Cão idoso: particularidades e a importância do apoio nutricional para um envelhecimento saudável

Cão idoso: particularidades e a importância do apoio nutricional para um envelhecimento saudável

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Conheça as etapas e características de cada fase do envelhecimento em cães e como as soluções nutricionais contribuem para o bem-estar desses animais

A expectativa de vida dos cães aumentou na medida em que os cuidados com a espécie se tornaram cada vez mais especializados. A maior atenção dos tutores dedicada a seus pets, o avanço científico em medicina-veterinária e a maior oferta de produtos e soluções para os animais de estimação contribuem para favorecer sua saúde e longevidade. Estudos disponíveis na literatura demonstram que estes cuidados contribuíram para aumentar o tempo de vida de cães em até 2 anos.

Cão idoso: etapas do envelhecimento

O envelhecimento é um processo fisiológico complexo que consiste no declínio progressivo da capacidade funcional do organismo. Consequentemente, este processo diminui a habilidade do indivíduo em manter a homeostase e responder adequadamente a fatores ambientais, doenças e processos metabólicos internos. O envelhecimento não é uma doença em si, mas uma evolução física que torna o animal mais vulnerável.

Não é uma tarefa fácil medir o envelhecimento do ponto de vista científico, pois não é possível determinar um marcador exato que defina o envelhecimento em um animal de forma objetiva e independente, já que o processo é complexo e multifatorial.

Em linhas gerais, ficou estabelecido que a primeira etapa do envelhecimento começa quando o animal chega à metade de sua expectativa de vida, enquanto a segunda etapa do envelhecimento se inicia quando ele entra no último terço de vida.

A expectativa de vida em cães é considerada inversamente proporcional ao seu porte. De fato, existem grandes disparidades na expectativa de vida entre as raças dentro da espécie canina. Cães pequenos apresentam maior longevidade se comparado aos cães de porte grande. Confira na tabela abaixo a idade aproximada em que cães de diferentes portes iniciam o processo de envelhecimento:

Cães de pequeno porte podem viver até 20 anos ou mais, enquanto espera-se que cães de porte grande ou gigante atinjam 12 ou 15 anos de idade, aproximadamente. São muitos os fatores que interferem no tempo de vida do animal, como alimentação, nível de atividade, condição corporal, presença de fatores ambientais estressantes, doenças, etc.

Manifestações do envelhecimento

Podemos classificar as manifestações em sinais visíveis e menos visíveis tendo como referência a percepção dos tutores e as avaliações clínicas feitas pelo médico-veterinário. Confira a seguir alguns exemplos:

Manifestações visíveis:

  • Clareamento dos pelos: a diminuição dos pigmentos de melanina é particularmente visível na face, no focinho e nos bigodes
  • Redução significativa da atividade física
  • Apetite mais exigente
  • Alterações no sono
  • Alterações cognitivas
  • Perda de massa e força muscular
  • Mudança na relação de massa corporal magra vs. adiposa (declínio na proporção de massa corporal magra)

Alterações fisiológicas não-visíveis:

  • Redução da velocidade do processo digestivo
  • Redução da taxa de filtração glomerular
  • Menor acuidade visual, olfativa e auditiva
  • Declínio da capacidade da manutenção hídrica
  • Diminuição do tônus vascular e na circulação do sangue periférico
  • Declínio da imunidade
  • Diminuição do tempo de vida celular
  • Alterações cerebrais

Como o tutor pode ajudar a identificar os sinais do envelhecimento

Durante a consulta, o médico-veterinário pode realizar perguntas aos tutores para auxiliar na identificação dos primeiros sinais do envelhecimento do pet. Confira abaixo quais são essas perguntas e como podemos estimular o tutor a observar essas mudanças em seus cães.

Necessidades nutricionais do cão idoso

Os objetivos das adaptações dietéticas neste período são: ajudar a retardar o início dos sinais na primeira fase do envelhecimento e limitar o desenvolvimento destes sinais na segunda fase.

Abaixo relacionamos alguns aspectos de especial importância quando consideramos a alimentação e nutrição de cães idosos:

Energia

A maioria dos cães idosos apresenta redução leve a moderada da necessidade energética diária, porém esse declínio da exigência calórica pode variar de acordo com fatores como nível de atividade física, estilo de vida, presença de doenças e habilidade do trato gastrointestinal em digerir e assimilar nutrientes.

Diante disso, a ingestão calórica deve ser cuidadosamente monitorada em pets com idade mais avançada para garantir ingestão adequada de calorias e, ao mesmo tempo, prevenir o desenvolvimento da obesidade. Visitas frequentes ao médico-veterinário devem ser feitas para avaliação do escore de condição corporal (ECC) do animal e também para se realizar ajustes na quantidade de alimento, se necessário.

Proteínas

Os cães em processo de envelhecimento devem consumir mais proteínas proporcionalmente para amenizar o efeito da sarcopenia, que é a perda de massa muscular que ocorre na fase senil, mantendo assim a relação massa magra vs. massa gorda o mais próxima do ideal.

Cerca de 25% da ingestão calórica deve ser originária de proteínas para permitir que os cães em processo de envelhecimento mantenham a renovação proteica (turnover) do organismo. A fonte proteica deve ser de qualidade e alta digestibilidade para permitir melhor aproveitamento dos nutrientes.

Na ROYAL CANIN®, utilizamos o termo L.I.P para se referir às proteínas de alta digestibilidade. A sigla refere-se à expressão em inglês “Low Indigestible Proteins” (baixo teor de proteínas não digeríveis) – proteínas estas que geram pouco resíduo protéico no cólon. Uma proteína L.I.P. apresenta digestibilidade mínima de 90% e seu uso na dieta tem como objetivo o melhor aproveitamento nutricional pelo organismo, a menor fermentação dos resíduos proteicos no cólon, e, consequentemente, melhor escore fecal.

Alguns exemplos de proteínas L.I.P. utilizadas nas fórmulas da ROYAL CANIN® são: glúten de milho, glúten de trigo, proteína isolada de soja, proteína isolada de suíno, entre outras.

Fósforo

Se por um lado o cão idoso apresenta maior necessidade proteica se comparado ao adulto em manutenção, por outro ele tem uma maior predisposição ao desenvolvimento de doença renal crônica, especialmente a partir dos 10 anos de idade.

Quando há perda da capacidade funcional dos rins, deve-se dar atenção especial ao teor de fósforo na dieta. Diversos estudos associaram a relação entre o fósforo consumido com o menor tempo de sobrevida em animais nefropatas, e por este motivo os alimentos para cães idosos devem ser formulados com fósforo moderado.

O tipo e quantidade de proteína na dieta influenciam diretamente o teor de fósforo na dieta, por isso a relação proteína e fósforo devem ser minuciosamente estudadas para garantir o nível proteico adequado sem que haja aumento da quantidade de fósforo.

Antioxidantes

A formação de radicais livres acontece o tempo todo em indivíduos de qualquer idade, porém, com o passar dos anos, essas moléculas são produzidas em maior quantidade e o próprio organismo dispõe de menor capacidade para combatê-las. Com isso, ocorre o envelhecimento celular.

A redução do dano oxidativo por meio de alimentos ricos em antioxidantes faz com que o declínio das funções cerebrais dos cães idosos, como aprendizado ou memória, seja amenizado, promovendo apoio à vitalidade em animais senis. Além de sua própria atividade, os antioxidantes também atuam de modo sinérgico.

Os antioxidantes presentes nos alimentos ROYAL CANIN® são naturais e sintéticos, como extrato de chá-verde, vitaminas C, E, luteína, licopeno e taurina.

Saúde articular

Glicosamina e sulfato de condroitina e ômega-3 EPA & DHA são nutrientes que contribuem para a mobilidade dos cães idosos, pois atuam na saúde de ossos e articulações. Estudos trazem evidências de que cães com osteoartrite mostraram melhor mobilidade quando alimentados com dietas com esses nutrientes.

Saúde oral

O tripolifosfato de sódio adicionado aos alimentos para cães idosos tem um efeito químico que retarda o início do cálculo dentário em virtude da quelação do cálcio livre na saliva. O alimento seco, revestido por esses quelantes de cálcio, restringe a concentração de cálcio salivar livre na boca e, com isso, limita indiretamente a calcificação da placa dentária, contribuindo para retardar a formação do cálculo.

Palatabilidade

Nesta etapa da vida, os cães podem apresentar apetite mais seletivo devido ao declínio da capacidade olfativa e também dificuldade de mastigação (especialmente se a higiene oral não foi adotada de forma consistente ao longo da vida). Alimentos desenvolvidos para promover maior palatabilidade estimulam o apetite por meio do perfil aromático e textura mais atrativos para cães idosos. Esses alimentos também auxiliam na ingestão de quantidades adequadas de forma voluntária.

Para mais detalhes sobre como a palatabilidade é analisada, acesse:

A ROYAL CANIN® desenvolve fórmulas altamente especializadas para atender as necessidades de cada cão idoso, de acordo com seu porte, fase de envelhecimento e particularidades da raça ou estilo de vida. Conheça todas as soluções nutricionais e utilize a ferramenta Calculadora para Prescrições para escolher o melhor alimento para seu paciente idoso.

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