Mercado pet em expansão: Brasil cresce no ranking mundial de pet food

Mercado pet em expansão: Brasil cresce no ranking mundial de pet food

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País atinge R$27,2 bilhões de faturamento no segmento pet no ano de 2020; setor pet food representa mais de 75% do total

O setor pet é essencial para a economia e emprega mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. Nos últimos anos, esse mercado apresentou bons resultados. De acordo com dados da Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), a indústria pet no Brasil faturou, em 2020, R$ 27,2 bilhões.

Com isso, o Brasil ocupa a 7ª posição em faturamento no ranking global, representando 3,9% do total de 145,8 bilhões de dólares faturados no mundo. O topo do ranking mundial pertence aos Estados Unidos, que representa 40% deste total (Figura 1).

números do mercado pet food
Figura 1: Faturamento global do mercado pet e participação de alguns países em termos percentuais. O Brasil representa a 7ª posição. Fonte: ABINPET, 2021.

Diversos são os fatores que impulsionam os números desse mercado. O aumento da população pet, que já vinha acontecendo de forma voluntária no Brasil antes mesmo da pandemia da COVID-19, se intensificou. Com as medidas restritivas para tentar conter o avanço do coronavírus e a necessidade de isolamento social, por exemplo, muitas pessoas se sentiram estimuladas a adquirirem um pet para a companhia.

Paralelo a isso, nas últimas décadas vem se observando um fenômeno de humanização dos pets, que passaram a conviver mais próximos de seus tutores e a ser tratados de forma mais íntima e familiar. Como membros da família, recebem tratamento especial e cuidados que vão cada vez mais além de suas necessidades básicas.

População de cães e gatos no Brasil

O número de pets no mundo já chegou a impressionante marca de 1,6 bilhões de indivíduos. A população pet no Brasil é de aproximadamente 141,6 milhões de animais, sendo 55,1 milhões de cães e 24,7 milhões de gatos.

De acordo com um levantamento da Abinpet, entre todos os domicílios brasileiros localizados na área rural, 65% têm pelo menos um cão, enquanto a proporção de lares com ao menos um cão na zona urbana é de 41%.

Embora os cães ainda liderem a preferência nacional, os gatos estão ganhando cada vez mais espaço com o passar dos anos. A população felina no país cresceu em ritmo mais acelerado do que a população canina no período de 2019 a 2020 (3,6% vs. 1,5%, respectivamente). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa é de que a população de gatos domésticos alcance a marca de 30 milhões de indivíduos até 2022.

Segmentos do mercado pet no Brasil

De acordo com a Abinpet, o mercado pet pode ser dividido em três segmentos distintos – Pet Food, Pet Vet ou Pet Health e Pet Care – e todos apresentaram resultados positivos em 2020. Dados apontam crescimento de 24% no setor de Pet Food, 18% em Pet Vet e 9,5% em Pet Care. Eles representam faturamento de 75%, 17% e 8%, respectivamente, do total do mercado (Figura 2).

Dados de faturamento da indústria pet no Brasil em 2020
Figura 2: Faturamento da indústria pet no Brasil em 2020. Pet food representou 75% do total, enquanto Pet Vet (serviços veterinários) e Pet Care (cuidados para o animal) representaram 18% e 9,5% do mercado, respectivamente. Fonte: ABINPET, 2021.

Outro dado interessante é que, segundo a revista Cães e Gatos, no Brasil há 272 mil estabelecimentos do setor pet, sendo que 62,1% compreendem pontos de vendas como pet shops, consultórios e clínicas veterinárias e o varejo de alimentos. O restante dos estabelecimentos é composto por indústrias (0,2%) e criadores profissionais (38,6%).

Confira a seguir um pouco mais sobre cada um dos três principais segmentos citados.

Pet Food

O mercado pet food compreende toda a cadeia de alimentos produzidos para pets. Inclui alimentos completos e balanceados de diversas categorias, assim como alimentos específicos, suplementos e nutracêuticos, fabricados em ambiente industrial ou não. Como mostrado no gráfico acima, é o setor de maior representatividade da indústria pet, correspondendo a 75% do faturamento total do país.

A recente portaria 196 publicada em 8 de Janeiro de 2021 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) passou a isentar de registro junto ao órgão estabelecimentos que produzem alimentos caseiros congelados ou desidratados para animais de estimação. Com isso, o número de empresas e microempreendedores fabricantes de alimentos para gatos e cães irá crescer em ritmo ainda mais acelerado. É de extrema importância que tutores e médicos-veterinários estejam atentos no momento da escolha do melhor alimento para seus pets, para que possam basear suas escolhas em opções seguras, saudáveis e de qualidade.

Pet Health

A medicina veterinária só foi regulamentada no Brasil em 1933. Desde então, o segmento Pet Health, ou Pet Vet, se desenvolve significativamente na medida em que o conhecimento é cada vez mais difundido entre as mais diversas áreas da saúde animal.

O Brasil é o país com o maior número de faculdades de medicina veterinária no mundo. Ainda que o grande número de profissionais sendo formados anualmente seja parcialmente justificado pela alta demanda de serviços médicos, é importante ressaltar que o mercado necessita cada vez mais de profissionais capacitados e com conhecimento especializado.

Os avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas contribuem para a prática altamente especializada da área, assim como a realização de exames mais complexos e da utilização de equipamentos cirúrgicos mais modernos, que proporcionam maior segurança aos pets.

Pet Care

Como citado anteriormente, o fenômeno de aproximação dos tutores aos seus pets abre muitas portas para que novos produtos e serviços sejam desenvolvidos para suprir esta demanda. Gatos e cães passaram a ter não somente suas necessidades básicas atendidas, mas também cuidados especiais com alimentação, vestuário, higiene, brinquedos e serviços de hotel, delivery, entre outros.

Observando esta necessidade, muitos estabelecimentos passaram a adotar o conceito pet friendly, que permite aos tutores levarem seus animais de companhia em suas atividades cotidianas, como, por exemplo, passear no shopping ou almoçar em um restaurante.

O que esperar para o futuro do mercado pet?

Apesar do atual cenário de crise política, sanitária e econômica instalado no Brasil, o mercado pet continua aquecido. Há perspectivas otimistas para o contínuo e acentuado crescimento do setor no Brasil e no mundo. De acordo com o Instituto Pet Brasil, o mercado deve apresentar crescimento de 6% no ano de 2021. Uma publicação da revista Forbes afirma que a expectativa é que o mercado brasileiro tenha uma expansão de aproximadamente 42,7% até 2025.

Uma coisa é certa: o fenômeno pet veio para ficar. Ainda que o Brasil esteja passando por um período de recessão, para os próximos anos espera-se que os diversos segmentos do mercado pet continuem apresentando tendência de alta.

Influências da pandemia do coronavírus

É certo que a pandemia da COVID-19 aumentou ainda mais o convívio entre tutores e pets e estimulou a economia do setor. Mas se por um lado foi possível observar o aumento da população de animais domésticos (seja por compra ou adoção), o número de abandonos também vem aumentando, o que torna o cenário preocupante.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, no Brasil, existem cerca de 30 milhões de animais abandonados; desse total, 10 milhões são gatos, e 20 milhões, cães. Uma publicação da Folha de São Paulo afirma que, após onda de adoções, o abandono de animais domésticos durante a pandemia disparou 70%, de acordo com pesquisas conduzidas pela Ampara Animal em mais de 530 abrigos de gatos e cães.

Se por um lado se observa no Brasil uma espécie de obsessão por pets, que passaram a ser verdadeiros membros da família, por qual motivo há tantos animais abandonados? Diversos fatores podem estar envolvidos nesta equação. O desemprego, a falta de renda, a necessidade de voltar ao trabalho nos escritórios e outros interesses humanos pavimentaram o triste caminho do abandono.

A relação homem-animal traz inúmeros benefícios a ambos, mas compreender os verdadeiros motivos e condições de compra ou adoção de um pet são de extrema importância neste contexto. A posse responsável e a conscientização da população devem ser trabalhadas e incentivadas para que o crescimento do mercado seja acompanhado de um cenário de maior equilíbrio e bem-estar para os pets.

Referências bibliográficas

Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação. ABINPET, 2021.

BÚSSOLA. Por que a crise não atinge o mercado pet, com alta de 13,5% durante a pandemia? Revista Exame, 2021. Disponível em: <https://exame.com/bussola/bussola-live-economia-animal-o-crescimento-do-mercado-pet-no-brasil/>. Acesso em 05 Nov 2021.

LUCIENE, M. Brasil torna-se o segundo maior mercado de produtos pet. Revista Forbes, 2020.
Disponível em: <https://forbes.com.br/principal/2020/08/brasil-torna-se-o-segundo-maior-mercado-de-produtos-pet/>. Acesso em: 05 Nov 2021.

OLIVEIRA, R. Após onda de adoções, abandono de animais domésticos dispara 70% na pandemia. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/02/apos-onda-de-adocoes-abandono-de-animais-domesticos-dispara-70-na-pandemia.shtml>. Acesso em: 05 Nov 2021.

STASIENIUK,E.; BARBI,L. O que esperar do mercado pet food brasileiro em 2021. Disponível em: <https://www.editorastilo.com.br/o-que-esperar-do-mercado-pet-food-brasileiro-em-2021/>. Acesso em 05 Nov 2021.