Ansiedade de separação em cães e gatos: saiba como evitar

Ansiedade de separação em cães e gatos: saiba como evitar

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A ansiedade de separação está associada a diferentes situações de inquietação e estresse; veja como orientar tutores de cães e gatos de forma assertiva visando a prevenção do problema

A ansiedade de separação é um problema comportamental que pode afetar cães e gatos por diferentes motivos. Pelas características comportamentais, os cães geralmente são mais suscetíveis, mas os felinos também são acometidos, já que podem ser bastante apegados ao tutor.

Atualmente, um acontecimento mundial é uma das principais causas do problema: a mudança no formato de trabalho dos tutores.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde decretou estado de pandemia por causa do surgimento de um novo coronavírus (SARS-CoV-2). Isso gerou grandes impactos na rotina dos seres humanos e, consequentemente, no estilo de vida dos seus pets (BOWEN et al; 2020). Os animais domésticos passaram a ficar mais tempo junto com seus tutores, desenvolvendo mais proximidade.

Esses impactos ocorreram devido à grande necessidade de isolamento social para a diminuição dos casos da COVID-19. Houve então a adoção do modelo de trabalho em home office ou híbrido por grande parte das companhias e também a elevação das taxas de desemprego e fechamento de pequenas e médias empresas que não estavam preparadas para os reflexos econômicos.

No entanto, com a queda de casos de COVID-19, a volta à normalidade tende a ocorrer, afetando inclusive parte dos cães e gatos domésticos durante a fase de readaptação. A ausência prolongada do tutor em casa devido ao retorno do trabalho presencial ou híbrido pode causar grande ansiedade, angústia e estresse nos animais domésticos. Tais problemas podem resultar em comportamentos indesejados, como vocalização excessiva, micção ou defecação em locais impróprios e outros.

A Síndrome de Ansiedade de Separação (SAS) é caracterizada por uma série isolada ou associada de respostas fisiológicas e comportamentais que os gatos e cães podem apresentar no momento em que o tutor ou o objeto de apego se ausenta (MACHADO e ANNA; 2017).

Veremos a seguir quais são as principais causas e as melhores formas de evitar o surgimento da ansiedade de separação canina e felina.

O que causa a ansiedade de separação em cães e gatos?

A ansiedade de separação ocorre porque cães e gatos são animais sociáveis e criam vínculos emocionais que podem ser muito profundos com seus tutores. Alguns estudos sugerem que o hiper apego ao tutor ou a um objeto de apego é uma condição necessária para o surgimento da ansiedade de separação (APPLEBY e PLUIJMAKERS; 2003).

Um estudo identificou que os cães que vivem em lares que possuem apenas um ser humano possuem cerca de 2,5 vezes mais chances de desenvolver a ansiedade de separação em comparação aos animais que vivem em lares com mais pessoas (FLANNIGAN e DODMAN; 2001).

Porém, não há uma causa única para a síndrome. Muitos estudos concluíram que as causas ainda não foram completamente elucidadas. Sabe-se que o transtorno de ansiedade de separação está associado às situações de estresse, ansiedade e angústia nesses animais, como por exemplo (OGATA; 2016):

  • Traumas causados por abandono e negligência.
  • Alterações bruscas no território e na rotina.
  • Solidão do animal em um local desconhecido por ele.
  • Isolamento do animal em algum cômodo, caixa transporte ou gaiola por longo período.
  • Ausência prolongada do tutor.
  • Alterações na alimentação.
  • E outros

Como identificar a ansiedade de separação em cães e gatos?

Sempre que notar qualquer alteração comportamental, é muito importante que o tutor busque orientações do Médico-Veterinário, que pode envolver também outros profissionais especializados em comportamento animal, como biólogos. Esses profissionais são capacitados para recomendar ajustes de manejos com o objetivo de aumentar o bem-estar e a qualidade de vida do pet.

Sabe-se que os sinais clínicos do paciente com ansiedade de separação são inespecíficos. A síndrome pode ser confundida erroneamente com outros tipos de problemas comportamentais. Por isso, o Médico-Veterinário tem papel fundamental no diagnóstico, devendo associar os sinais clínicos apresentados ao histórico do animal para compreender como ocorre o manejo ambiental, nutricional, de higiene e outros.

Na anamnese é possível identificar situações que podem causar ansiedade e estresse no paciente, o que possibilita propor estratégias para reduzir os quadros. Para isso, é importante verificar se há o contato do paciente com outros animais contactantes, se houve mudanças na alimentação, rotina ou mudança para uma nova casa, chegada e adaptação de um novo animal, presença de dor, doenças recentes ou crônicas e outros.

Quais sinais os animais demonstram?

Os animais com ansiedade de separação podem apresentar sinais de excitação autonômica. Os principais incluem (NEVES et al; 2022):

  • Taquicardia.
  • Taquipnéia.
  • Tremor.
  • Salivação excessiva.
  • Vômito.
  • Diarreia.
  • Outros.

Além destes, também são comuns as manifestações comportamentais que podem ser observadas alguns momentos antes de o tutor sair de casa. As alterações podem ocorrer quando quando o animal percebe que o tutor irá sair ou quando está em ausência dele (NEVES et al; 2022; SCHWARTZ; 2002) e podem incluir:

  • Agitação.
  • Redução ou falta de apetite.
  • Micção e defecação em locais impróprios.
  • Vocalização excessiva.
  • Agressividade
  • Escavação ou arranhadura de móveis e objetos.
  • Automutilação.
  • Tricotilomania.
  • Lambedura excessivas.
  • Outros.

Formas de evitar a ansiedade por separação nos cães e nos gatos

Além de identificar precocemente o problema e buscar auxílio profissional especializado, estratégias de prevenção são as formas mais eficazes para impedir o surgimento e o agravamento da ansiedade por separação em gatos e cães. Essas estratégias incluem:

  • Tranquilizar e não agitar o pet ao sair e chegar em casa;
  • Criar uma rotina de passeios, cuidados e brincadeiras entre o pet e todas as pessoas que vivem com ele;
  • Ignorar os comportamentos indesejados e reforçar os bons comportamentos do animal, sempre de forma positiva, com petiscos, elogios ou carinho;
  • Realizar a introdução de um novo animal na casa com a adaptação gradual e sempre sob orientação de um Médico-Veterinário;
  • Levar o animal para conhecer e explorar a casa nova antes de realizar a mudança de domicílio;
  • Não agredir ou punir o animal, pois pode gerar mais ansiedade e reforçar o comportamento indesejado.

Outras ações que evitam a ansiedade de separação em cães e gatos incluem:

Enriquecimento ambiental

A estratégia pode minimizar os sinais de ansiedade por separação e estresse no animal. Vale ressaltar que, muitas vezes, o ambiente inadequado e a falta de estímulos do comportamento natural da espécie causam ansiedade, angústia, tédio e estresse ao animal.

Sendo assim, por meio do enriquecimento ambiental é possível estimular características social, alimentar, sensorial, física e cognitiva do pet. Quando realizado de forma adequada, o enriquecimento ambiental pode propiciar um ambiente muito mais interativo e atrativo ao animal, diminuindo os níveis de estresse e consequentemente proporcionando maior bem estar ao pet (MACHADO e ANNA; 2017).

Mudanças no comportamento dos humanos da casa

Um estudo realizado com 261 tutores revelou que 35,4% destes se despedem dos seus pets de forma muito calorosa antes de sair de casa. Estes momentos geram um pico de ansiedade que pode durar entre 5 e 30 minutos nos animais, estimulando a ansiedade de separação nos cães e nos gatos (NEVES et al; 2022).

Os tutores devem evitar tais comportamentos e adotar outros que visem tranquilizar o animal, evitando picos desnecessários de estresse e ansiedade que podem se tornar eventos traumáticos e corroborar para o surgimento da ansiedade de separação (SHERMAN e MILLS; 2008).

Os profissionais especialistas em comportamento felino e canino devem orientar os tutores sobre a necessidade de ajustes no comportamento humano. Assim, as pessoas que convivem com o pet podem modificar os comportamentos inadequados, adotando ações mais saudáveis para amenizar a ansiedade e o estresse animal, bem como aumentar o seu bem-estar.

Buscar orientações com profissionais especializados

Os profissionais da Medicina-Veterinária e especialistas em comportamento animal devem ser notificados pelos tutores para acompanhamento e recomendação das melhores formas de adaptação do animal às alterações ambientais, na rotina e estilo de vida do pet, tais como:

  • Mudança de emprego ou de domicílio.
  • Alterações no modelo de trabalho do tutor (presencial, híbrido ou home office).
  • Mudanças na rotina da casa devido a viagens, casamento, divórcio, falecimento de familiares ou contactantes e outros.
  • A introdução e adaptação de um novo pet.
  • O nascimento de um bebê humano.
  • Outros.

Com a terapia comportamental, enriquecimento ambiental, ajustes de manejos e, em alguns casos, uso de fármacos e fitoterápicos, é possível minimizar o sofrimento do paciente com ansiedade de separação. Geralmente o prognóstico é favorável, mas é necessário que o tutor siga corretamente as orientações do Médico-Veterinário e dos especialistas em comportamento animal.

<Não esqueça da importância do manejo nutricional adequado

Um animal subnutrido, com alimentação inadequada, que vivencia situações recorrentes de estresse e sofre com ansiedade de separação pode ter a saúde debilitada, já que o elevado nível de estresse afeta diretamente o sistema imunológico.

O manejo nutricional é fundamental para fortalecer o sistema imunológico, pois um alimento balanceado contém todos os nutrientes necessários em sua formulação e contribui para a manutenção da saúde e crescimento do animal.

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Alimento ROYAL CANIN® Mini Relax Care

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Nas últimas décadas, estudos destacaram a eficácia do efeito ansiolítico do hidrolisado de peixe (LANDSBERG et al; 2015; BERNET et al; 2000). Vale destacar que o alimento Mini Relax Care ROYAL CANIN® possui hidrolisado de peixe em sua formulação, auxiliando no efeito ansiolítico e calmante para cães.

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Referências:

APPLEBY, David; PLUIJMAKERS, Jolanda. Separation anxiety in dogs. The function of homeostasis in its development and treatment. Vet. Clin. Small Anim., v. 33, p. 321-344, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0195-5616(02)00101-8. Acesso em: 13 jan. 2023.

SCHWARTZ, Stefanie. Separation anxiety syndrome in cats: 136 cases (1991–2000). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 220, n. 7, p. 1028-1033, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.2460/javma.2002.220.1028. Acesso em: 11 jan. 2023.

FLANNIGAN, Gerrard; DODMAN, Nicholas H. Risk factors and behaviors associated with separation anxiety in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 219, n. 4, p. 460-466, 2001. Disponível em: https://doi.org/10.2460/javma.2001.219.460. Acesso em: 14 jan. 2023.

LANDSBERG, Gary Michael et al. Assessment of noise-induced fear and anxiety in dogs: Modification by a novel fish hydrolysate supplemented diet. Journal of Veterinary Behavior, v. 10, n. 5, p. 391-398, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jveb.2015.05.007. Acesso em: 11 jan. 2023.

BERNET, François et al. Diazepam-like effects of a fish protein hydrolysate (Gabolysat PC60) on stress responsiveness of the rat pituitary-adrenal system and sympathoadrenal activity. Psychopharmacology, v. 149, p. 34–40, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s002139900338. Acesso em: 14 jan. 2023.

SHERMAN, Barbara L.; MILLS, Daniel S. Canine Anxieties and Phobias: An Update on Separation Anxiety and Noise Aversions. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 38, n. 5, p. 1081-1106, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.cvsm.2008.04.012. Acesso em: 13 jan. 2023.

OGATA, Niwako. Separation anxiety in dogs: What progress has been made in our understanding of the most common behavioral problems in dogs?. Journal of Veterinary Behavior, v. 16, p. 28-35, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jveb.2016.02.005. Acesso em: 11 jan. 2023.

NEVES, Anna Paula Oliveira et al. Síndrome de ansiedade de separação em cães no período pré e durante o isolamento social. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, v.5, n.3, p. 3455-3475, 2022. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJAER/article/view/52657. Acesso em: 11 jan. 2023.

BOWEN, Jonathan et al. The effects of the Spanish COVID-19 lockdown on people, their pets, and the human-animal bond. Journal of Veterinary Behavior, v. 40, p. 75-91, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jveb.2020.05.013. Acesso em: 15 jan. 2023.

MOYA, Carla Fredrichsen; MARCHESE, Amanda Filus. Impactos da pandemia do coronavírus no bem-estar animal. PUBVET, v. 16, n. 1, p. 91, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.31533/pubvet.v16nsup1.a1311.1-5. Acesso em: 15 jan. 2023.