Principais aspectos da enteropatia inflamatória em cães

Principais aspectos da enteropatia inflamatória em cães

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A enteropatia inflamatória engloba doenças gastrointestinais crônicas com sinais de inflamação. Saiba mais sobre a doença, seus principais sinais clínicos, formas de prevenção e a importância do manejo nutricional para o seu tratamento em cães. 

O que é a enteropatia inflamatória nos cães? 

A enteropatia inflamatória – ou doença inflamatória intestinal – é o termo utilizado para designar as doenças intestinais crônicas, caracterizadas por sinais gastrointestinais persistentes ou recorrentes e inflamação. 

São distúrbios de doença gastrointestinal de causa indeterminada, associados a evidências histológicas de infiltração inflamatória da mucosa do intestino delgado e/ou grosso. 

Principais sinais clínicos em um cão com enteropatia inflamatória 

Os sinais clínicos da enteropatia inflamatória podem incluir: 

  • vômitos; 
  • diarreia; 
  • melena e hematoquezia; 
  • perda de peso; 
  • hiporexia a anorexia, em qualquer combinação. 

Alguns cães com enteropatia inflamatória também podem apresentar sinais clínicos de progressão da doença, como edema subcutâneo, derrame pleural e ascite associado com hipoalbuminemia. A presença de sinais clínicos contínuos, com duração maior que 3 semanas, é a base da classificação de uma enteropatia crônica.  

Com isso em mente, é importante o médico-veterinário obter um histórico completo, que permita a consideração de diferenciais e a determinação de um plano diagnóstico apropriado. Para esta avaliação, é essencial contar com informações como (Simpson, 2015; Garraway, et. al., 2018): 

  • caracterização dos sinais clínicos; 
  • duração dos sinais; 
  • dieta do animal; 
  • terapias já realizadas; 
  • e as respostas obtidas às terapias realizadas. 

Etapas do diagnóstico 

O diagnóstico da enteropatia inflamatória envolve algumas etapas (Quadro 1) entre identificação dos sinais crônicos gastrointestinais; triagem e exclusão de outras patologias; e o diagnóstico definitivo, que deve incluir a realização de um exame histopatológico.  

Isso porque, dentre os exames laboratoriais, o exame histológico é considerado padrão ouro para o diagnóstico de enteropatia inflamatória.  

É a partir da histopatologia da mucosa intestinal que o infiltrado celular será identificado e classificado de acordo com o tipo celular predominante. Na clínica de pequenos animais, o infiltrado mais comum é o linfoplasmocitário, sendo que outros tipos celulares como neutrofílico, eosinofílico e granulomatoso também podem ocorrer (Marques, et. al., 2021). 

Enteropatia inflamatória em cães
Quadro 1. Etapas de diagnóstico da enteropatia inflamatória (Simpson, 2015; Garraway, et. al., 2018)

Diagnóstico diferencial 

O diagnóstico diferencial da enteropatia inflamatória deve ser baseado em (Garraway, et.al., 2018): 

  • presença de sinais gastrointestinais persistentes (>3 semanas); 
  • incapacidade de identificar enteropatógenos ou outras causas de doença gastrointestinal; 
  • evidência histopatológica de inflamação intestinal. 

O médico-veterinário deve fazer o diagnóstico de exclusão de condições que podem parecer com a enteropatia inflamatória por meio de exame clínico completo, além de testes laboratoriais.  

Para uma maior compreensão, no Quadro 2 temos uma lista de diagnósticos diferenciais de enteropatia inflamatória das causas gastrointestinais e extra gastrointestinais. 

Enteropatia inflamatória em cães
Quadro 2. Diagnóstico diferencial para enteropatia inflamatória (Garraway, et.al., 2018)

Como é feito o tratamento da enteropatia inflamatória? 

O tratamento de pacientes com enteropatia inflamatória é realizado não só para corrigir as possíveis deficiências (como cobalamina), mas também para neutralizar o quadro de disbiose e o processo inflamatório do trato gastrointestinal. 

A abordagem terapêutica para cães com enteropatia inflamatória é determinada a partir de diferentes fatores, como (Simpson, 2015):  

  • suspeita de algum problema relacionado com a raça; 
  • gravidade da doença (caracterizada pelos sinais clínicos, pelas concentrações de albumina e cobalamina e pelo aspecto endoscópico); 
  • tipo de infiltrado celular;  
  • presença de bactérias ou fungos;   
  • existência de alterações estruturais (como atrofia, ulceração, linfangiectasia e/ou cistos nas criptas). 

Os cães com quadro clínico de enteropatia inflamatória leve a moderada que possuam níveis normais de albumina devem ser, primeiro, tratados com alteração de dieta e antibioticoterapia. Caso não respondam ao tratamento inicial, o médico-veterinário deve iniciar uma terapia imunossupressora (Tabela 1). 

Enteropatia inflamatória em cães
Tabela 1. Dosagens de medicamentos para tratamento de enteropatias inflamatórias (Garraway, et.al., 2018).

Com relação a alteração da dieta, o médico-veterinário pode realizar alguns ensaios terapêuticos, conforme descrito na Tabela 2. (Simpson, 2015; Garraway, et.al., 2018). 

Enteropatia inflamatória em cães
Tabela 2. Ensaios terapêuticos com a dieta (Simpson, 2015)

Formas de prevenção 

A manifestação da enteropatia inflamatória ocorre por diversos fatores, sendo um dos principais a predisposição genética. Uma vez que o cão possua o diagnóstico, o tutor deve seguir as orientações do médico-veterinário com objetivo de prevenir a recidiva dos sinais clínicos. 

O fornecimento de alimento hipoalergênico, a prescrição de suplementos como prebióticos, probióticos e simbióticos são alguns dos elementos que irão contribuir para saúde do trato gastrointestinal (Marques, et.al., 2021). 

A importância da nutrição balanceada 

O manejo a longo prazo do cão com enteropatia inflamatória é realizado com dietas hipoalergênicas, consideradas dessa forma porque o processamento de proteínas hidrolisadas quebra as estruturas proteicas, limitando, assim, os alergênicos e epítopos alergênicos existentes; o que torna extremamente improvável que a dieta estimule o sistema imune (Ambrosini, et.al., 2021).

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Referências Bibliográficas 

Ambrosini, Y.M., Neuber, S., Borcherding, D., Seo, Y.J., Segarra, S., Glanemann, B., Garden, O.A., Müller, U., Adam, M.G., Dang, V., Borts, D., Atherly, T., Willette, A.A., Jergens, A., Mochel, J.P., Allenspach, K. Treatment With Hydrolyzed Diet Supplemented With Prebiotics and Glycosaminoglycans Alters Lipid Metabolism in Canine Inflammatory Bowel Disease. Front Vet Sci. v.30, n.7, 2020. Acesso em: 23/09/2023 

Collins, M.T. Canine inflammatory bowel disease: current and prospective biomarkers for diagnosis and management. Compend Contin Educ Vet. v. 35, n. 3, 2013. Acesso em: 22/04/2023  

Garraway, K.,  Allenspach, K., Jergens, A. Inflammatory Bowel Disease in Dogs and Cats. TVP Jornal, 2018. Acesso em: 23/09/2023 

Marques, M. L. O., Duarte, F. L., Simone, T. N., da Silva, C. C., Alves, C. J.W. Doença inflamatória intestinal: Revisão. Pubvet, v.15, n.12, 2021. Acesso em: 22/09/2023 

Simpson, K. Tratamento da doença inflamatória intestinal canina. Veterinary Focus, v. 23; n. 2, 2013 / Versão Brasileira: jan. 2015