4 Principais causas de polidipsia em cães e gatos

4 Principais causas de polidipsia em cães e gatos

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A polidipsia ocorre em diferentes patologias. Saiba mais sobre o quadro, suas possíveis causas e diagnostico! 

O aumento da sede acompanhado da polidipsia é um sinal clínico que pode ocorrer em diferentes patologias. O aumento persistente ou repentino da sede sem causa conhecida – como a prática de exercício ou junto com outros sinais de doença – é algo que o tutor pode conseguir identificar e, muitas vezes, é a principal queixa durante a consulta.  

Cabe ao médico-veterinário, portanto, através de diferentes exames, viabilizar um tratamento por meio do diagnóstico de doenças que possam estar associadas a este sinal clínico.  

O que é a polidipsia? 

A polidipsia é o aumento na ingestão hídrica de gatos e cães. Pode ser caracterizada quando a ingestão de água é superior a 90 – 100 mL/kg/dia em cães e superior a 50 mL/kg/dia em gatos. 

Deve-se lembrar que, em animais saudáveis, a ingestão hídrica é variável e pode ser aumentada pela alta temperatura ambiente, prática de exercício e até tipo de alimentação – seja com dietas secas ou úmidas.  

A polidipsia sempre estará acompanhada de poliúria compensatória? 

Polidipsia e poliúria (aumento na produção de urina), normalmente, são relatadas simultaneamente. Assim, quadros de polidipsia podem ser o fator primário em condições de poliúria, porém, o mais comum é que o animal apresente um quadro de poliúria com polidipsia secundária, ou seja, como mecanismo de compensação.  

A causa da polidipsia primária não idiopática em cães e gatos pode incluir a suspeita de distúrbios comportamentais, função alterada do centro da sede hipotalâmico ou estimulação inadequada dos centros da sede – no entanto, estas são suspeitas difíceis de confirmar.  

Em casos de alteração no mecanismo da sede, por exemplo, ocorre um consumo excessivo de água com poliúria secundária; o que, consequentemente, mantém estável a osmolalidade plasmática. 

Apesar disso, o mecanismo da polidipsia primária ainda pode ser associado a algum tipo de distúrbio neurocomportamental (como ansiedade), ao aumento do fluxo sanguíneo renal ou até à uma maior taxa de filtragem medular.  

Devido a ingestão prolongada de grandes quantidades de água, ocorre a produção de grandes quantidades de urina diluída e com ausência de solutos.  

4 principais afecções que podem causar polidipsia 

Diabetes mellitus 

A diabetes mellitus é uma das doenças endócrinas mais comuns em cães e gatos de meia-idade a idosos. Ela pode ser caracterizada por um distúrbio do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, causado por uma deficiência insulínica – podendo ser absoluta ou relativa.  

Os cães geralmente manifestam quadros de diabetes mellitus insulinodependente, onde há redução da capacidade secretora do pâncreas de insulina.  

Já os gatos, em sua maioria, manifestam quadros de diabetes mellitus não insulinodependente – caracterizada por desordens na ação e na produção de insulina ou a resistência periférica a insulina, causando hiperglicemia.  

Com a elevação dos níveis de açúcar na urina, há a necessidade de urinar mais para eliminar o excesso de açúcar. Para compensar a perda urinária de líquidos, portanto, o animal consome mais água – apresentando quadro de polidipsia compensatória.  

Doença renal crônica 

A doença renal crônica (DRC) é uma afecção comum em gatos e cães idosos. É uma doença progressiva que normalmente se desenvolve de forma silenciosa. Muitos tutores associam as manifestações clínicas iniciais a alterações de comportamento devido a idade.  

Com isso, quando o tutor suspeita de algo mais sério, os sinais estão mais evidentes por já haver perda significativa da capacidade renal. Por isso, é importante que o médico-veterinário oriente nos tutores sobre os cuidados com o paciente idoso e os principais sinais clínicos de complicações renais.  

Um dos sinais que o animal com insuficiência renal crônica apresenta é a polidipsia. Isso porque, como há diminuição no número de néfrons funcionais devido a ruptura da arquitetura medular, há também aumento no fluxo tubular nos néfrons remanescentes, ocasionando uma diurese osmótica. 

Consequentemente, há diminuição na capacidade de concentração de urina, aspecto que pode ser a única anormalidade laboratorial indicando a doença renal nos seus estágios iniciais.  

Hiperadrenocorticismo 

O hiperadrenocorticismo (HAC) – ou doença de Cushing – é uma condição causada pela exposição prolongada a altas concentrações de cortisol na corrente sanguínea. O hiperadrenocorticismo pode ser devido em três formas – primário, secundário e iatrogênico – conforme explicado a seguir. 

  • Primário: ACTH dependente. Ocorre devido a neoplasia hipofisária e representa aproximadamente 80% dos casos. Há elevação na produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, causando a elevação da produção de cortisol pelas glândulas adrenais.
     
  • Secundário: neoplasia adrenocorticotróficas (carcinoma/ adenoma adrenocortical) – representa entre 15% e 20% dos casos. A neoplasia adrenal estimula a produção de cortisol e há um feedback negativo na hipófise devido aos níveis elevados, o que ocasiona a redução na produção de ACTH. Por causa da alta produção de cortisol, há atrofia da adrenal não afetada pela neoplasia – e esta variação no tamanho das glândulas pode auxiliar no diagnóstico.
     
  • Iatrogênica – exócrina:  administração excessiva de glicocorticoides por médico-veterinário ou tutor. 

Independente da causa do hiperadrenocorticismo, a elevação dos níveis de glicocorticoides no organismo interfere na ação do hormônio antidiurético (ADH) no túbulo renal. Há, então, a diminuição da secreção de ADH, reduzindo a sensibilidade dos osmorreceptores ao aumento da osmolalidade plasmática, causando o quadro de polidipsia secundaria a poliuria.  

Piometra 

A piometra é uma doença caracterizada por material purulento dentro do útero, e é comum em cadelas não castradas – embora as gatas também sejam afetadas. 

O quadro promove uma infecção bacteriana supurativa aguda ou crônica do útero pós-estro, com acúmulo de exsudato inflamatório no lúmen uterino.  A cadela (ou gata) que apresenta o quadro manifesta uma variedade de sinais clínicos, que podem ser fatais em casos graves. 

A doença se desenvolve durante a fase lútea e a progesterona desempenha um papel fundamental no estabelecimento da infecção por bactérias oportunistas ascendentes. O patógeno mais frequentemente isolado da piometra uterina é a Escherichia coli (E. coli).  

As endotoxinas de E. coli interferem na reabsorção de sódio e danificam os receptores de ADH nos rins, causando o quadro de polidipsia. 

Como identificar que o paciente realmente está apresentando polidipsia?  

O processo de diagnóstico de presença de polidipsia – primária ou compensatória – deve vir acompanhado de uma série de etapas investigativas.  

1. Deve-se confirmar a presença da polidipsia

Durante a anamnese, o médico-veterinário deve diferenciar os quadros de polidipsia e/ou poliuria. A polidipsia sem poliúria pode ser observada em animais com perda de água não urinária, como diarreia ou respiração ofegante excessiva.

2. Sinais clínicos, histórico e exame físico  

Conforme descrito, a idade e o sexo podem ser úteis para refinar a lista diferencial de poliúria e polidipsia. Por exemplo, o hipertireoidismo é comum em gatos mais velhos e a piometra deve sempre ser considerada em fêmeas inteiras. Medicamentos administrados recentemente – incluindo glicocorticóides, diuréticos e fenobarbital – causam poliúria e polidipsia de maneira dose-dependente. Se possível, os medicamentos devem ser descontinuados ou a dose reduzida antes de investigações adicionais. 

3. Urinálise  

A análise da densidade urinária é o passo inicial para diagnosticar a polidipsia.  Através da determinação dos valores da densidade urinária, o médico-veterinário consegue inferir sobre o funcionamento dos rins e indicar sua capacidade de filtragem e reabsorção de água pelos túbulos renais. 

4. Exames laboratoriais 

Diferentes patologias apresentam alterações no hemograma e bioquímica sérica – como o hiperadrenocorticismo, DRC e diabetes, por exemplo. Os resultados das análises clínicas possibilitam informações para o diagnóstico das diferentes afecções que causam polidipsia em pequenos animais. 

5. Teste de privação de água 

O teste de privação de água (contraindicado em animais com doença renal) é um teste útil da função tubular e está indicado para avaliação de animais com polidipsia e poliúria confirmadas. O objetivo deste teste é determinar se um cão consegue concentrar sua urina em resposta à desidratação, ou seja, se ele consegue liberar ADH e se os rins são capazes de responder a esse hormônio. 

O teste é realizado para distinguir entre polidipsia primária, diabetes insípido central e diabetes insípido nefrogênico primário. É essencial garantir que todos os outros diagnósticos diferenciais tenham sido excluídos antes de optar pelo teste de privação de água. 

A importância do manejo nutricional e hídrico para a saúde do paciente 

O manejo nutricional e hídrico de gatos e cães é importantes para manutenção da saúde do animal. Os alimentos da Royal Canin® são elaborados com o objetivo de atender as necessidades energéticas e nutricionais dos animais, visando aumentar a quantidade e a qualidade de vida de cães e gatos.  

Uma forma de o tutor estimular a ingestão hídrica é por meio do fornecimento de alimentos úmidos – que possuem cerca de 80% de água na sua composição e elevam a ingestão voluntaria de água do pet, segundo estudos a respeito dos animais que consomem alimentos úmidos. 

 

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Referências Bibliográficas 

Bruyette, D. S. Diagnostic approach to polyuria and polydipsia (Proceedings). Acesso em: 25/10/2023 

Fonseca, L.A. et al. Poliúria e polidipsia sob o ponto de vista clínico-laboratorial. PUBVET, v. 3, n. 24, 2009. Acesso em: 25/10/2023 

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Nelson, R. W., Couto, C.G. Small Animal Internal Medicine, 6th ed. Elsevier – Health Sciences Division, 2020.  

Shiel, R. Polyuria and Polydipsia. In ETTINGER, J. S; FELDMAN, E.C. Textbook of veterinary internal medicine. 8ed. Elsevier Saunders, 2017.  

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