O metabolismo das fibras e do carboidrato para o paciente diabético

O metabolismo das fibras e do carboidrato para o paciente diabético

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Introdução

Os carboidratos constituem a principal fonte de energia utilizada pelos seres vivos. A glicose é a base para a síntese de formas mais complexas de carboidratos e energia. Os carboidratos também possuem um papel importante na manutenção da integridade do trato digestório, por meio do consumo de alimentos ricos em fibras e, no fornecimento de energia para o cérebro e sistema nervoso. No organismo, a glicose é utilizada pelas células para produção de ATP. Cada grama de carboidrato fornece 4 kcal.

Metabolismo natural do carboidrato

Os carboidratos são utilizados pelas células geralmente na forma de glicose, sendo parte oxidada através do ciclo do ácido cítrico para o fornecimento de energia aos tecidos. O excesso de glicose é convertido em glicogênio ou ácidos graxos (reserva energética durante o jejum).

Após a digestão e a absorção dos carboidratos, a glicose, a galactose e a frutose são transportadas para o fígado, onde serão distribuídas para as células e utilizadas como fonte de energia (ATP). Também há a opção de armazenamento em forma de glicogênio, ou produção de ácido lático e gordura.

O glicogênio é a principal forma de armazenamento dos carboidratos nos músculos e fígado. Após a ingestão de alimento pelo cão ou gato, há a liberação de insulina, hormônio produzido pelas células pancreáticas e ativação de receptores celulares para captação de glicose para os tecidos. Em períodos de jejum há redução da concentração sanguínea de glicose e inibição da insulina e o estímulo à liberação do glucagon. No período de jejum prolongado, quando as reservas de glicogênio já foram esgotadas, o organismo consegue utilizar as proteínas como fonte energética. Em cães, o transporte de glicose parece ser mais rápido do que em gatos e até em humanos.

Figura 1 Controle glicêmico no organismo

Índice glicêmico

O índice glicêmico pode ser definido como uma escala de resposta glicêmica a uma quantidade fixa de carboidrato. É influenciado pelo processamento dos alimentos, mastigação, resposta fisiológica e metabólica e pela composição do alimento, como o teor de fibras, proteínas e lipídeos.

O paciente diabético

O cão e o gato diabéticos podem apresentar deficiência relativa ou absoluta de insulina. Nestes casos, a glicose proveniente da dieta ou da gliconeogênese acumula-se na circulação sanguínea levando a quadros de hiperglicemia. Nos animais com deficiência de insulina, há menor captação de glicose e a mesma tem a sua entrada diminuída no centro de saciedade, no hipotálamo, levando à polifagia.
A presença de carboidratos de digestão lenta favorece a menor flutuação glicêmica pós-prandial e melhor ajuste entre absorção da glicose e a ação da insulina.

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