6 fatores de risco para obesidade em gatos

6 fatores de risco para obesidade em gatos

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Entender esses pontos auxiliará o médico-veterinário na compreensão e na prevenção da obesidade em gatos; veja os detalhes

A obesidade é uma síndrome clínica que se refere ao acúmulo excessivo de gordura corporal e é considerada o distúrbio nutricional mais comum em gatos. Há relatos de que a prevalência de sobrepeso e obesidade em diversos países varie entre 19 e 55% para os gatos.

Para lidar com essa enfermidade, é de grande valia entender os fatores de risco para a obesidade felina. Eles englobam predisposição racial, estilo de vida dos gatos domésticos e outros pontos importantes. Saiba mais:

Fatores de risco para a obesidade em gatos

1. Racial e genético

Frayling e colaboradores (2007) sugeriram que a genética desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de obesidade em seres humanos. Considerando as predisposições raciais relatadas em gatos e cães, as influências genéticas também são muito prováveis nessas espécies.

Na espécie felina, diversos estudos identificaram que os gatos de raças mistas tinham uma probabilidade quase duas vezes maior de estarem acima do peso ideal do que aqueles pertencentes a raças puras (Fettman, 1997; Kanchuk et al., 2003; Belsito et al., 2009).

Em um estudo sobre raças felinas puras, Kienzle e colaboradores (2011) salientaram que gatos castrados da raça Norueguês da Floresta tinham uma probabilidade maior de estarem acima do peso que aqueles sem pedigree ou raças Oriental de pelo curto e Siamês.

2. Idade

A meia-idade é um fator de risco peculiar de obesidade em gatos e cães. Em felinos, por exemplo, a prevalência de obesidade e sobrepeso é maior entre 5 e 11 anos de idade.

Contudo, a fim de auxiliar na prevenção do ganho de peso excessivo, o crescimento de gatos deve ser acompanhado de perto desde as primeiras visitas ao médico-veterinário. Quanto mais precoce a identificação do aumento de peso, mais rápido será o alcance do peso meta, ou peso ideal.

3. Sexo, estado reprodutivo e castração

Estudos apontam que a castração aumenta a taxa de incidência de obesidade. Os gatos castrados têm uma probabilidade 3,4 vezes maior de ser obesos do que os inteiros ou não castrados, segundo estudo desenvolvido por Scalett e colaboradores (1994). Acredita-se que os hormônios sexuais influenciem a ingestão alimentar e o peso corporal, seja por via direta ou indireta.

Além disso, a castração altera o comportamento alimentar. Após a realização desse procedimento, os gatos parecem menos capazes de regular o consumo de alimento. Por essa razão, eles tendem a comer mais e, consequentemente, a ganhar peso (Fettman, 1997; Kanchuk et al., 2003; Belsito et al., 2009).

O aumento no consumo alimentar parece ocorrer muito rapidamente após a castração. Um estudo realizado por Kanchuk e colaboradores (2003) sugeriu que a ingestão alimentar diária de gatos castrados foi significativamente maior que a de gatos inteiros ou não castrados em apenas 48 horas depois do procedimento.

A castração é frequentemente combinada com um declínio na atividade física. Belsito e colaboradores (2009) avaliaram os níveis de atividade com o uso de coleiras específicas para isso em 8 fêmeas da espécie felina após a castração. Da semana 0 à semana 24, a atividade diária total diminuiu por volta de 52%, especialmente após a diminuição na luminosidade.

4. Peso corporal com 1 ano de idade

Descobertas recentes revelaram que, nos gatos, o peso corporal com 1 ano de idade é um fator de risco importante para o sobrepeso (Serisier, 2012).

Um estudo com 80 gatos de colônias de 14 raças diferentes foi acompanhado por um período de 8 anos e meio. Durante esse tempo, os gatos foram alimentados em um esquema ad libitum com vários tipos de alimento seco e os efeitos de vários fatores, tais como: idade, sexo, ingestão alimentar, tipo de habitação, peso corporal com 1 ano de idade, foram avaliados. Os resultados revelaram que o peso corporal com 1 ano de idade era um fator de risco importante para o sobrepeso e a obesidade e poderia ser usado para predizer a probabilidade de desenvolvimento de sobrepeso nos gatos.

5. Estilo de vida

O estilo de vida sedentário e a falta de exercícios são os principais fatores no desenvolvimento de obesidade. É um ciclo vicioso, já que os animais obesos apresentam uma capacidade reduzida de locomoção e são menos ativos.

Nossos gatos domésticos têm pouco em comum quando comparados com seus ancestrais: eles vivem um estilo de vida extremamente sedentário, são castrados e com frequência, superalimentados.

Além disso, eles tendem a viver em um espaço restrito com falta de exercícios diários, tanto em termos de duração como de intensidade. Os gatos sedentários costumam dormir mais do que os não domesticados (12 a 18 horas versus 12 horas no máximo), o que pode exercer grande influência sobre o gasto energético e, como resultado, sobre o controle do peso corporal.

6. Práticas alimentares

As causas nutricionais expostas a seguir são fatores de risco para a obesidade:

  • Consumo alimentar que não leve em conta as necessidades energéticas;
  • Esquema de alimentação ad libitum;
  • Suplementos na forma de guloseimas ou suplementos de ácidos graxos que não são contabilizados no aporte energético total;
  • O fornecimento de alimentos extras muito apetitosos e saborosos, ricos em gorduras e açúcares solúveis.

A alimentação no relacionamento entre o homem e seu animal doméstico pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da obesidade. Essa relação pode ser caracterizada por um comportamento antropomórfico excessivo ou, até mesmo, um antropocentrismo.

Os tutores de gatos obesos frequentemente interpretam qualquer procura de seu animal de estimação como um pedido por comida. Muitos interpretam mal alguns comportamentos de marcação (como o ato de se esfregar contra as pernas do tutor) como um pedido de comida e, com isso, acabam enchendo a tigela!

Efetivamente, eles acham que estão certos, porque logo observam o gato apanhando alguns croquetes, estabelecendo um hábito que pode facilitar o desenvolvimento da obesidade.

Se o tutor responder a essas solicitações com alimentos, esse comportamento de pedir por comida poderá se tornar um ritual, impulsionado e auxiliado pelo processo de reforço. Com isso, o excesso de consumo de alimento desordenado levará ao ganho de peso excessivo.

A elucidação dos fatores de risco e a prescrição nutricional auxiliam a prevenir o excesso de peso em gatos.

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Referências bibliográficas

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Fettman MJ, Stanton CA, Banks LL, Hamar DW, Johnson DE, Hegstad RL and Johnston S. Effects of neutering on bodyweight, metabolic rate and glucose tolerance of domestic cats.Res Vet Sci,Mar-Apr; 62(2): 131-6,1997.

Frayling TM et al. A common variant in the FTO gene is associated with BMI and predisposes to childhood and adult obesity. Sceince 316:889-894,2003.

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Kienzle E, Bergler R, Mandernach A. Comparison of the feeding behaviour and the man-animal relationship in owners of normal and obese dogs. J Nutr,128: 2779S-2782S,1998.

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Serisier et al. A 8,5 year longitudinal study to identify risk factor of obesity in colony cats.AVCIM congress 2012. New Orleans