Alimentação e nutrição do filhote felino

Alimentação e nutrição do filhote felino

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A atenção ao manejo nutricional começa ainda na gestação e demanda cuidados especiais ao longo do desenvolvimento dos filhotes; saiba mais

O período de crescimento e desenvolvimento de filhotes felinos constitui-se em um momento de estresse fisiológico no qual cuidados específicos são necessários, e dentre eles, a alimentação e a nutrição requerem atenção especial.

O acompanhamento deve começar ainda antes do filhote nascer e seguir em diversos momentos de seu desenvolvimento. Entenda todos os pontos de atenção em cada fase e o papel da nutrição para o filhote.

Gestação e período pré-natal

A saúde do filhote felino começa na clínica veterinária com o acompanhamento da gestação da mãe. O cuidado pré-natal adequado está intimamente ligado ao nascimento de filhotes hígidos e diminuição da mortalidade dos neonatos. Uma fêmea saudável, com bom escore de condição corporal, e que receba nutrição adequada durante a gestação provavelmente irá gerar filhotes mais fortes e saudáveis.

Ao contrário da cadela, o ganho de peso da gata durante a gestação cresce de forma linear, com início na 2ª semana após a fecundação. As necessidades energéticas das gatas aumentam de 25-50% durante a gestação e até 100-200% durante a lactação, quando comparadas às necessidades em manutenção. Neste período, é importante fornecer alimento com alto teor energético e com nutrientes específicos para que a gata possa criar as reservas que serão utilizadas intensamente durante a gestação e a lactação.

A gestação na gata ocorre geralmente durante um período de 65 dias e pode ser confirmada por meio de exame ultrassonográfico a partir da 2ª semana de gestação. Na última semana, é comum observar tendência à redução no consumo calórico, e isso está relacionado com o aumento de volume do útero.

Neonatos

Nesse período, a imaturidade de várias vias fisiológicas associadas à quebra das barreiras físicas, químicas e microbiológicas representadas pelo ambiente uterino faz do neonato um animal vulnerável às circunstâncias externas e mais propenso às desordens infecciosas e metabólicas, como a hipotermia, a desidratação e a hipoglicemia.

Durante as primeiras 36 primeiras horas após o parto, a gata produz o colostro, uma secreção láctea produzida pelas glândulas mamárias que é rica em imunoglobulinas e que confere imunidade passiva aos filhotes por meio da transferência de anticorpos. É de extrema importância que os filhotes ingiram o colostro, principalmente nas primeiras 24 horas de vida, pois neste período estes animais apresentam maior permeabilidade intestinal, uma vez que os níveis de enzimas responsáveis pela assimilação das proteínas ainda é baixo. Com isso, os enterócitos facilitam a passagem das imunoglobulinas diretamente para a circulação sistêmica.

Após 36 horas, a gata produz o leite, que será a única fonte de energia e nutriente nas primeiras semanas de vida dos filhotes. A composição do leite de gatas é influenciada por fatores como dieta, estágio da lactação, tamanho da ninhada e posição das glândulas mamárias.

Durante a lactação, as gatas são incapazes de suprir suas necessidades energéticas elevadas e utilizam sua reserva de gordura que, por sua vez, precisa ter ocorrido ao longo da gestação. É esperado, portanto, que as gatas percam peso nessa fase.

Desmame

O desmame é a transição gradual da alimentação láctea para uma alimentação sólida, e ocorre por volta da 3ª à 8ª semana de vida do filhote. Neste momento, há redução da atividade da enzima lactase e baixa quantidade da enzima amilase, fatores que caracterizam o período de digestão sensível dos filhotes. Neste período, o filhote passa a ter necessidades nutricionais cada vez maiores, e a alimentação materna passa a ser insuficiente para suprir essas exigências.

Na fase de desmame, é recomendado primeiramente introduzir alimento pastoso por alguns dias, e posteriormente alimento sólido, com objetivo de auxiliar neste período de adaptação às mudanças alimentares.

Crescimento e desenvolvimento

O desenvolvimento dos filhotes felinos ocorre em duas fases distintas:

Primeira fase (do nascimento até os 4 meses de idade)

Período de crescimento intenso e velocidade crescente, no qual o filhote pode atingir até 50% do seu peso quando adulto. Nesta fase, há grande demanda energética, de proteínas e gorduras, principalmente para estimular as defesas naturais dos filhotes e suportar a síntese adequada dos tecidos.

Segunda fase (de 4 a 12 meses de idade)

Período de crescimento mais lento no qual se atinge o ganho dos outros 50% de peso da fase adulta. O filhote continua crescendo, porém em uma velocidade menor. A estrutura óssea está quase finalmente formada, e nesta fase o filhote está desenvolvendo sua musculatura de forma mais intensa.

No quadro abaixo é possível resumir as principais características de cada etapa do período de gestação, lactação e crescimento dos felinos:

Quadro 1: Necessidades específicas de cada etapa da reprodução de felinos domésticos

O papel da nutrição

Além de atender às intensas demandas energéticas e nutricionais das mães e de sua ninhada, o alimento também deve conferir alta palatabilidade e digestibilidade. Desta forma, é possível reduzir os riscos de subdesenvolvimento, baixa imunidade e desarranjos gastrointestinais, garantindo o desenvolvimento saudável e harmonioso dos filhotes de gatos.

A importância da variedade

Oferecer alimento com variedade de texturas e perfis aromáticos diferentes certamente ajudará a evitar que os gatos se tornem muito exigentes quando adultos. A exposição à variedade no início da vida pode resultar em gatos mais receptivos a diferentes tipos de dieta quando adultos e ainda ajuda a evitar aversões se houver a necessidade de troca de dieta no futuro.

Particularidades dos felinos

Ao contrário dos cães, os gatos são considerados carnívoros estritos. Isso requer adaptações na formulação dos alimentos para que estes possam suprir adequadamente suas reais necessidades tanto no período em que ainda são filhotes, como também na fase adulta. Como exemplo podemos citar a taurina, que é um aminoácido de origem animal essencial na dieta de felinos, uma vez que a espécie não consegue utilizar qualquer outro aminoácido para a formação dos sais biliares. Todas as exigências específicas dos felinos constam nas diretrizes nutricionais globais e devem ser rigorosamente seguidas na formulação de alimentos destinados a esses animais.

A ROYAL CANIN® oferece um portfólio completo de alimentos úmidos e secos formulados exclusivamente para promover saúde a gatas gestantes, lactantes, e filhotes desde o nascimento até a fase adulta.

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Referências bibliográficas

CRESPILHO, A. M.; MARTINS, M. I. M.; SOUZA, F. F.; LOPES, M. D.; PAPA, F. O. Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: particularidades farmacocinéticas. In: Revista Brasileira de Reprodução Animal. Belo Horizonte, 2006.

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LEWIS, L. D.; MORRIS JR, M., HAND, M.S. Small Animal Clinical Nutrition. Topeka, 1994.

PRATS, A. Período neonatal. In: Neonatologia e pediatria: canina e felina. São Caetano do Sul: Interbook, 2005.