Particularidades nutricionais dos felinos: cuidados no planejamento alimentar

Particularidades nutricionais dos felinos: cuidados no planejamento alimentar

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Gatos domésticos apresentam necessidades específicas que devem ser levadas em consideração em seu sua dieta. Conheça abaixo quais são essas especificidades

Os felinos de estimação apresentam diversas particularidades nutricionais inerentes à sua espécie. Estas características determinam o perfil nutricional adequado para estes animais, e devem ser consideradas na elaboração de um plano alimentar que promova saúde no curto, médio e longo prazo.

Assim como cães, gatos necessitam de uma alimentação completa e balanceada para a manutenção da saúde. Diariamente, devem receber cerca de 45 nutrientes que irão desempenhar funções essenciais no organismo.

Principais particularidades dos felinos

  • Alta exigência de proteínas

Os gatos são considerados carnívoros estritos. Apresentam maior atividade de enzimas responsáveis pelo catabolismo proteico e alta atividade das vias gliconeogênicas, além da baixa atividade das enzimas amilase pancreática e glicoquinase. Estas características metabólicas tornam sua necessidade proteica de duas a três vezes maior do que a do cão.  Além disso, sua anatomia oral, com a presença de caninos bem desenvolvidos e menor número de dentes pré-molares e molares, reflete maior habilidade em rasgar e mastigar tecidos musculares e menor habilidade para triturar alimentos vegetais mais fibrosos.

Para compreender melhor a natureza felina, conversamos com Priscila Rizelo, médica-veterinária e Coordenadora de Comunicação Científica na Royal Canin, que nos explica que os felinos domésticos ainda conservam muitas características de seus ancestrais selvagens, e isso ainda se reflete em suas particularidades nutricionais. “A meta de ingestão de macronutrientes na dieta dos felinos é de aproximadamente 52% da ingestão calórica diária oriunda de proteínas, 36% de gorduras e apenas 12% de carboidratos”, diz Priscila.

A formulação do alimento também está diretamente relacionada à palatabilidade da dieta. Os felinos domésticos apresentam olfato muito aguçado e paladar pouco desenvolvido. Isso significa que, além de atender às necessidades metabólicas, o perfil de macronutrientes também exerce efeito aromático e é importante para determinar a aceitação do alimento pelo gato.

Ainda no que diz respeito às proteínas, além dos aminoácidos essenciais à dieta tanto de cães como de gatos, os felinos também necessitam receber adicionalmente pela dieta o aminoácido taurina. Priscila explica que este aminoácido essencial pode ser obtido de fontes de proteína de origem animal ou sintética, e é essencial para a manutenção da função cardíaca, visão e reprodução dos gatos.

  • Baixa ingestão hídrica

Os gatos têm como ancestrais os felinos do deserto. Por este motivo, são animais que ingerem pouca quantidade de água, sendo a maior parte ingerida pelo consumo das suas presas. Os gatos domésticos conservam essa característica, desafiando tutores e médicos-veterinários a adotarem estratégias para estimular o aumento da ingestão hídrica. Uma das formas é o oferecimento de dieta úmida, que contém grande quantidade de água em sua composição, sendo uma estratégia eficaz para aumentar a ingestão hídrica diária.

  • Ácidos graxos essenciais

Além dos ácidos graxos ômega-3 EPA e DHA, encontrados em fontes marinhas e que são essenciais na dieta tanto de cães como de gatos, os felinos precisam receber adicionalmente por meio da dieta o ácido araquidônico (ômega-6), pois apresentam ausência da enzima delta-6-dessaturase que é capaz de sintetizar este nutriente no organismo. O ácido araquidônico é encontrado em fontes animais terrestres e é obrigatório na dieta para esta espécie.

  • Vitamina A

Diferente dos cães, gatos não conseguem converter beta-caroteno em vitamina A devido à baixa atividade das dioxigenases, enzimas responsáveis por este processo metabólico. Por este motivo, a vitamina A deve ser fornecida obrigatoriamente por meio do alimento para estes animais.

Diferenças nutricionais entre raças

Algumas raças de gatos possuem particularidades físicas, anatômicas e metabólicas, e por este motivo apresentam necessidade de ajustes nutricionais em sua dieta. Priscila explica: “Como exemplo, podemos citar o gato Persa, que é braquicefálico e apresenta método sublingual de preensão do alimento. Por conta destas características únicas, foi desenvolvido um croquete de formato específico para a raça, o que possibilitou que o alimento se tornasse mais palatável e proporcionou refeições mais agradáveis.”

Com o desenvolvimento do alimento específico para a raça, também foi possível atender às suas demais necessidades, como saúde da pele, beleza da pelagem e prevenção da formação de bolas de pelos.

Outro exemplo são os gatos da raça Maine Coon, considerada a maior raça de gatos domésticos. Animais desta raça possuem predisposição a doenças cardíacas e apresentam ossos e articulações sensíveis, por causa de seu tamanho. “O alimento específico para a raça atende a essas necessidades, fornecendo nutrientes específicos para manutenção da pele e pelagem saudáveis, suporte a ossos e articulações e nutrientes que contribuem para a manutenção da saúde cardíaca”, diz Priscila.

Diferenças entre etapas de vida

As diferenças nutricionais de acordo com as etapas de vida dos pets já são bastante conhecidas pela ciência. Filhotes em crescimento apresentam alta exigência de nutrientes para suportar seus tecidos em formação. Priscila ainda explica que o crescimento deve ser faseado em 2 períodos, sendo o primeiro de 1 a 4 meses de idade, e o segundo de 4 a 12 meses de vida, onde a velocidade e intensidade do crescimento são diferentes.

Animais adultos requerem nutrientes que promovam manutenção da saúde, contribuam para minimizar sensibilidades e também para evitar o desenvolvimento de doenças às quais são predispostos. Priscila afirma: “Neste sentido, a castração é um dos principais fatores que influenciam na escolha do alimento. Gatos castrados possuem como principal benefício a maior expectativa de vida, mas sofrem maior risco de obesidade e urolitíase. Por isso, adequar sua alimentação é importante.”

Animais idosos também se beneficiam de nutrientes específicos que colaboram para o retardo do surgimento dos sinais de envelhecimento. O avanço da idade nos gatos pode ser dividido em 2 fases: (1) a partir dos 7 anos de idade e (2) a partir dos 12 anos de idade. Priscila conclui: “Na primeira fase, pode-se observar ainda possível ganho de peso, enquanto na segunda fase eles tendem a sofrer perda de massa muscular, além de aumentar a suscetibilidade às doenças senis”.

Qual o ponto de vista da Royal Canin no desenvolvimento de alimentos para gatos?

A compreensão profunda das necessidades dos gatos é o que possibilita formulação que apresente alta precisão nutricional. Todas as fórmulas têm embasamento científico, em colaboração com institutos de pesquisa, médicos-veterinários, criadores e especialistas comportamentais, além de manter um diálogo contínuo com os tutores em todo o mundo.

Os alimentos para gatos da ROYAL CANIN® são desenvolvidos através de ciência e observação. As reais necessidades dos animais estão sempre em primeiro lugar. “Nosso objetivo é desenvolver alimentos que levem saúde através da nutrição a fim de proporcionar bem-estar, qualidade de vida e longevidade aos gatos domésticos”, completa Priscila.

Para facilitar o momento da prescrição, acesse a Calculadora para Prescrições. A ferramenta auxilia na recomendação nutricional e no cálculo de alimento de acordo com o quadro específico do paciente