Criptorquidismo em cães e gatos

Criptorquidismo em cães e gatos

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O criptorquidismo é um quadro frequente na clínica de pequenos animais. Ele pode resultar na infertilidade do macho, além de outras complicações, como o surgimento de neoplasias. Saiba como diagnosticar e quais são as formas de manejo e tratamento para os seus pacientes.

O criptorquidismo é uma afecção caracterizada pela ausência de um ou ambos os testículos na bolsa escrotal. Pode ser genético ou adquirido e afeta o trato reprodutivo de gatos e cães machos, acometendo também diversas outras espécies de animais (MELO, 2018).

Algumas condições, como as alterações no mecanismo de termorregulação testicular e o próprio criptorquidismo podem influenciar na espermatogênese (produção de espermatozóides), podendo interferir diretamente na reprodução dos animais (REIS, 2021). Portanto, o uso dos machos acometidos para a reprodução não é indicado devido a alta possibilidade de que os filhotes herdem o problema, tendo risco genético aumentado para o desenvolvimento do criptorquidismo.

Além disso, os animais acometidos podem desenvolver diversas complicações, como a atrofia peniana ou testicular, infertilidade transitória ou permanente e, até mesmo, certos tipos de neoplasias.

A seguir, veja todos os detalhes sobre o criptorquidismo, formas de diagnosticar a afecção e sugestões de manejo dos pacientes.

O que é o criptorquidismo?

O aparelho reprodutivo dos machos pode apresentar variações conforme a espécie, sendo geralmente constituído por pênis, testículos, prepúcio, ductos deferentes, uretra, epidídimos, ampolas dos ductos deferentes, próstata, glândulas bulbouretrais e glândulas seminais. Porém, diferente dos gatos, os cães possuem ainda o osso peniano (OLIVEIRA, 2021).

Os testículos são gônadas suspensas pela bolsa escrotal através do músculo cremaster externo e pelo cordão espermático, localizado na região subanal nos gatos e na perineal nos cães (OLIVEIRA, 2021). Esse órgão, que faz parte do sistema reprodutivo de diversas espécies de animais machos, possui funções essenciais, como a produção de espermatozoides e a sintetização hormonal de grande parte da testosterona (REIS, 2021).

A partir do quinto dia de nascimento do macho, os testículos começam a se desenvolver na cavidade abdominal e dependerão do gubernáculo para descer ao saco escrotal até os seis meses de vida do animal (OLIVEIRA, 2021). Geralmente, os testículos alcançam a posição escrotal final até os seis meses de idade do animal.

Porém, em alguns casos, pode ocorrer o criptorquidismo, que é uma falha na descida de um ou ambos os testículos até o escroto (MOYA et al, 2021), podendo haver a instalação dos mesmos nas regiões pré-inguinal, pré-escrotal ou na cavidade abdominal do animal acometido (OLIVEIRA, 2021).

Principais causas de criptorquidismo

A incidência de criptorquidismo em cães varia entre 0,80% e 9,80% em média. Porém, mesmo que com menor frequência, o criptorquidismo em gatos também pode ocorrer, tendo incidência média de 1,70% (MOYA et al, 2021).

O criptorquidismo pode ser unilateral ou bilateral (OLIVEIRA, 2021) e é uma alteração congênita que pode estar relacionada a um fator hereditário autossômico recessivo do trato reprodutivo dos machos, sendo frequente o acometimento de gatos e cães, mas essa condição também pode se manifestar em outras espécies de animais (REIS, 2021).

Cerca de 75% dos casos de criptorquidismo em cães se manifesta de forma unilateral, com tendência elevada de retenção do testículo direito (MOYA et al, 2021). Já os casos bilaterais ocorrem com menor frequência.

O desenvolvimento neoplásico ocorre com maior incidência nos cães criptorquidas senis, que são os casos em que o problema foi subdiagnosticado ou apenas não tratado. Entretanto, gatos e cães jovens também podem apresentar o quadro.

Predisposição racial

O criptorquidismo pode ocorrer em animais de todas as raças e porte, mas é mais frequente ocorrer nas raças de cães de pequeno e médio porte, como (MOYA et al, 2021):

  • Poodle;
  • Yorkshire;
  • Chihuahua;
  • Boxer;
  • Buldogue Inglês;
  • Dachshund;
  • Schnauzer miniatura.

Sinais clínicos

Dentre as principais manifestações clínicas e possíveis complicações, o paciente pode apresentar (REIS, 2021; MELO, 2018):

  • dermatopatias e hipoplasia testicular geradas por hiperestrogenismo;
  • sensibilidade e aumento de volume na região abdominal;
  • subfertilidade ou infertilidade transitória ou permanente;
  • comportamento reprodutivo aumentado ou reduzido;
  • atrofia peniana ou pênis infantil;
  • atrofia testicular, sendo caracterizada pela diminuição das dimensões testiculares, com possível aumento ou redução da ecogenicidade do parênquima no exame ultrassonográfico;
  • neoplasias (sertolioma, seminoma e tumor das células intersticiais são os tipos mais comuns);
    outros.

Além disso, embora os testículos ectópicos não produzam espermatozóides, uma vez que a temperatura e outros fatores influenciam na espermatogênese, a sintetização hormonal da testosterona é mantida. Sendo assim, os animais acometidos podem ter alterações hormonais e comportamentais decorrentes do criptorquidismo, resultando em urina com odor forte, comportamento territorial indesejado e, até mesmo, aumento da agressividade (MOYA et al, 2021).

Considerando todos os malefícios resultantes dessa enfermidade, o diagnóstico e o tratamento do criptorquidismo é indicado, visto que o quadro pode se agravar, evoluindo inclusive para uma neoplasia (REIS, 2021).

Diagnóstico de criptorquidismo em cães e gatos

O diagnóstico de criptorquidismo é confirmado através do exame ultrassonográfico em conjunto com a anamnese e exame físico. Porém, mais exames, como hemograma, bioquímicos, cardiológicos e outros, poderão ser solicitados, de acordo com cada caso ou para avaliação pré-anestésica.

O exame ultrassonográfico é essencial para confirmar o diagnóstico e para a tentativa de localização do testículo ectópico, além de auxiliar o cirurgião responsável pelo caso no planejamento cirúrgico.

Embora o Médico-Veterinário possa observar por meio da palpação a ausência testicular de forma unilateral ou bilateral, não deve se basear apenas nisso para o diagnóstico. Ele deve considerar também outros fatores, como a idade do paciente e a importância da localização exata dos testículos, para o tratamento adequado (REIS, 2021).

O exame de tomografia computadorizada pode ser solicitado se o Médico-Veterinário julgue necessário para o caso, pois possibilita a avaliação de infiltração metastática nos linfonodos adjacentes. Entretanto, o exame ultrassonográfico abdominal é mais frequente na rotina veterinária, pois além do custo ser mais acessível para os tutores, também possibilita que o Médico-Veterinário identifique a presença e localização dos testículos, bem como os tamanhos, ecogenicidade e a topografia das estruturas (MOYA et al, 2021).

Outros exames, como a citologia ou a análise histopatológica do material retirado na cirurgia, podem ser solicitados pelo profissional para investigar possíveis neoplasias (REIS, 2021).

Tratamento de criptorquidismo

A retirada do testículo por meio da orquiectomia (castração) é o tratamento de eleição para o criptorquidismo (REIS, 2021). A orquiectomia bilateral é indicada mesmo quando o problema é unilateral, pois o animal provavelmente não será utilizado para reprodução. Diante disso, poderá ser beneficiado com a castração, evitando outros problemas futuros, como torção e/ou tumores testiculares.

Em alguns casos de neoplasias, o animal poderá ser encaminhado a um Médico-Veterinário oncologista para avaliação e tratamento especializado. Porém, quando o problema é identificado de forma precoce, geralmente não há metástases e o tratamento cirúrgico de orquiectomia tende a ser suficiente.

É imprescindível que os exames pré-cirúrgicos sejam realizados para que o Médico-Veterinário anestesiologista e o cirurgião avaliem todos os riscos envolvidos e orientem o tutor sobre o prognóstico do paciente.

Os tratamentos de orquidopexia, hormonal e castração imunológica não são recomendados para o criptorquidismo (REIS, 2021).

Formas de prevenção e recomendações aos tutores

Por ser uma enfermidade que pode estar relacionada a fatores hereditários, o uso dos animais machos acometidos pelo criptorquidismo não é indicado para a reprodução (REIS, 2021). É recomendado que apenas os animais saudáveis sejam usados para a reprodução, sendo essa a forma mais eficaz de prevenir a manifestação do criptorquidismo nas próximas gerações.

O diagnóstico precoce é essencial para um tratamento de sucesso. Portanto, é importante que o animal passe por consultas de rotina desde filhote para que o Médico-Veterinário possa acompanhar o crescimento do pet e identificar essa e outras possíveis alterações que possam vir a comprometer a saúde do animal. Caso o tutor observe alguma alteração comportamental ou a ausência de um ou ambos os testículos no escroto do cão ou gato, também deve levá-lo para avaliação.

É imprescindível que o tutor compreenda que a enfermidade geralmente é silenciosa, porém pode gerar graves complicações, tendo potencial neoplásico. Mais uma vez, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para que o animal tenha um bom prognóstico.

A importância do manejo nutricional adequado

O manejo nutricional de acordo com as necessidades de cada raça, porte e fase de crescimento do animal é primordial para a manutenção da saúde e também para o fortalecimento do sistema imunológico do pet, visando impedir o surgimento de diversas doenças secundárias que podem gerar maiores complicações no quadro, principalmente nos casos de neoplasias.

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Referências bibliográficas

MOYA, Carla Fredrichsen et al. Criptorquidismo bilateral em cão: relato de caso. PUBVET, Guarapuava, v. 15, n. 11, p. 1–6, 2021. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/355823326_Criptorquidismo_bilateral_em_cao_Relato_de_caso. Acesso em: 03 ago. 2022.

REIS, Eid Lara Araújo. Criptorquidismo em cães. Dissertação apresentada ao Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS-MG, Varginha, 2021. Disponível em: http://repositorio.unis.edu.br/bitstream/prefix/1840/1/Eid%20Lara%20Ara%C3%BAjo%20Reis.pdf. Acesso em: 02 ago. 2022.

MELO, Fernando de Oliveira. Estudo retrospectivo da casuística de criptorquidismo em cães e equinos no hospital veterinário no período de 2015 a 2018. Dissertação apresentada à Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Areia, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/12461. Acesso em: 03 ago. 2022.

OLIVEIRA, Wiane de Almeida. Castração precoce em cães e gatos: benefícios e malefícios. Dissertação apresentada ao Centro Universitário AGES, Paripiranga, 2021. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/20702/1/MonografiaCastra%C3%A7%C3%A3oPrecoce.pdf Acesso em: 02 ago. 2022.