Os benefícios do psyllium para os cães e como incluí-lo na dieta ou suplementação

Os benefícios do psyllium para os cães e como incluí-lo na dieta ou suplementação

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Entenda a forma de atuação do Psyllium no organismo dos cães e saiba como ele pode ser utilizado na alimentação ou suplementação do animal. 

O Psyllium é uma fibra funcional, de origem vegetal, com características solúveis e insolúveis, que pode promover vários benefícios à saúde dos cães. A sua capacidade de formar um gel viscoso destaca-se como uma excelente alternativa para promover a regulação de desordens gastrointestinais, além de oferecer suporte no controle glicêmico e na redução de níveis de colesterol.  

Vamos explorar os mecanismos de ação do Psyllium para os cães e compreender os resultados esperados a partir da sua adequada implementação na dieta ou na suplementação do paciente.  

O que é o Psyllium?

O Psyllium é uma fonte natural e concentrada de fibras solúveis formadoras de um gel derivado das cascas dos seus grãos (Planteginaceae sp.). É considerado um hidrocoloide, polissacarídeo composto, devido a sua capacidade de absorver várias vezes seu peso em água e formar um gel viscoso.  

Isso confere ao Psyllium propriedades funcionais como solubilidade e viscosidade, que promovem benefícios nutricionais, fazendo com que seja comumente utilizado para regular desordens gastrointestinais.  

Além disso, seu uso pode ser aplicado como uma terapia adjuvante ao Diabetes mellitus e, ainda, pode ajudar na redução das taxas de colesterol.   

Origem botânica, estrutura e propriedade químicas 

O Psyllium, ou Planteninaceae (há várias espécies), habita principalmente os países Mediterrâneos, sendo Índia, Irã e Paquistão grandes produtores mundiais. Os grãos são pequenos, de coloração escura e vermelha amarelada, inodoro e quase insípido.  

Figura 1: Sementes do Psyllium. Fonte: Ministério da Saúde, 2020.

 

A fração ativa é a casca, a epiderme dos grãos. Ela contém uma mucilagem hidrossolúvel, que consiste em um arabinoxilano, ácido altamente ramificado (cadeia não linear de átomos), composto principalmente por diferentes monossacarídeos como xilose, arabinose, galactose, ramnose, glicose e manose.  

A composição de monossacarídeos pode variar de acordo com os métodos de separação ou purificação do Psyllium. 

Como ocorre a ação do Psyllium no organismo? Entenda os principais usos! 

O Psyllium é único no modo de agir como uma fibra hidrossolúvel, mas também se comporta como uma fibra insolúvel, aumentando o bolo fecal. Quando adicionado à água, ele aumenta em, pelo menos, 10 vezes seu tamanho original e é rapidamente circundado por uma mucilagem incolor.  

Devido a essas propriedades, o Psyllium é usado principalmente em casos de patologias gastrointestinais, como gel laxativo ou antidiarreico. As características de solubilidade e viscosidade também produzem efeito hipocolesterolêmico e podem trazer benefícios para pacientes acometidos com Diabetes mellitus, quando o Psyllium é utilizado como adjuvante dietético. 

Vamos entender como o Psyllium atua em cada uma dessas condições. 

1. Regulação de desordens intestinais

Quando administrado com grandes quantidades de líquidos, o Psyllium é usado como um laxante natural efetivo em humanos, animais de produção e cães, pois aumenta a viscosidade aparente de extratos fecais aquosos e misturas fecais. 

O uso de Psyllium para cachorro com o intuito de regular a consistência das fezes é de grande interesse, especialmente em indivíduos sensíveis, tais como filhotes, cães de esporte ou cães que sofrem de desordens gastrointestinais, incluindo constipação e diarreia. 

A lubrificação induzida pelo gel de Psyllium facilita a propulsão do conteúdo do cólon, estimula o peristaltismo e auxilia, portanto, nos casos de constipação. O Psyllium também possibilita aumentar e melhorar a consistência e a viscosidade das fezes em casos de diarreia.  

Dessa forma, uma mesma fibra possui propriedades elevadas que são benéficas tanto em casos de escore fecal baixo como alto. 

2. Redução dos índices de colesterol

O efeito hipocolesterolêmico do Psyllium alimentar tem sido demonstrado em estudos com humanos, macacos, coelhos, porcos, frangos e hamsters. Anderson et.al. (2000) relata que houve diminuição significativa das concentrações séricas de LDL (Low Density Lipoprotein) e de colesterol total em homens e mulheres com hipercolesterolemia primária após o consumo de 5,1g de Psyllium, duas vezes ao dia – provavelmente por afetar o metabolismo intravascular das lipoproteínas. 

Outro estudo constatou que a ingestão de biscoitos contendo a combinação entre esterol vegetal e Psyllium reduziu significativamente as concentrações plasmáticas de colesterol total e LDL em aproximadamente 7 e 10%, respectivamente.  

Assim, foi demonstrado que essa terapia nutricional desencadeou alterações nas subfrações de lipoproteínas no compartimento intravascular (SHRESTHA et. al., 2006). 

3. Controle glicêmico 

Em humanos, o Psyllium aumenta o controle glicêmico em pacientes com Diabetes tipo II, reduzindo as concentrações de glicose sanguínea pós-prandial. Segundo Riguad et.al. (1998), o consumo de 7,4g de Psyllium por dia reduziu significativamente os aumentos pós-prandiais nas concentrações séricas de glicose, insulina e triglicérides. 

O gel formado através das propriedades do Psyllium promove a diminuição da absorção intestinal de glicose e, como a viscosidade da refeição aumenta, o tempo de esvaziamento gástrico/refeição é prolongado. Esse efeito também é observado em cães, espécie na qual o maior teor de fibras alimentares pode também refletir em perda de peso (CHANDLER, 2012). 

Formas de fornecimento de Psyllium para os cães

O fornecimento de Psyllium para cães pode ser realizado de diferentes formas, dependendo da condição ou do quadro clínico constatado pelo médico-veterinário, levando em consideração os efeitos da inclusão dessa fibra alimentar que são desejados para cada caso. 

Alimentação

Alimentos comerciais para cães e gatos, de excelente qualidade, podem já apresentar em sua formulação a adição de Psyllium. Esses produtos são desenvolvidos com base em estudos para atender às necessidades específicas de cada espécie.  

Além disso, existe a preocupação em manter a palatabilidade, já que a adição de fibras ao alimento pode torná-lo menos atrativo. Dessa forma, podemos facilitar a manutenção do consumo, mesmo por pacientes mais exigentes.  

Suplementação 

A suplementação com Psyllium pode ser realizada através de sua apresentação em pó ou grânulos, que será adicionada ao alimento na hora de servir a refeição. Porém, isso pode levar à rejeição do alimento por pacientes seletivos e mais exigentes.  

Por isso, a apresentação em cápsulas ou tabletes pode ser uma melhor escolha, pois garantirá a ingestão do Psyllium no momento da administração, controlada pelo tutor. 

Os gatos também podem ser beneficiados com o uso do Psyllium?

Assim como em cães, os gatos também podem receber benefícios decorrentes do efeito do Psyllium em seu organismo. Por ser uma fibra solúvel e com baixa fermentabilidade, capaz de reter bastante quantidade de água, seu uso aumenta a frequência e melhora a consistência das fezes. 

Freiche et.al. (2011) concluiu que a utilização de uma dieta seca expandida enriquecida com Psyllium pode ser benéfica no tratamento da obstipação crônica/constipação em gatos.  

Além disso, pode-se destacar a recomendação do uso do Psyllium para gatos diabéticos, uma vez que a dieta também promoverá os efeitos de: 

  • retardar do esvaziamento gástrico; 
  • auxiliar na redução da absorção de glicose no intestino delgado; 
  • alterar os tempos de trânsito gastrointestinal; 
  • melhorar a sensibilidade à insulina. 

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Referências bibliográficas

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