Proteinúria como fator prognóstico na Doença Renal Crônica

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A presença de proteína na urina de gatos e cães nefropatas é preditiva para o prognóstico desta enfermidade; entenda mais neste artigo!
A Doença Renal Crônica (DRC) é uma condição morfofuncional progressiva e irreversível, de um ou ambos os rins, com evolução superior a 3 meses. Embora possa acometer indivíduos de qualquer idade, sua prevalência é diretamente proporcional à idade dos animais acometidos, sendo uma das causas mais importantes de mortalidade em gatos e cães geriátricos.
A evolução da DRC é autoperpetuante, silenciosa e pode ocorrer durante meses ou anos. Infelizmente, o diagnóstico é tardio na maior parte dos casos, mesmo porque a perda progressiva do tecido funcional faz com que os néfrons remanescentes sofram adaptações compensatórias (hipertrofia), o que lhes permite realizar as funções daqueles que já foram perdidos, comportando-se como “supernéfrons”.
Diante desse cenário, os check-ups periódicos e a conscientização do tutor acerca deste tema são de extrema importância para detectar precocemente o surgimento da doença e intervir para reduzir sua velocidade de progressão.
Proteinúria como consequência da DRC
A presença de proteína na urina é uma das consequências da perda de função renal. A redução da taxa de filtração glomerular em indivíduos acometidos pela doença ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) por meio da vasoconstrição da arteríola eferente e vasodilatação da arteríola aferente nos glomérulos remanescentes. A hipertensão glomerular leva à proteinúria e apenas parte dessa proteína é reabsorvida pelo epitélio tubular, sendo o restante eliminado na urina.
No entanto, este processo é extremamente lesivo para as células, gerando apoptose. Embora seja uma tentativa compensatória do organismo, a ativação persistente do SRAA é comprovadamente um importante fator de progressão da DRC.
Estadiamento e subestadiamento da DRC
A IRIS (International Renal Interest Society) estabeleceu o estadiamento da DRC para definir medidas de tratamento, monitoramento e prognóstico dos pacientes nefropatas. Os 4 estágios da doença são definidos pelas concentrações séricas de creatinina e SDMA (dimetil-arginina simétrica) do animal estável, hidratado e em jejum. Ambos devem ser interpretados em conjunto como ferramentas complementares, sendo a creatinina o principal indicador do estágio da doença.
Uma vez estadiado, o paciente é subestadiado de acordo com:
- Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
- Relação proteína/creatinina urinária (UPC)
A pressão arterial sistêmica deve ser aferida em ambiente calmo, e geralmente são necessárias duas ou mais avaliações em momentos distintos. É considerado hipertenso o paciente que apresente HAS persistente ao longo de 3 aferições.
A avaliação da UPC é importante porque a proteinúria persistente é fator prognóstico negativo para a evolução da DRC e está diretamente associada a fatores como grau de comprometimento funcional, risco de crise urêmica, piora do estado geral do paciente e maior chance de óbito.
A classificação da proteinúria deve ser realizada de acordo com o quadro abaixo:
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Apresentação clínica
A anamnese e o exame físico dos animais em estágios mais avançados geralmente revelam baixo escore de condição corporal (ECC), desidratação, poliúria, polidipsia, sarcopenia, perda de qualidade da pelagem e sinais de uremia, como anorexia, halitose, letargia e fraqueza.
Abordagem terapêutica
Os objetivos da abordagem terapêutica clínica do paciente nefropata são:
- Atenuar sinais clínicos da uremia;
- Manter a hidratação e corrigir distúrbios eletrolíticos;
- Diminuir a proteinúria;
- Reduzir velocidade de progressão da doença;
- Promover qualidade de vida;
- Aumentar tempo de sobrevida.
A terapia deve ser personalizada para cada paciente com base em critérios clínicos e achados laboratoriais. Como a DRC é dinâmica, terapia multimodal e avaliações frequentes são necessárias. Além disso, ajustes no tratamento devem ser realizados de acordo com a resposta individual de cada animal.
Aspectos nutricionais
A abordagem nutricional coadjuvante com dieta personalizada e formulada especificamente para gatos e cães com DRC exerce papel-chave na atenuação das manifestações clínicas da doença, e a ciência fornece diversas evidências de que seu uso contribui para o aumento do tempo de sobrevida dos animais acometidos. Seus objetivos são:
- Estimular o apetite devido a alta palatabilidade;
- Garantir ingestão em quantidade adequada de calorias e de nutrientes;
- Manter o peso saudável e a massa muscular;
- Evitar desnutrição calórico-proteica;
- Amenizar efeitos da uremia com o uso de proteínas de alta digestibilidade em quantidade adequada, que diminuem a produção de
compostos nitrogenados; - Auxiliar na manutenção ácido-básica pelo uso de substâncias alcalinizantes.
Para conteúdos mais detalhados sobre a dieta personalizada para gatos e cães com DRC, leia:
- O papel da nutrição na insuficiência renal em cães
- Manejo nutricional na doença renal crônica felina
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Referências bibliográficas
BARRIO, M.A.D.; Doença Renal Crônica: Revisão Técnica. Boehringer Ingelheim. 2020.
HARLEY, L.; LANGSTON, C. Proteinuria in dogs and cats. Can Vet J, 2012.
International Renal Interest Society (IRIS). Disponível em:
<http://www.iris-kidney.com/guidelines/staging.html>. Acesso em 10/04/2021.
Pesquisa CVA Vets. CVA Solutions, 2021.
KUWAHARA, Y. et al. Use of urine albumin/creatinine ratio for estimation of proteinuria in cats and dogs. J Vet Med Sci, 2008.
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