários.
São mais predispostos ao desenvolvimento dessas afecções gatos com as seguintes características (FONSECA; 2019):
- que sejam obesos ou tenham sobrepeso;
- castrados, que vivem em ambientes internos e sedentários;
- que ingerem apenas alimentos secos ou de baixa qualidade;
- que apresentem baixa ingestão hídrica;
- que vivem em ambientes que favorecem o estresse: confinados, com superpopulação de animais e outros.
Os principais problemas urinários em gatos
É importante que o Médico-Veterinário conheça as principais afecções de trato urinário que acometem os felinos para que o mesmo consiga realizar um diagnóstico mais ágil e preciso, consequentemente, possibilitando o tratamento mais adequado ao caso e favorecendo o prognóstico.
Portanto, veja abaixo detalhes de tais afecções.
Urolitíase
Cerca de 20% dos casos de obstruções uretrais são causadas por cálculos urinários formados pela aglomeração de um ou mais tipos de cristais na urina dos felinos (FONSECA; 2019).
As urolitíases são caracterizadas pela presença de concreções macroscópicas, chamadas urólitos ou cálculos, na vesícula urinária ou na uretra de gatos, de composição predominantemente mineral.
Mais de 90% dos urólitos em gatos são formados por (ARONSON; 2020):
- oxalato de cálcio: formado pela agregação de cristais de oxalato e de cálcio e que não são passíveis de dissolução, sendo muitas vezes necessária a intervenção cirúrgica para sua remoção. É o tipo de cálculo mais frequente em gatos com doença renal crônica.
- estruvita: também chamado de fosfato de amônio magnesiano, se formam em pH alcalino e podem ser dissolvidos com modificações dietéticas específicas.
De modo geral, alguns fatores são amplamente conhecidos como favoráveis ao desenvolvimento de urólitos:
- urina supersaturada com compostos calculogênicos;
- estase urinária causada pelo menor número de micções espontâneas;
- baixa ingestão hídrica característica da espécie felina.
Obstrução uretral
As possíveis causas que podem gerar a obstrução uretral são diversas. Entre elas podemos citar: neoplasias, coágulos, presença de urólitos e tampões/plugs uretrais.
Como vimos, há diferentes causas para os quadros obstrutivos. Porém, muitas vezes, esses casos são associados à presença de cálculos, mas as obstruções uretrais não necessariamente precisam ser representadas por um cálculo de tamanho “grande”. A presença de sedimentos na vesícula urinária pode favorecer a formação de plugs que são capazes de obstruir a uretra do animal.
Os plugs uretrais são formados pelo acúmulo de debris, cristais, células e proteínas presentes na urina. Esse sedimento geralmente é facilmente identificado no exame ultrassonográfico, tendo um aspecto de areia flutuante durante a realização do exame, que é dinâmico.
Quadros obstrutivos muitas vezes são considerados emergenciais, pois a resolução tardia pode levar o animal ao óbito.
O tratamento pode envolver sondagem, adequação do manejo nutricional e, em certos casos, pode ser necessário algum procedimento cirúrgico, como a uretrostomia ou outros a depender do caso.
Saiba mais sobre o manejo do paciente felino em quadros de nefrolitíase e obstrução ureteral.
Cistite idiopática felina
Acredita-se que a cistite idiopática (ou intersticial) felina seja uma desordem psiconeuroendócrina inflamatória não-infecciosa. Geralmente de causa multifatorial, pode ocorrer pela exposição do gato ao estresse interno ou externo, mudanças na alimentação, ausência de enriquecimento ambiental, ambientação inadequada, baixa ingestão de água e, até mesmo, a introdução de um novo pet na casa (DEMONTIGNY-BÉDARD; 2019).
O estresse é uma resposta do corpo a algum agente nocivo. Esse agente pode ser físico, químico, ou de caráter psicológico. Acredita-se que em gatos com cistite, o estresse leve à liberação excessiva de catecolaminas, pela ativação direta do sistema nervoso central e pelo aumento do cortisol através da estimulação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (DEMONTIGNY-BÉDARD; 2019).
O termo “Síndrome de Pandora” também tem sido utilizado para definir gatos com sinais de doença do trato urinário inferior.
Conheça os principais detalhes sobre a cistite idiopática felina.
A importância da adequação de manejos para gatos com problemas urinários
O adequado manejo dietético coadjuvante associado à terapia farmacológica e ao enriquecimento ambiental tem como objetivo proporcionar bem-estar ao gato e diminuir fatores de risco para o desenvolvimento das doenças urinárias e futuras recidivas, sendo ponto-chave para o tratamento e prevenção das DTUIF.
Além disso, todo e qualquer fator que gere estresse ao gato deve ser identificado, possibilitando tentativas de adequação e, consequente, diminuição do estresse do pet.
Algumas estratégias nutricionais devem ser adotadas nesses casos, como:
Estímulo à ingestão de água
A baixa ingestão de água pelos felinos resulta em maior concentração urinária e favorece a precipitação e a agregação de cristais na urina, aumentando as chances da formação de cálculos e também do desenvolvimento da cistite (VILLAVERDE; 2019).
A ingestão de água é uma das estratégias mais importantes e deve ser estimulada. Para isso, o tutor deve fornecer livre acesso do animal a água fresca e de boa qualidade. Também é recomendado posicionar diversos bebedouros nos cômodos em que o animal transita, ou ainda fazer uso de fontes automáticas de água corrente que são específicas para os felinos e, geralmente, aumentam o interesse dos gatos pela ingestão de água (VILLAVERDE; 2019).
Além disso, o uso de alimento úmido com nível de umidade superior a 70% em sua composição é uma das medidas mais eficazes para auxiliar a ingestão hídrica (VILLAVERDE; 2019). É importante orientar o tutor em relação à qualidade desses alimentos, visando sempre o fornecimento de um alimento com qualidade superior.
Acesse o portfólio completo da ROYAL CANIN® para felinos e conheça todas as opções disponíveis. Dentre elas, há o alimento úmido Urinary S/O Feline Wet, que possui cerca de 81,5% de umidade é enriquecido com vitaminas e minerais essenciais, sendo uma excelente opção para o suporte nutricional de gatos com cistite idiopática ou urolitíase por cálculos de estruvita.
Dieta coadjuvante
O uso da dieta coadjuvante para o tratamento de problemas urinários em gatos já é bastante consagrado na medicina veterinária e, em alguns casos, é altamente recomendada pelo Médico-Veterinário, pois o perfil nutricional específico desenvolvido especialmente para essas condições contribui para a eficácia do tratamento e a prevenção de recidivas das DTUIF.
Pensando nisso, oferecemos em nosso portfólio da linha veterinária os alimentos URINARY®, formulados especificamente para tratamento e manejo de recidivas de problemas urinários comuns em gatos. Sua formulação estimula a ingestão hídrica e adota a metodologia de supersaturação relativa da urina (RSS) para criar um ambiente urinário desfavorável ao desenvolvimento das DTUIF.
O que é o método RSS e como ele auxilia na abordagem terapêutica das doenças urinárias?
A metodologia de Supersaturação Relativa da Urina (RSS) surgiu na medicina humana como um eficaz método para avaliação da probabilidade de formação de cálculos urinários, e, posteriormente, foi adaptado para a medicina veterinária. Este método considera três fatores de risco para a formação de urólitos:
- pH urinário;
- volume urinário;
- concentração de solutos.
A combinação dos fatores acima para a avaliação do ambiente urinário apresenta maior eficácia se comparado a qualquer um dos fatores analisados isoladamente. Sabe-se que o pH é um indicador importante, porém sua análise isolada não determina a formação do cálculo. Ainda que haja pH compatível com a formação de um tipo de urólito, é necessário que haja precipitação desses cristais, o que acontece quando há baixo volume urinário com presença excessiva de compostos calculogênicos.
A análise do RSS gera um índice que pode estar compreendido em uma das seguintes zonas:
- supersaturação instável: apresenta RSS acima do produto de solubilidade, com alta probabilidade de formação de cálculos;
- supersaturação metaestável: RSS acima do produto de solubilidade, porém sem precipitação espontânea de cristais. Ausência de dissolução de urólitos pré-existentes;
- subsaturação: RSS abaixo do produto de solubilidade. Ausência de formação de novos cristais e possível dissolução de urólitos pré-existentes.
Os alimentos URINARY® são formulados para promover subsaturação urinária, e com isso, promovem a dissolução de urólitos de estruvita e evitam recidivas de formação de novos cálculos.
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Referências bibliográficas
FONSECA, Ana Paula Barros. Doença do trato urinário inferior dos felinos: estudo clínico e laboratorial. 2019, p. 13-48. Dissertação (Mestre em Ciência Animal) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – Universidade Federal do Piauí, Piauí, 2019. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/vtt-212699. Acesso em: 03 nov. 2022.
DEMONTIGNY-BÉDARD, Isabelle. How I approach… Feline idiopathic cystitis. Royal Canin, Canadá, 2019. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/how-i-approach-feline-idiopathic-cystitis. Acesso em: 03 nov. 2022.
ARONSON, Lilian R. Upper urinary tract urolithiasis. Royal Canin, Estados Unidos, 2020. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/upper-urinary-tract-urolithiasis. Acesso em: 07 nov. 2022.
VILLAVERDE, Cecília. How I approach… Urolithiasis and specific gravity in cats. Royal Canin, Espanha, 2019. Disponível em: https://vetfocus.royalcanin.com/en/scientific/how-i-approach-urolithiasis-and-specific-gravity-in-cats. Acesso em: 08 nov. 2022.