Dermatologia canina: pênfigo foliáceo

Dermatologia canina: pênfigo foliáceo

Links rápidos:

Pênfigo Foliáceo

Distúrbio cutâneo autoimune mais comum no cão, o pênfigo foliáceo (PF) é uma dermatite autoimune que pode apresentar formação de pústulas ou de crostas. Afeta a epiderme, tendo como alvo diversas moléculas de adesão, principalmente os desmossomos, que mantém os queratinócitos unidos. Em PF humano, a glicoproteína desmogleína-1 (DSG1) no desmossomo é o alvo primário dos autoainticorpos, sendo que, anteriormente, suspeitava-se que a mesma glicoproteína era o alvo primário em cães. Contudo, agora acredita-se que ela seja um antígeno secundário, com evidências sugerindo  que a desmocolina-1 seja o antígeno principal  no PF canino.

Aparentemente, fatores genéticos exercem alguma influência no desenvolvimento de PF, com Akitas e Chow- Chows sendo as raças consideradas de maior risco. Entre os desencadeadores estão doenças cutâneas crônicas alérgicas e medicamentos (antibióticos, AINEs, soluções anti-pulgapor via tópica[spot-on]), mas omais importante é a luz ultravioleta. A lesão inicial é uma mácula que evolui rapidamente para pústulas, as quais são geralmente grandes e coalescentes. Frequentemente, as pústulas são frágeis e se rompem facilmente, resultando em formação de crostas. Em consequência, as crostas são o sinal clínico mais comum. Podem ser observadas erosões. Ulcerações são raras, mas podem estar presentes em casos complicados com um pioderma profundo. O PF canino geralmente é caracterizado pela formação de crostas, inicialmente envolvendo a face (especialmente a parte dorsal do focinho e o plano nasal) e, posteriormente, evoluindo para uma forma generalizada.

 

Áreas afetadas

 

A citologia de uma pústula intacta ou da pele sob uma crosta geralmente revelará a presença de diversos neutrófilos não degenerados envolvendo queratinócitos acantolíticos individuais ou agrupados, que aparecem como queratinócitos nucleados basófilos grandes e arredondados (Figura 1). A avaliação histológica revela pústulas subcórneas contendo neutrófilos e um número variável de eusinófilos, além de queratinócitos acantolíticos. O tratamento geralmente envolve altas doses de esteroides com um imunossupressor adjuvante e medicamentos tópicos para tratamento localizado.

Lúpus eritematoso discóide

Também chamado de “nariz de collie” ou lúpus eritematoso cutâneo, o lúpus eritematoso discóide (LED) é uma doença ulcerativa benigna sem manifestações sistêmicas. O LED geralmente é localizado no plano nasal, mas pode envolver áreas expostas ao sol na região da pina e periocular, e existem relatos de variantes generalizadas. O sinal clínico mais comum é a perda inicial da arquitetura em “calçamento de pedras” do plano nasal, evoluindo para despigmentaçãoe descamação. Com cronicidade, podem ocorrer erosões, ulcerações e formação de crostas. Nos casos da variante generalizada, é possível observar placas anulares hiperpigmentadas ao redordopescoço, tronco e extremidades.

A histopatologia revela degeneração de células basais de interface (apoptose), com um moderado infiltrado liquenóide pleocelular da derme. Como essa doença pode ter aparência bastante semelhante ao pioderma mucocutâneo, tanto em termos clínicos como histopatológicos, a avaliação citológica do plano nasal abaixo da crosta pode ser útil. Recomenda-se o tratamento do pioderma mucocutâneo caso haja presença de bactérias. Na maioria dos casos de LED, é necessário o uso de imunossupressores potentes. Uma abordagem imunomoduladora sistêmica, utilizando uma tetraciclina (doxiciclina, minociclina) e niacinamida em combinação com uma terapia tópica (esteroides tópicos, tacrolimo) geralmente obtém êxito no controle da doença. Em casos refratários ou severos, inicialmente podem ser necessárias altas doses de corticosteroides. Nas variantes generalizadas reportadas, hidroxicloroquina ou ciclosporina foram os tratamentos eficazes. Como a luz solar exerce um papel significativo no LED, é importante que a exposição ao solo seja minimizada, evitando o sol e utilizando protetores solares. A suplementação de vitamina E (400 IU por dia) também pode ser útil.

 

Referência bibliográfica:

Artigo escrito pela Drª Amy Shumaker. O conteúdo completo você confere aqui