Qual a importância do ômega 3 para gatos e cães?

Qual a importância do ômega 3 para gatos e cães?

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Ácidos graxos poli-insaturados das famílias ômega 3 e ômega 6 promovem inúmeros benefícios para a saúde animal; saiba onde encontrar esses nutrientes e quais são as formas de usá-los na dieta de gatos e cães

Os ácidos graxos são os principais constituintes dos lipídeos e se caracterizam pelo número de átomos de carbono que os compõem. Dentre eles, o destaque vai para aqueles das classes ômega 3 e ômega 6, com importância reconhecida tanto na medicina veterinária quanto na medicina humana.

Separamos neste artigo os principais usos e benefícios desse nutriente na dieta de gatos e cães.

Entendendo o que são ácidos graxos

Os ácidos graxos são substâncias orgânicas que podem ser classificados em ácidos graxos de cadeia curta, média ou longa (Figura 1). Podem ainda ser classificados como saturados, insaturados, monoinsaturados, ou poli-insaturados.

ácidos graxos
Figura 1: Ilustração esquemática da estrutura dos ácidos graxos de cadeia curta, média e longa.
Fonte: Guia de Nutrientes. Instituto Waltham, 2006.

Ômega 3 x ômega 6

Devido à especificidade enzimática envolvida nos processos de ligação, os ácidos graxos insaturados não podem ser convertidos entre famílias (por exemplo, um ácido graxo ômega 3 não pode ser convertido em ômega 6 ou ômega 9).

O ácido linoleico (ômega 6) é um macronutriente precursor do ácido araquidônico que é responsável por dar início à cascata da inflamação. Ou seja, é pró-inflamatório e pode ser encontrado em fontes de origem vegetal, como por exemplo óleo de girassol e de soja ou sementes de algodão (FREITAS, 2020).

Já o ômega 3 é um ácido linolênico, não sendo precursor do ácido aracdônico. Ambos devem ser inseridos na dieta de cães e gatos conforme a recomendação da proporção ideal para cada animal, assim os efeitos desejáveis poderão ser melhor aproveitados (FREITAS, 2020).

A dose ideal de ômega 3 e ômega 6 para cães e gatos não é conhecida, podendo variar para cada animal conforme peso, preexistência de doenças e outros fatores. Um animal pode fazer o uso de suplementos quando recomendado pelo Médico-Veterinário, ou ainda se alimentar de rações secas ou úmidas que já contenham esses nutrientes. Portanto, é essencial o acompanhamento do profissional para a indicação da necessidade e dosagem ideal de acordo com cada paciente.

Ômega 3 EPA e DHA

Tanto o ômega 3 como o ômega 6 são ácidos de cadeia longa e apresentam mais de uma ligação entre seus carbonos. Sendo assim, são classificados como ácidos graxos poli-insaturados (FREITAS, 2020; BARROS, 2018).

Os ômegas 3 de maior importância clínica são o EPA (eicosapentaenoico) e o DHA (docosahexaenoico). O EPA possui 20 carbonos com 5 ligações duplas, enquanto o DHA apresenta 22 carbonos com 6 ligações duplas. A característica que os classifica como ômega 3 é a primeira dupla ligação entre seus carbonos, que está localizada no 3º carbono da cadeia. Por isso a denominação [20:5n-3] e [22:6n-3] para EPA e DHA, respectivamente.

A importância do ômega 3 na dieta dos pets

O uso terapêutico de óleo de peixe em humanos foi reportado pela primeira vez em 1783, em pacientes que apresentavam reumatismo. Uma revisão extensa do uso do ômega 3 para gatos e cães foi publicada em 1991, marcando o início da investigação científica dos potenciais benefícios deste elemento na medicina veterinária (BAUER, 2011).

A inflamação é a base para o desenvolvimento e perpetuação de diversas afecções. Com isso, atualmente acredita-se que o fornecimento destes nutrientes em quantidades adequadas por meio da dieta seja essencial para a manutenção de inúmeras funções orgânicas, como a saúde da pele, dos rins, do trato gastrointestinal, de tecidos neurais e dos sistemas cardiovascular e imunológico. Além disso, pode também prevenir alterações metabólicas que possam levar ao desenvolvimento de distúrbios endócrinos e até mesmo neoplasias.

Para completar, os ômegas são nutrientes que devem ser obrigatoriamente fornecidos na dieta de gatos e cães, uma vez que são sintetizados endogenamente de forma muito limitada pelo organismo desses animais.

Quais são as fontes de ômega 3

O ômega 3 pode ser encontrado em fontes de origem vegetal e animal, como nozes, castanhas, óleos extraídos de peixes e também nas algas. EPA e DHA também estão presentes nos fitoplânctons e nas algas unicelulares.

É importante ressaltar que não é qualquer peixe que possui o nutriente, mas, sim, os que vivem em regiões de águas frias e salgadas, como o salmão, cavala, solha, arenque, capelin, bacalhau e outros.

O animal poderá consumir esses nutrientes através de suplementos ou pela dieta através de alimentos recomendados pelo Médico-Veterinário. Durante o processo de fabricação dos alimentos para cães e gatos, o ômega é inserido na formulação do produto na forma de aditivos, visando fornecer o nutriente na dieta.

A ROYAL CANIN® possui uma ampla linha de alimentos para cães e gatos ricos em fontes de ômega 3, como por exemplo:

Principais benefícios do ômega 3 para cães e gatos

Os principais benefícios comprovados do ômega 3 para cães e gatos são (FREITAS, 2020):

  • Promove a modulação da resposta inflamatória, pois o EPA compete com o ácido araquidônico (ômega 6) na cascata da inflamação, dando origem aos eicosanoides (principalmente prostaglandinas) da série ímpar, que são considerados menos inflamatórios e de menor capacidade quimiotática que os eicosanoides gerados de ácidos graxos da família do ômega 6.
  • O DHA é essencial para o desenvolvimento cerebral, auxiliando na maturação do sistema nervoso e na capacidade de aprendizado de animais jovens.
  • EPA e DHA estão presentes em grande quantidade na retina e no sistema nervoso central, aumentando a capacidade visual e a função cognitiva (Figura 2).
ômega 3
Figura 2: Ilustração esquemática do papel do EPA & DHA na função cerebral e da retina.
Fonte: Guia de Nutrientes. Instituto Waltham, 2006.

Em animais saudáveis ou com patologias, além dos benefícios citados acima, esses ácidos graxos possuem papel importante no controle e prevenção de doenças crônicas como cardiopatias, nefropatias, neoplasias e osteopatias. Além disso, também são precursores de ceramidas, que auxiliam na hidratação cutânea e proporcionam o brilho da pelagem. Portanto, são essenciais para o bom funcionamento do organismo do gato e do cão.

A suplementação com ácidos graxos pode ser indicada pelo Médico-Veterinário, de acordo com cada caso, visando a profilaxia de alguma possível patologia futura.

Principais indicações em tratamentos de doenças

Em diversas doenças e situações o Médico-Veterinário poderá indicar a associação dos ácidos graxos no tratamento do pet (BARROS, 2018). Vejamos a seguir alguns exemplos:

  • doenças inflamatórias da pele ou lesões cutâneas;
  • dificuldade na cicatrização de feridas;
  • pelagem seca e sem brilho;
  • perda de pelo (alopecia ou rarefação pilosa);
  • quadros inflamatórios em geral;
  • doenças osteoarticulares;
  • proteção cardíaca e renal;
  • neoplasias.

Cuidados e contraindicações no uso do ômega-3 para cães e gatos

Existem poucas evidências de efeitos colaterais no uso destes nutrientes. Todavia, é necessário que haja um equilíbrio na relação entre ômega 3 e ômega 6, caso contrário, podem ocorrer efeitos indesejáveis como a oxidação desses compostos no organismo, além de efeitos pró-inflamatórios e pró-trombóticos ocasionados pelo excesso de ômega 6.

Ao consumir ômega 3 e ômega 6 em altas dosagens e por período prolongado de tempo, o indivíduo também poderá ter vômito, diarreia, diminuição da agregação plaquetária, aumento da peroxidação lipídica e da formação de radicais livres e, intoxicação por metais pesados como o mercúrio encontrado em óleos de peixe.

Como referência em nutrição animal, a ROYAL CANIN® entende a importância do ômega 3 e do ômega 6 na dieta de gatos e cães para a manutenção da saúde ou tratamento de doenças. Desenvolvemos há mais de 50 anos fórmulas exclusivas com fontes ricas destes nutrientes.

Consulte a linha completa de produtos da ROYAL CANIN® e utilize a ferramenta gratuita Calculadora de Prescrições para auxiliar nas recomendações de manejo alimentar do paciente.

Referências bibliográficas

FREITAS, Henrique Antônio; SOUZA, Giovanna Dutra; PEREIRA, Aline Cardoso. Os benefícios do ômega-3 na nutrição de cães e gatos. Jornal MedVet Science FCAA, Andradina, v. 2, n. 2, p. 62-65, 2020. Disponível em: http://www.fea.br/wp-content/uploads/2020/11/Nutricao-v.2-n.2-103p.-2020.pdf. Acesso: 24 abr. 2022.

BARROS, Jéssica; JUNIOR, Daniel P. Ômega-3: Aplicabilidade terapêutica em pequenos animais. Investigação, v. 17, n. 3, p. 28-32, 2018. Disponível em: https://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/2370. Acesso: 24 abr. 2022.

BAUER, John E. Therapeutic use of fish oils in companion animals. Timeline topics in Nutrition JAVMA, V. 239, n. 11, p. 1441-1451, 2011. Disponível em: https://avmajournals.avma.org/view/journals/javma/239/11/javma.239.11.1441.xml. Acesso: 24 abr. 2022.

BRUNETTO, Márcio Antônio. Usos clínicos dos ácidos graxos ômega-3. Informativo técnico Vetnil, 2019. Disponível em: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13884/usos-clinicos-dos-acidos-graxos-omega-3#:~: textos%20%C3%A1ticos%20 graxos%20%C3%B4mega%2D3,risco%20de%20forma%C3%A7%C3%A3o%20de%20 trombos. Acesso: 24 abr. 2022.

GRANDJEAN. Lipídeos. Guia de Nutrientes. Instituto Waltham, 2006.