Colite canina: quais as principais causas e como diagnosticar?

Colite canina: quais as principais causas e como diagnosticar?

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Conheça os principais aspectos da colite canina, saiba como diagnosticar e tratar o paciente acometido.  

O que é colite? 

A colite é a inflamação do cólon, uma doença comum em cães e caracterizada por diarreia crônica. Causa lesões de vilosidades intestinais que afetam a absorção de água e eletrólitos, causando quadros de diarreia e hematoquezia. De acordo com a duração do quadro, são classificadas como agudas ou crônicas (Gaschen & Allenspach, 2013; Defarges, 2022). 

Principais causas de colite em cães 

As causas da colite canina são inúmeras e variam entre quadros agudos; associados a infiltração da mucosa com neutrófilos, ruptura epitelial e ulceração; e quadros crônicos, frequentemente associados a um curso clínico longo. Em quadros crônicos há infiltração na mucosa de células plasmáticas e linfócitos, fibrose e, às vezes, ulceração (Gaschen & Allenspach, 2013; Defarges, 2022).  

Colite canina aguda 

A colite canina aguda é definida como o início súbito de diarreia aquosa, por vezes explosivas do intestino grosso, com presença de hematoquezia por um período de até duas semanas. É uma queixa comum por parte dos tutores aos médicos-veterinários, e os animais afetados também podem apresentar vômitos e letargia (Gaschen & Allenspach, 2013). 

Existem muitas causas potenciais, como intoxicação alimentar, bactérias e/ou suas toxinas, protozoários, vírus, helmintos e traumas (por exemplo, ingestão de ossos, brinquedos ou areia). A causa subjacente raramente é diagnosticada porque este problema tende a ser autolimitado, respondendo prontamente ao tratamento dos sinais clínicos (Nelson & Couto, 2019; Kathrani, 2019; Gaschen & Allenspach, 2013). 

Colite canina crônica 

A colite canina crônica é uma doença inflamatória que afeta o trato gastrointestinal por período superior a duas semanas. Pode ser definida tanto com base em critérios clínicos e laboratoriais quanto histopatológicos e exames de imagem complementar, como ultrassonografia e colonoscopia (Nelson & Couto, 2019;  Defarges, 2022). 

Principais impactos na saúde do pet 

Apesar do grande desconforto associado aos quadros de colite canina (pela diarreia com urgência e frequência elevada), a colite raramente resulta em perda de peso ou perda de apetite. Isso porque quando não há envolvimento do intestino delgado, não há comprometimento da absorção de nutrientes.  

Os principais impactos da condição estão associados a desconfortos e redução do bem-estar do animal, e a frequência e a urgência da diarreia estão entre as piores queixas por parte dos tutores (Gaschen & Allenspach, 2013; Nelson & Couto, 2019). 

Principais sinais clínicos de colite nos cães 

O sinal clínico mais comum da colite canina é a diarreia do intestino grosso, caracterizada por muco, hematoquezia, tenesmo e, ocasionalmente, dor ao defecar. Os tutores relatam que o cão apresenta aumento da urgência e frequência da defecação, com diminuição do volume fecal por evacuação (Gaschen & Allenspach, 2013; Nelson & Couto, 2019; Defarges, 2022). 

Os sinais clínicos costumam ser intermitentes e esporádicos, embora possam ser contínuos em alguns animais. Uma deterioração gradual para uma doença mais grave pode ser observada ao longo de semanas a meses (Gaschen & Allenspach, 2013; Defarges, 2022). 

Cães que apresentam quadro de colite canina crônica geralmente não respondem ao tratamento sintomático. Um exame retal completo pode revelar pólipos retais ou neoplasias malignas que podem simular sinais de colite crônica (Gaschen & Allenspach, 2013; Nelson & Couto, 2019; Defarges, 2022). 

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da colite canina baseia-se na investigação através de uma anamnese detalhada, determinando se o quadro é agudo ou crônico. Outras condições que podem causar quadros de diarreia mais comuns – como parasitas intestinais e infecção bacteriana – devem ser descartadas (Nelson & Couto, 2019; Defarges, 2022). 

Além da anamnese, a realização de exame clínico (incluindo palpação retal) e exames laboratoriais (como hemograma, bioquímica sérica, urinalise e avaliação das fezes) para descartar causas sistêmicas auxiliam no diagnóstico.  

É interessante mensurar as concentrações séricas de cobalamina para avaliar o envolvimento do intestino delgado, e do cortisol basal para descartar hipoadrenocorticismo atípico (Garraway, et. al., 2018; Kathrani, 2019, Defarges, 2022).  

Exames de diagnóstico por imagem, como ultrassonografia abdominal, apresentam linfadenopatia ou espessamento da parede do colón. A realização de aspirados com agulha fina de quaisquer lesões devem ser considerados. Já a colonoscopia/biópsia pode ser útil para diagnosticar histoplasmose ou colite ulcerativa histiocítica (Kathrani, 2019, Nelson & Couto, 2019). 

Formas de tratamento 

Para definir o tratamento para quadros de colite canina, as causas infecciosas devem ser tratadas primeiro, seguido da mudança de dieta. Antibióticos e anti-inflamatórios podem ser prescritos se não houver melhora (Defarges, 2022).  

A forma aguda de colite canina, na maioria dos casos, é autolimitada ou responde prontamente ao tratamento sintomático – que inclui fluidoterapia, ajuste do manejo dietético, administração de probióticos por três a cinco dias e fornecimento de dieta voltada para quadros gastrointestinais (Nelson & Couto, 2019).  

Em quadros agudos, os antibióticos são geralmente evitados em casos de etiologia indeterminada, devido ao seu potencial efeito sobre a microbiota e à preocupação com a resistência bacteriana. Em vez disso, um probiótico pode ser considerado (Gaschen & Allenspach, 2013; Kathrani, 2019) 

O tratamento e manejo da colite crônica inclui uma combinação de intervenção dietética e farmacológica. Como opção de alimentação, deve-se considerar dieta de proteína hidrolisada ou com maior ingestão de fibra dietética. Vale lembrar que a suplementação com prebióticos ajuda a manter a saúde da mucosa intestinal.  

O manejo farmacológico consiste na prescrição de antibióticos como tetraciclina e metronidazol associado a corticosteroides. A maioria dos tratamentos deve continuar por duas a quatro semanas após a resolução dos sinais clínicos, antes de iniciar a redução da dose dos medicamentos administrados (Burgener, et. al., 2010, Kathrani, 2019; Defarges, 2022). 

É possível prevenir a colite canina? 

Apesar de o médico-veterinário não poder garantir ao tutor que o cão não desenvolva a colite, existem várias medidas que podem orientar mudanças de manejo aos tutores para ajudar a evitar novas ocorrências (Blue Pearl, 2018), como: 

  • realizar o controle parasitário a cada seis meses; 
  • oferecer uma dieta balanceada e sem petiscos em excesso; 
  • treinar o animal para que não consuma qualquer coisa do chão que lhe agrade visualmente; 
  • alimentar o cão consistentemente com a mesma dieta e evitar mudanças repentinas. 

A importância do manejo nutricional 

A modificação nutricional é essencial no manejo das doenças gastrointestinais, tanto na prevenção da recorrência quanto na redução dos sinais clínicos agudos e crônicos (Lenox, 2021).  

O manejo dietético consiste em fornecer pequenas e frequentes quantidades de uma dieta gastrointestinal comercial com baixo teor de gordura, conforme descrito abaixo (Kathrani, 2019): 

Tabela 1: Níveis – alvo de nutrientes preocupantes para doenças gastrointestinais comuns. (Adaptado de Lenox, 2021).

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Referências Bibliográficas 

Blue Pearl Specialists. Blue Pearl Hospital.  Colitis in Dogs, 2018. Disponível em: https://bluepearlvet.com/pet-blog/colitis-in-dogs/ Acesso em: 03/06/2023 

Burgener, I. A. Approach to Canine and Feline Colitis. World Small Animal Veterinary Association World Congress Proceedings, 2010. Disponível em: https://www.vin.com/apputil/content/defaultadv1.aspx?id=4516240&pid=11310 Acesso em: 06/08/2023. 

Defarges, A. Colitis in Small Animals. MSD Manual Veterinary Manual, 2022. Disponível em:  https://www.msdvetmanual.com/digestive-system/diseases-of-the-stomach-and-intestines-in-small-animals/colitis-in-small-animals Acesso em: 06/06/2023 

Garraway, K.,  Allenspach, K.,  Jergens, A. Inflammatory Bowel Disease in Dogs and Cats. Today Veterinary Practice, 2018. Disponível em: https://todaysveterinarypractice.com/gastroenterology/inflammatory-bowel-disease-dogs-cats/ Acesso em: 02/06/2023. 

Gaschen, F.P., & Allenspach, K. Large Intestine. In: Canine & Feline Gastroenterology, 2013. 

Kathrani, A. Colon and rectum. In: BSAVA Manual of Canine and Feline Gastroenterology. Third Edition, 2019. 

Lenox , C. E. Nutritional Management for Dogs and Cats with Gastrointestinal Diseases. The Veterinary. clinics of North America. Small animal practice, v. 51 n. 3, p. 669–684, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33653539/ Acesso em: 07/06/2023. 

Nelson, R. W., Couto, C.G. Small Animal Internal Medicine, 6th ed. Elsevier – Health Sciences Division, 2019.